Traz Mais Um Café!

CAPÍTULO QUATRO

Acordei com o despertador apitando desesperadamente, era a terceira vez que ele tocava, e eu estava um tanto quanto atrasada, mas nada desesperador. Levantei, e ao invés de ir direto colocar qualquer roupa, eu fui tomar banho, coloquei uma música para deixar as coisas mais animadas (música na multimídia). Quando sai do banho, eu fui procurar algo mais ajeitado para trajar (vestir), até que encontrei um vestido soltinho, preto básico, que ganhei do meu pai no meu aniversário de 22 anos, coloquei uma alpargata florida, peguei minha bolsa e sai de casa.

Chegando na cafeteria, ele estava lá, e desta vez com um estilo mais bad boy, jaqueta de couro preta, regata bege, calça jeans e um coturno bege também, a única coisa que eu consegui pensar foi "LINDO, TESÃO, BONITO E GOSTOSÃO".

Fui em direção a mesa de sempre, a mesa que ele se encontrava, a mesa que sentamos da outra vez, e então ele disse:

- Ai está você!

- É, aqui estou eu! - "aqui estou eu"? O QUE FOI ISSO JULIANE?

- Vamos pedir um café? - perguntou de forma divertida.

- Claro.

Ele chamou o garçom, fez o pedido, e então olhou para mim, eu retribuí o olhar, e assim ficamos  nos encarando por um bom tempo, até que ele resolveu puxar papo.

- Como é em Santa Catarina?

- É legal.

- Só legal? - perguntou um pouco receoso.

- É, só legal.

- Dos países que você já visitou, qual tem a melhor comida? - perguntei interessada.

- Portugal tem o melhor peixe, mas nada pode competir com as massas da Itália.

- Realmente, as massas daqui são as melhores.

- O que te fez escolher a faculdade de Gastronomia?

- Bem, para falar a verdade eu sempre gostei de comer. - ele sorriu. - E quando se gosta de comer, tem que saber fazer comida, e assim, eu descobri que além de gostar de comer, eu gosto de lidar na cozinha, então resolvi fazer gastronomia. E também porque eu nunca me dei bem com nenhuma matéria, não que eu tirasse as piores notas, eu era uma boa aluna, mas de todas as matérias que eu estudava não havia nenhuma que me interessasse ao ponto de trabalhar com ela. 

- Realmente, faz sentido.

Ficamos em silêncio durante um tempo, até que eu resolvi não deixar o assunto morrer e perguntei:

- Por que escolheu artes?

- Desde criança eu sempre adorei pintar e registrar o que eu sentia através de um desenho, então não foi difícil escolher.

- E que tipo de pintura você mais gosta de fazer?

- Eu gosto de pintar o abstrato, aquilo que eu sinto, eu pinto.

- Profundo. - respondi de forma engraçada. 

Caímos na gargalhada e enquanto ríamos os nossos cafés chegaram. 

- A quanto tempo você vem nessa cafeteria? 

- Desde que saí da casa de uma amiga minha, Pietra.

Contei a ele algumas coisas que aconteceram comigo aqui na Itália e ele me contou como foi a viagem dele para a Nigéria, até que nos despedimos, dessa vez sem selinho.

     ...

Cheguei no trabalho e a recepcionista, Sra. Milena, me perguntou em tom brincalhão: 

- E esse sorriso bobo? 

Sorri para ela e continuei andando até o elevador, abri a porta da minha sala e comecei a arrumar as minhas coisas e a ver quais os compromissos do Sr. Black para esta manhã. O resto do dia correu normal, muito trabalho pelo horário da tarde e quando cheguei em casa capotei.