CAPÍTULO CINCO

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E o ciclo se repetiu, eu levantava, me arrumava, ia até a cafeteria, e ele estava lá, cada dia mais lindo. Descobríamos algo de diferente um sobre o outro todos os dias, ele me contou como foram as viagens dele, eu contei como é a vida no Brasil e como foi me adaptar a Itália, contei sobre o meu namoro, e ele me contou sobre os rolos dele com uma Espanhola. Eu não tinha do que me queixar, ele era um homem interessante, me fazia rir e nunca faltava assunto, até que esse dia aconteceu...

Mais uma vez estou eu entrando na cafeteria, espero por ele, mas nada, nem sinal, nem mesmo uma mensagem, e ele tinha meu número, já que eu o dei a dois dias atrás, tomei o meu café e sai cabisbaixa, eu realmente estava me apegando a ele, me acostumei com a presença dele, então essa manhã sem ele não começou nada bem.

Chego no trabalho, subo o elevador e vou até a minha sala, quando entro escuto gritos.

- VOCÊ NÃO VAI TIRÁ-LAS DE MIM, NÃO VAI!

Espera, essa é a voz do Sr. Black.

- POIS PODE APOSTAR QUE VOU AUGUST, VOCÊ NUNCA FOI UM PAI PRESENTE, NÃO VAI SER AGORA QUE VAI MUDAR.

E essa é a voz da ex-mulher dele, Maria Lúcia. Eu sabia que eles estavam brigando na justiça pela guarda das duas filhas, mas eu não esperava que a coisa chegasse a esse ponto, então com delicadeza bati na porta e entrei.

-Licença, vocês estavam gritando e eu resolvi entrar para saber se está tudo bem?! - perguntei receosa.

- Ah, olá Juliane. Ainda bem que você chegou, eu já estava de saída, e me desculpe pelos gritos, mas é que o seu chefe aqui não anda tomando os remédios e então perdeu a cabeça achando que vai virar pai de uma hora para outra!

Ela passou por mim e me lançou um sorriso triste, enquanto o meu chefe olhava para a grande janela que possuí em seu escritório, parecia perdido.

- Sr. August, o senhor quer desabafar?

- NÃO! - respondeu com um tom enraivado. - Digo, me desculpe, eu não queria gritar com você. Não quero desabafar, só faça o seu trabalho e vai ficar tudo bem. - e quando ele terminou a frase, uma lágrima caiu sobre sua bochecha.

-Óh Sr. Black, não precisa ficar assim, vai dar tudo certo para o senhor, e saiba que se precisar de um ombro amigo eu vou estar disposta a ajudá-lo!

- Ela tem razão. - respondeu e mais uma lágrima foi derramada.

- Razão? De quê?

- Eu nunca fui um pai presente, não vai ser agora que vou ser.

E então ele desabou, e eu sem saber o que fazer, o abracei.

- Tem uma primeira vez para tudo Sr. August, o senhor é um homem bom, se ganhar a guarda de suas filhas eu tenho certeza que vai ser um bom pai.

- Obrigada Juliane. E pode me chamar só de August, acho que depois desse momento, além de minha secretária, você acaba de se tornar uma amiga.

- Não tem de que Sr. Aug... digo, August. Vou voltar ao trabalho, qualquer coisa é só chamar. Ah! Antes que eu esqueça, o senhor tem uma reunião em uma hora.

Saí da sala dele me sentindo uma pessoa melhor.

O resto do dia correu normalmente, muito trabalho e muito café, a única coisa que teve de diferente foi a minha hora do almoço, fui almoçar com Pietra, faz algumas semanas que não a vejo.

- E então, me conte as novidades. - ela disse com entusiasmo.

- Conheci um cara na cafeteria que eu costumo frequentar todas as manhãs. Se formou em artes e adora viajar.

- E ele é gato? - Pietra e seu jeitinho brincalhão de sempre.

- Ele é um Deus, mas hoje não apareceu na cafeteria.

- Ué, deve ter acontecido algum imprevisto e ele esqueceu de avisar.

- É, pode ser, ou então ele enjoou de mim como todos os outros caras.

- Amiga, você é fantástica, não deveria falar essas coisas.

- Ahaha, faz-me rir faz.

- Eu só disse a verdade.

Terminamos de comer e marcamos de sair sexta a noite, ela quer me apresentar uma boate na qual ela trabalhava fazendo os drinks.

Cheguei em casa, e como todos os outros dias, adormeci feito pedra. 

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