Instrumental II

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London é cinza quando eu volto. É o começo de Abril e está chovendo, uma garoa lenta que desce pelas minhas roupas no meu curto caminho do metrô até o escritório.

Eu não tenho visto meu email em cinco dias, mas só tenho 42 sem ler. Nenhum deles importante, exceto um.

Ele vai estar em uma reunião na Quarta-Feira. Você não precisa comparecer.

Os sinos da igreja do outro lado da rua estão tocando. As pessoas parecem pensar que o pior passou. Eu me junto às conversas no almoço, rindo de suas piadas.

Tudo sobre o que consigo pensar é Quarta-Feira.

***

Eu vejo uma foto sua, olhando o Twitter. Você está com os braços ao redor de uma garota que eu não reconheço. Suas covinhas estão fundas, você parece feliz.

Eu não apaguei seu número dos meus contatos, mas esvaziei o espaço que costumava ter seu nome. Nos meus contatos, tudo o que resta é um numero de doze dígitos.

Números não carregam significado. Números não machucam.

***

Eu fico no banheiro do escritório, com a agua correndo. Eu te vi quando você entrou. Você fazia piadas, ria. Você não me viu.

Minha mesa fica de frente à janela. Se eu apenas sair e me sentar, tudo ficará bem. Eu não vou te ver quando sair. Tudo ficará bem.

Quarenta e cinco minutos depois, minha chefe me encontra. Ela não diz nada, só acena a cabeça em direção à porta, e eu caminho com o olhar no chão.

Os Primeiros Dias de Primavera // Dan HowellOnde histórias criam vida. Descubra agora