A menina e o lobo

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" Não se engane pequena garota, os monstros na verdade são as pessoas que convivem com você."

Rachel abriu os olhos sabia que um longo dia a esperava, era dia de visitar a boa velhinha, a vovó. Ela só não entendia como as pessoas a viam como uma boa vó, como uma boa velhinha, se assim fosse a sua mãe não teria tanto medo de visitá - lá e ela não precisaria enfrentar aquela floresta assustadora.
Levantou - se, abriu a janela, era apenas mais um dia chuvoso, o sol naquela época raramente saia. Ela estava feliz, pelo menos afastaria daquela senhora a quem chamava de mãe que a tratava como escrava e não como filha.
- Rachel meu amor, já levantou querida? O café está na mesa, vou ao mercado comprar algumas coisas para sua vó. Se puder arrumar o seu quarto e limpe a cozinha. Te amo querida.
A porta rangeu, Rachel olhou - se no espelho, pegou a escova que estava na penteadeira e a arremessou contra o espelho, estilhaços para todos os lados, e o olhar de ódio refletia no que sobrou.
Odiava aquela vida, odiava morar no bosque, odiava não ter um pai, e ser criada por um mãe tão pobretona. Talvez por isso ela odiava a vovó, aquela velha rabugenta que apesar disso, era tão rica. Mas ela insistia em mandar a tal da cesta.
Recolheu os cacos do chão, arrumou o quarto, a cozinha. E sua mãe chegou.
Dirigiu - se para a cozinha, montou a cesta e entregou - a.
-Rachel, já conhece as regras, nada de pegar atalhos, faça o percurso correto. Não abra essa cesta sob hipótese nenhuma e não fale com estranhos. A floresta é cheia de mistérios e pode te enganar.
Rachel conhecia aquele discurso, apenas pegou a cesta e saiu, sem despedir - se, esse rotina acabava com o humor de qualquer adolescente. Seguiu para floresta. Chegando lá, distraiu - se com com as flores silvestres, estavam lindas, quando voltou a si, percebeu que não conhecia aquela parte da floresta, estava perdida. Tentou voltar, mas quanto mais voltava mais perdida ela ficava. A floresta começou a lhe parecer assustadora, não se ouvia o cantar dos pássaros, apenas o soprar do vento e passos que vinham de todos os lugares. Rachel tentava gritar, mas a sua voz não era ouvida, o tempo parecia ter passado depressa. Ela sabia que sua mãe a procuraria, então resolveu esperar.
- Olá, pequena garota- disse uma voz que saia de algum lugar desconhecido.
- Quem está aí? O que você quer- disse a garota assustada.
- Ora, ora, refaço a mesma pergunta, o que quer por aqui, não sabe que esse lugar é proibido para humanos?
- Quem é você? Aparece...
- Não sou ninguém, sou apenas um pobre animal faminto, o que é que você carrega nessa cesta?
- Na cesta? não sei.
- Como não sabe?
- Não sabendo ué, porque é que você não se mostra?
- Digamos que a minha aparência é assustadora demais para garotas pequenas como você.
Um farfalhar de folhas a assustou, e aquela criatura imensa apareceu bem ali , em sua frente. Rachel afastou - se, a criatura num pulo a alcançou.
- Está com medo pequena garota?
- É você.
- Sou apenas o que você me enxerga.
- Lobo.
- Podemos dizer que sim.
- Você precisa ir, ela vai te encontrar.
- Ela? Ela quem?
- A caçadora. Ela dizimou a nossa espécie, todas as criaturas desse lado da floresta se escondem, não sabemos o motivo, mas desde que ela apareceu o medo se espalhou entre nós. Venha, vou te levar até a saída.
Caminharam até, a saída da floresta, e Rachel percebeu que o sol ainda brilhara.
- A contagem de tempo é diferente aqui, mas cuidado, o fim do caminho será sempre o seu começo. Disse e desapareceu.
Rachel estava confusa, seguiu em direção a mansão, encontrou a vovó toda sorridente a esperando.
Cumprimentou - a, entregou - lhe a cesta e sorriu.
- Vó, o que trago todos os dias nessa cesta?
- Ora querida, apenas uma torta de maçã.
- Mas todos os dias?
- Sim, mas o porquê da pergunta?
- Por nada vó, só pra saber mesmo.
- Vó, porque o outro lado da floresta é proibido? Se o atalho por lá é mais rápido pra chegar aqui?
- Diz a lenda que humanos e criaturas mágicas conviviam em harmonia, porém, crianças começaram a desaparecer em toda a aldeia, e apenas uma raça de criatura seria capaz de fazer isso.
- Os lobos?
- Não querida, não são lobos. São criaturas que retiram a alma, sua maldade escorrem pelos olhos.
- Mas vó...
- E aconteceu que as criaturas foram banidas e os "lobos" caçados até não restar nenhum.
- Tudo bem vó, entendi.
- Hora de ir Rachel, sua mãe vai ficar preocupada, agradeça pela torta e diga que a próxima precisa de mais açúcar.

Continua...

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⏰ Última atualização: Jan 27, 2016 ⏰

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