Sam acordou. Sua cabeça doía muito. Aos poucos sua visão ficou menos embaçada e ele pode ver direito o lugar onde se encontrava. Era um cômodo mal iluminado, que fedia a sangue e mofo. Ele reconheceu imediatamente o quarto de sua visão.
Ainda meio zonzo, tentou se levantar, mas percebeu que não podia. Só então se deu conta de que estava amarrado contra uma pilastra de madeira.
— Sammy? – Ouviu uma voz fraca vinda do canto oposto da sala. Foi difícil localizar devido a falta de luz, mas finalmente o viu, amarrado a uma pilastra no canto oposto da sala.
— Dean – Exclamou, aliviado ao ver que o irmão estava vivo.
— Não, Chapeuzinho Vermelho. – respondeu Dean com o costumeiro sarcasmo, apesar do cansaço em sua voz diminuir um pouco a eficiência disso. – Então, maninho, quer me explicar como você veio parar no mesmo buraco que eu?
— Estava te procurando. – Respondeu o mais jovem um pouco envergonhado.
— Não é por nada não, mas você tem que melhorar suas habilidades de resgate. – Dean brincou, como se pudesse ler seus pensamentos.
— Tenho que concordar com você. – Sam sorriu. Uma pontada de dor passou por sua cabeça fazendo-o gemer.
— Você está Bem?
— Sim – Respondeu o mais novo – Acho que sou eu quem devia estar fazendo essa pergunta.
— Eu estou bem – Dean afirmou, como era esperado, embora sua voz denunciasse a mentira. – Foi você quem ficou inconsciente o dia todo – Continuou.
— O dia todo? – Sam franziu a testa – Que horas são?
— Não sei. Vou perguntar para os Satanistas que nos prenderam aqui se eles não podem nos trazer um relógio. Um baralho de cartas também, quem sabe.
— Ok Dean, já entendi, foi uma pergunta estúpida.
Sam sorriu. Seu sorriso, no entanto, se apagou quando seus olhos pousaram na Camisa de Dean. Mesmo com a fraca iluminação, pode ver que estava encharcada de sangue
— Droga Dean, por que não disse que está ferido?
— Não é nada sério. – O mais velho respondeu com displicência, mas Sam se lembrou da visão e não comprou a mentira.
— Não minta pra mim, eu sei que é sério. Você tem um buraco em seu abdômen.
— Como... Como você sabe? – Dean estava surpreso.
— Eu tive... Você sabe... – Gaguejou Sam, tentando tirar a imagem terrível da mente.
— Uma visão? Você teve uma visão comigo? – O outro Perguntou e Sam apenas confirmou com a cabeça – Pelo o que conheço de suas visões elas não acabam bem não é? – Sam novamente assentiu, engolindo seco com a lembrança. – Você me viu morrer?
— Eu não vou deixar acontecer. – Respondeu Sam decidido. – Minha visão não vai acontecer. Eu não vou deixar você morrer.
— Esse é o meu garoto. – Dean sorriu, embora houvesse algo em sua voz que dizia que não estava cem por cento convencido. – Finalmente – Exclamou de repente.
Sam estava prestes a perguntar do que ele estava falando, quando percebeu que o irmão havia conseguido libertar as mãos. Ele ainda segurava o caco de vidro, que usara para cortar as cordas em sua mão sangrenta.
Com um esforço monumental, Dean conseguiu ficar em pé apoiando-se na pilastra em que estivera preso. Ele cerrou com força a mandíbula para evitar um grito de dor e cambaleou até onde Sam estava. Tentou se abaixar ao lado do irmão, mas uma onda tontura o fez cair.
— Dean? Você está bem? – Sam não conseguiu esconder a preocupação em sua voz.
— Magnífico. – Dean respondeu com um gemido de dor. Ele se pôs de joelhos com dificuldade e começou a cortar as cordas que prendiam Sam
Assim que sentiu suas mãos livres, Sam virou-se para encarar o irmão, que estava sentado no chão respirando pesadamente e apertava seu ferimento para diminuir um pouco o sangramento. Seu rosto estava pálido, exceto pelas manchas de sangue em alguns pontos.
