CAPÍTULO UM

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Estava eu mais uma vez na mesma cafeteria de sempre, bebendo o mesmo café de sempre, sozinha, como sempre. Minha vida tem se resumido nisso, acordo, coloco qualquer roupa que aparecer pela frente e vou até a Cafeteria Energiza, tomo o meu café e vou para o trabalho.
Eu sou a secretária de um dos maiores empresários do ramo de comidas da Itália, o Sr. August, mais conhecido como Black, por ser um dos únicos negros desse ramo empresarial. Ele é uma pessoa bem carismática, mas tem passado por tempos difíceis, já que se separou da mulher e agora está brigando pelos filhos na justiça... Mas bem, isso não vem ao caso.
Me chamo Juliane, você deve estar pensando "Mas esse nome não é Italiano", sim, realmente não é, eu nasci no Brasil, para ser mais específica em Santa Catarina e me mudei para a Itália depois de me formar em Gastronomia e conhecer Patrick, meu ex-namorado, foi ele quem me convenceu a vir morar aqui. No final, eu até gosto da Itália e com toda certeza estou ganhando muito melhor do que eu ganharia trabalhando como garçonete no bar da esquina lá no Brasil.
Meu pai e minha mãe são dentistas e tem o próprio consultório lá no Brasil, isso facilitou várias coisas na minha vida, uma delas foi ter a oportunidade de aprender inúmeras línguas, entre uma delas, a mais fluente é italiano, já que desde os 13 anos de idade eu sempre fui apaixonada pela língua italiana. Minha mãe, Dona Luísa, veio de família humilde, morou no interior de São Paulo até os 15 anos, quando seu pai ganhou uma proposta de emprego melhor para trabalhar em Santa Catarina atendendo crianças e adolescentes em uma clínica dentária na cidade, já o meu pai nasceu em berço de ouro, sempre teve tudo do bom e do melhor, até que a empresa de imóveis que a sua mãe tinha faliu e eles tiveram que sair de Salvador para morar em Santa Catarina, sua cidade natal. A propósito o nome do meu pai é Thiago.
Quando comecei a fazer faculdade de Gastronomia não fui muito apoiada pela minha mãe, já que ela queria que eu seguisse os princípios da família virando uma dentista renomada, já o meu pai adorou a ideia e isso ajudou bastante na minha formação, foram 4 anos bem trabalhosos e cheios de estudo que valeram a pena, no meio dessa minha jornada estudantil conheci Patrick, ele fazia faculdade de Engenharia Agrônoma, alguns dos alimentos que usávamos nas nossas aulas práticas passavam por ele e por seus colegas de turma, nos conhecemos na faculdade mesmo, andando pelo corredores, ele esparrou em mim, meio clichê, mas de início resultou em uma bela amizade, deixei ele na friendzone por uns 2 anos, até que descobri que eu também sentia algo a mais, e então ele me pediu em namoro. Conforme os anos de faculdade iam passando, Patrick me convenceu a ir para Itália com ele quando as aulas acabassem e nós nos formássemos.
Agora vamos ao dia que eu contei essa façanha para os meus pais.
-Juliane minha filha, você não pode simplesmente abandonar tudo no Brasil e ir morar na Itália com esse seu namorado! - o meu pai não reagiu muito bem a notícia, mas como eu já tinha meus 23 anos e algum dinheiro no banco para me virar durante pelo menos 2 meses sozinha na Itália, ele não poderia me impedir de viajar e tentar uma vida em outro lugar.
- Filha, tente entender, não estamos querendo empacar a sua vida, não, muito pelo contrário, nós só queremos que você consiga algo fixo por lá, antes de simplesmente ir sem saber onde vai morar e o que vai comer. - minha mãe estava mais preocupada com o meu bem estar por lá, do que em me manter presa aqui no Brasil, ela sempre foi mais liberal, e eu sempre gostei muito mais desse jeito de ser dela, eu sempre contei a ela das minhas saídas noturnas, dos meus ficantes e de todas as outras coisas que eu aprontava quando era mais nova.
- Pai, mãe, tentem entender, o pai do Patrick vai conseguir uma vaja para mim como secretária de um dos maiores empresários do ramo gastronômico da Itália, não tem com o que se preocupar! - dito isso eles não falaram mais nada, meu pai me olhou com uma certa tristeza nos olhos. Mamãe me olhou com orgulho, ela muito quis que eu me tornasse uma mulher independente e que tivesse presença, já que ela sempre dizia que quem se contenta com o pouco não cresce muito.
Alguns dias depois dessa pequena discussão, eu fui comprar as passagens junto com Patrick, estávamos animados, planejávamos essa viagem já fazia muito tempo, e agora estaríamos realizando o nosso grande sonho.

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