Minutos e Milênios ( A solidão da verdade )

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O homem estava sentado em um sofá esperando apenas o silêncio que poderia brevemente acalentá-lo daquelas sofridas notícias que surgiam todos os dias nos noticiários urbanos, suas mãos suavam dominadas por uma trêmula tristesa que se refletiam em ...

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O homem estava sentado em um sofá esperando apenas o silêncio que poderia brevemente acalentá-lo daquelas sofridas notícias que surgiam todos os dias nos noticiários urbanos, suas mãos suavam dominadas por uma trêmula tristesa que se refletiam em seus olhos, ouvia um samba enredo que lhe dizia para ter esperança e fé, olhava a janela do apartamento no centro onde as luzes que piscavam do lado de fora iluminavam um pouco a pequena sala, já balbuciava algumas palavras que divergiam, e questionava - se de onde tiraria forças para ainda ter esses sentimentos, como esperar algo de onde nada nasceria? Ele próprio não sabia responder naquele momento.
Deitou-se, os olhos já iam fechando, fecharam, saiu então pelas ruas, acima das árvores e sobre a cidade fria com os olhos bem abertos e os ouvidos atentos, uma chuva começou mas seu corpo não se molhava, não havia carne e a quietude abrandava sua alma, o silêncio já lhe trazia a segurança da solidão. Enquanto voava observava as pessoas que passavam por ele como se não existisse, estava invisível agora, a noite começava a tecer seus primeiros indícios que seria longa e interessante, pousou em um jardim onde percebeu a presença de outras pessoas, se dirigiu até elas sem entusiasmo, e então elas o viram, ficaram horas unificando seus pensamentos e lembrando de outros dias mais felizes, estavam todos de branco em meio aquele jardim extenso e vasto, brincaram, sorriram, caminharam e deram as mãos em um unipensamento, " acordar daquele sonho". O homem seguiu caminho e deixou aqueles que o queriam bem no jardim, precisava ir, o vento era forte, mas ele conseguiu chegar em outro lugar, estava sem iluminação lá, as pessoas ficavam nos becos, resolveu andar por aqueles lugares e foi quando a viu. Ela com asas e sem um sorriso aproximou-se calmamente e pediu para que ele a levasse dali, que o esperava naquele lugar faziam milênios, o homem olhou fixamente para aquelas asas e para os olhos negros que brilhavam com esperança, pegou em sua mão e voltaram até o jardim, ao chegar às pessoas não se indignaram e nem fizeram críticas pela falta de luz que havia nela ao ter aportado naquele jardim. Colocaram-na sentada no vasto lugar e pediram para que ela deitasse e fechasse os olhos.
Quando acordou estava sentada em um sofá em um lugar desconhecido e inóspito para ela, um apartamento no centro onde as luzes que piscavam do lado de fora e iluminavam um pouco a pequena sala. Ficou sentada lá por algumas horas, suas pernas e braços não se mexiam, levaria algumas horas para andar. Ela agora sentia novamente a vibração do sangue correr em suas veias e a dor que aquele lugar lhe trazia, levantou e foi até a cosinha, bebeu um gole d'água e imadiatamente chorou, o sabor daquela água era mais forte do que um dia conhecera, voltando a sala próxima as luzes ela sentou no pequeno sofá e então lembrou-se do lugar 

" Naquele dia fiquei imóvel ao ver o que havia visto, aquele homem com uma arma apontada para meu rosto descontrolado devido aos problemas mundanos,  sem controle atirou!, me privou dos momentos terrenos, lembrei-me desse lugar, mas não sinto o ódio que antes sentia,  foi aqui que vivi e morri a muito tempo atrás"
e adormeceu.

Voltou ao jardim e ele a esperava com um sorriso o qual ela nunca havia visto, suas asas começavam a clarear e seu olhar ficava mais brando, era visível que ela ficaria naquele lugar e não voltaria para onde estava , ouviu as voz do homem pedir
" Me perdoe meu amor eu voltarei pra te ver "
ficou observando o homem sair do jardim e ir embora. Ela não se lembrava, criou forças e foi até lá de novo, o dia já estava nascendo.
As luzes ainda piscavam e o dia dava indícios que nasceria em breve, e ele permaneceria lá, até que conseguisse dormir e sonhar novamente, levantou-se foi até a cozinha e sem querer derrubou um copo de água que estava em cima da mesa, sentiu frio naquele momento que surgiu com um sentimento alarmante de felicidade de outros dias, sentiu a fragrância do seu perfume, ela estava ali, as pupilas atentas procuravam o que ver, mas ele sabia que nada veria, era apenas um sentido que fazia-se presente, perguntou em tom baixo, " Gostou do Jardim? ", a porta bateu fortemente, a resposta era positiva, foi até o quarto, pegou sua arma, apontou para cabeça, não tinha coragem de tirar a própria vida, mas tinha a certeza que agora a veria naquela noite, naquele jardim, e que os milênios temporais daquele jardim,  nunca seriam os minutos contados que haviam sido vividos ali.

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