— Dean – Chamou Sam colocando a mão sobre a testa do irmão. Estava quente e suada. – Você está queimando. Dean, fala alguma coisa, você ainda está comigo?
O caçador mais velho olhou para ele. Sam esperava um comentário sarcástico, uma piada, ou o clássico "Estou bem", mas ao invés disso, Dean o encarou com os olhos tristes por um momento, antes de dizer:
— Me desculpa Sam. – Apesar da voz fraca suas palavras foram claras.
— Desculpar você? Por que? – Alguma coisa na voz de Dean fez o peito de Sam se apertar.
— Por tudo. Jessica, a faculdade, te arrastar por aí... Se não fosse por minha causa você estaria em casa com sua namorada, estaria feliz.
— Dean, para, você não precisa pedir desculpas por nada. – Sam engasgou com as próprias palavras, sentindo a culpa por suas palavras de antes atingi-lo.
— Sim, eu tenho. Se eu não tivesse...
— Não. É. Sua. Culpa. – Interrompeu Sam, falando pausadamente – Sou eu quem tem que pedir desculpas. Te disse coisas horríveis.
— Você estava certo.
— Não, não estava. – Sam sacudiu a cabeça enquanto retirava sua camisa sobressalente para fazer um curativo improvisado no abdômen do irmão. – Eu só estava sendo um idiota. Você não me obrigou a ir naquela caçada, você não me obrigou a vir com você.
— Eu fui te procurar. – Dean gemeu quando Sam ergueu sua camiseta e sentiu o tecido desgrudar da área ferida. – Eu não precisava ter ido e fui. – Ele sufocou um grito quando Sam apertou seu abdômen com o pano.
— Claro que você tinha que ir. Ele é meu pai também e você é meu irmão. Como acha que eu iria me sentir se alguma coisa acontecesse a você? Se Constance Welch o tivesse matado? Ou o Wendigo?
— Você ainda estaria feliz. Você nem saberia – Respondeu Dean em um sussurro – Você não ligou.
— Eu... – Sam engasgou ao ouvir as palavras do irmão. "É só a febre." Tentou convencer a si mesmo. Dean nunca diria coisas assim em seu juízo perfeito.
— Por que você não ligou? – A voz de Dean era fraca e arrastada.
— Eu... Eu não sei... Eu tinha medo – Sam engasgou com as palavras. Era verdade. Ele havia pensado várias vezes em ligar, mas nunca tinha tomado coragem para faze-lo. Aparentemente a resposta foi suficiente porque Dean ficou calado. – Vamos sair daqui. – Ele mudou de assunto, se levantando e ajudando o irmão a fazer o mesmo.
As pernas de Dean dobraram-se involuntariamente, mas Sam o segurou antes que caísse novamente. Passou um de seus braços por trás de seu pescoço e se abaixou um pouco para ficar da mesma altura do irmão. Em qualquer outro dia Dean teria rido da forma que Sam estava andando, mas naquele momento, simplesmente encarou o irmão com os olhos vidrados de febre e disse:
— Eu só vou atrasar você, Sammy. Me deixa aqui e foge antes que eles voltem.
— Eu não vou deixar você Dean, nunca mais.
Dean soltou uma risada fraca:
— Você sempre diz isso. Mas você, Cassie, papai, todo mundo sempre me deixa. – Sam poderia ter chorado ao ouvir aquilo, ele não sabia quem era Cassie, mas no caso dele e do pai, sabia que era verdade.
— Vamos cara. Você vai ficar bem. Eu prometo, ok?
Dean parecia a beira da inconsciência mas assentiu. Nesse momento alguém bateu palmas animadas.
— Que comovente. – Disse uma voz fria às suas costas – O momento "Novela mexicana Winchester".
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A Primeira Morte Do Caçador
FanficEm uma cidade sem nome, os Winchester se metem em problemas ao entrarem no caminho de um casal de Satanistas que parecem ter um interesse especial em Dean. Com a vida do irmão em perigo, Sam faz tudo ao alcance para salvá-lo. Infelizmente, "tudo" po...