E você está falando como um estranho, então eu não sei o que fazer
E e sou insensível e cruel com todos menos você***
"Eu não posso mais fazer isso."
Nós estamos deitados na minha cama. Fora da janela, o céu escuro está cheio de estrelas. Não deveria ser o suficiente para iluminar o quarto, mas nossos pés formam sombras.
"Nós não podemos continuar."
Nós fomos deitar antes da meia noite e agora o relógio marca quatro horas da manhã. Eu não dormi, mal pisquei. E acho que você também não.
Eu encaro o teto. Rachaduras correm por ele como rios em um campo. Sua mão procura pela minha por baixo do edredom e eu a pego. Seus dedos estão frios, sem vida.
***
Nós não podemos continuar, até eu posso ver. Phil nos evita quando eu fico na sua casa, coloca seus headphones mesmo que nós nunca gritemos quando ele está por perto. Nossos amigos ligam separadamente, perguntando se deviam vir, sem querer ser parte do que isso se tornou. Eu digo que eles estão sendo estúpidos, não é nada, nós estamos bem, por que diabos cancelaríamos nossa noite de filme por isso? Não tem isso. Estamos bem.
Mas sentados no escuros, dividindo um cobertor, nossos corpos não se tocam. Existe um oceano de espaço entre nós. Seu braço fica parado nas costas do sofá, perto o suficiente para parecer confortável mas longe o suficiente do meu pescoço, tanto que mal consigo o sentir relar no meu cabelo.
Eu me levanto, vou para a cozinha. O filme é um borrão na minha mente, a única coisa em que consigo focar é o quanto você está distante. Eu seco em baixo dos meus olhos, meus dedos ficam molhados. Eu estive chorando? Talvez sim.
Quando eu volto para a sala, é como se eu nem tivesse saído. Se passaram vinte minutos, mas ninguém nem se move quando eu sento, nem mesmo você. Acho que é isso que nos tornamos.
Nós não conversamos desde que nossos amigos chegaram. Eu disse tchau quando eles foram embora e boa noite para o Phil, mas nada pra você. Escovamos os dentes em silêncio, ambos evitando os olhos do outro no espelho. E quando você vem para a cama, engatinhando por baixo do edredom e colocando seu braço na minha cintura, eu seguro sua mão e viro minhas costas para você.
O quarto está silencioso. Eu fecho meus olhos.
***
"Isso não é o fim, certo?"
Eu tento ouvir sua respiração, mas não consigo. Eu aperto sua mão, ainda fria na minha. Você aperta de volta.
Nós vamos sobreviver. Eu sei que vai ser difícil, mas nós vamos conseguir. Nós éramos independentes antes de se conhecer, seremos independentes agora.
Em menos de vinte e quatro horas, vai ser um novo ano. Um novo começo. Não é o fim.
"Não, não é."
Meu peito está vazio, como onde haviam pulmões e um fígado e um coração, agora só existe vácuo. Eu inspiro. Expiro. Meu peito se move, mas eu não.
Você puxa no edredom e funga, o som abafado contra o tecido. O colchão treme embaixo de mim.
"Estamos terminando?"
Eu só aceno com a cabeça, mas acho que você pode sentir.
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Os Primeiros Dias de Primavera // Dan Howell
FanfictionEu acordo, e não penso em você imediatamente. * Essa história não é sobre um coração partido, e sim sobre o que acontece depois. Baseado no album "The First Days of Spring" de Noah And The Whale, escute enquanto lê para uma melhor (pior) experiênc...