Prólogo

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• Trailer oficial na mídia.

Começou quando eu tinha 18 anos e meio. Tinha acabado de entrar na faculdade de Medicina de Nova Iorque, estava namorando um já formado advogado, possuía emprego garantido. Minha vida estava praticamente toda planejada: estudar, namorar, me formar, noivar, trabalhar, casar, trabalhar, engravidar. Respectivamente nessa ordem.

Até que conheci o Joe e seus amigos.
Joe é um garoto de programa gay e viciado em cocaina, já o resto do grupo viciado em heroína. Nos conhecemos em uma festa da faculdade, eles iriam vender as drogas por lá e acabamos nos esbarrando. Conversa vai e conversa vem, nos drogamos juntos e ali começou uma amizade e meu futuro vicio. Passei a frequentar os mesmos lugares estranhos e undergrounds que eles, a usar drogas quase todos os dias e me viciar cada vez mais. Até que eu não tinha mais dinheiro e roubei da carteira da minha mãe, sendo pega no flagra com uma cara de louca e esfregando o nariz. Eles descobriram. Não só descobriram, como me colocaram pra fora de casa. Meu namorado não quis saber de mim, já que uma namorada viciada mancharia sua reputação, minhas amigas sumiram. Eu me vi sozinha, viciada, doente e com apenas $10 dólares. Fui para o quartinho que Joe ficava, o hotel era praticamente um prostíbulo, pois era lá que todas as garotas de programa da região moravam. O lugar cheirava a cigarro e perfume barato.

- Eu não sei o que fazer! - repetia essa frase mais vezes do que gostaria.

- Primeiro: você vai parar de chorar. Segundo: vai tomar um banho, colocar alguma roupa bonita e se maquiar. Depois, você vai comigo lá pra fora e juntos, vamos ganhar algum dinheiro, aí poderemos pensar em algo, porque não estou afim de dividir esse muquifo minúsculo com mais uma pessoa, mal cabe eu sozinho!

- Como eu vou... Ganhar dinheiro? - funguei no meio da frase.

- Igual eu faço.

- Eu não sou prostituta, não farei sexo por dinheiro. Isso é... Ugh, repugnante!

- Obrigada pela parte que me toca Barbie, mas ou é assim, ou eu não posso te ajudar em mais nada. Eu só sei fazer isso.

- Joe... Eu nunca fiz nada parecido. Só tive relação com um único cara minha vida inteira.

- É só você imaginar alguém legal, sempre, SEMPRE exigir que usem camisinha e nunca deixar que te beijem. Fora isso, você vai se sair bem.

- Quanto você ganha com isso?

- Consigo tirar até dois mil por mês... Minha renda seria maior se eu também comesse, muitos caras me procuram para que eu seja ativa, mas eu não gosto, acabo perdendo muito programa por isso.

- Você já tentou outra coisa?

- Já, várias vezes, eu nunca tinha nem pensado em fazer o que faço algum dia, foi minha última opção e é a que me sustenta.

- E sua família?

- Minha mãe faleceu quando eu ainda era criança, meu pai sumiu no mundo depois. Eu era criado pela minha tia viciada em jogos e tinha que dividir tudo com o meu primo alcoólatra. Um dia, minha tia saiu pra jogar e me deixou com ele, eu tinha uns 12 anos e ele 19. Estava dormindo de bruços na cama dela, ele tinha saído, mas quando chegou bêbado pra caralho, rasgou minha roupa e me estuprou dizendo coisas do tipo "sempre quis comer seu cuzinho", "menino safado", "minha putinha". Eu fui abusado durante minha adolescência inteira, até que fugi com 17 e to nesse mundo até hoje.

- Você nunca denunciou? Contou pra alguém?

- Não, ele me ameaçava. Certa vez, ele me estuprou com uma faca no meu pescoço. Eu, literalmente, morria de medo dele.

- Sinto muito.

- Já superei. Agora anda e vai tomar banho.

Tomei um banho quente, deixando a água escorrer pelos ombros e levar toda tensão consigo pelo ralo. Eu sabia que isso não era certo, poderia tentar outra coisa, o que não faltava no mundo era oportunidades. Mas, nesse momento, a única que surgiu fora essa. Sai do banheiro e encontrei Joe colocando um vestido preto em cima da cama, com um colete peludo ao lado e uma bota cano alto até o joelho no chão.

- O que é tudo isso?

- Sua roupa. Coloca logo, ainda preciso fazer sua maquiagem e arrumar seu cabelo.

O vestido coube como se estivesse sido feito para mim. Ia até um pouco abaixo da poupa da bunda, era justo e ressaltava minhas curvas.

- Você quer usar algum disfarce? Assim fica mais difícil te reconhecerem... Eu tenho um par de lentes castanhos e algumas perucas. E você precisa escolher um nome.

- Não sei, não sei! Argh!

- Coloca as lentes, já venho.

Voltou um tempo depois com uma peruca loira comprida, arrumou meu cabelo, o que foi difícil, pois tenho bastante e eles vão até o bumbum, mas conseguiu arrumar de um jeito em que eles sumissem. Fez uma maquiagem pesada que eu com certeza jamais usaria em meus dias normais.

- Agora estamos prontas!

Bateu palminhas e sorriu abertamente. Sentia que estava enfiando os pés pelas mãos. Estava cada vez mais ferrada. Mas já que estou na lama, que me suje direito.

✖️✖️✖️

Ja estava parada numa esquina pouco movimentada, ao meu redor havia várias outras prostitutas, o que dificultava um pouco já que isso significava mais concorrência. Vi um carro todo preto entrar na rua e passar devagar por cada menina, parando bem na frente de onde eu estava. O vidro abaixou e uma figura masculina sorriu para mim. Joe havia ensaiado comigo no apartamento o que deveria fazer quando algum cara chegasse, por isso segui o que mandou. Me abaixei na sua janela deixando a bunda empinada e os seios um pouco a mostra, joguei o cabelo para um lado, mordi o lábio inferior e depois sorri de canto.

- Quanto?

- O que você vai querer?

Ele olhou pra baixo, segui seu olhar e vi o volume que havia na calça. - Serviço completo.

- $400.

Sorriu e acenou para que eu entrasse no carro. Me levou até um motel luxuoso que tinha por perto e nem ao menos esperou fechar a porta da suíte para me agarrar. Tentou a todo custo me beijar, mas eu esquivava o máximo que podia.

- Ei! Beijo não.

Levantou as mãos em sinal de rendição e me levou pra cama. Puxou do seu bolso duas cordas e amarrou cada braço meu em uma ponta da cama. Meu vestido tomara que caia puxou pelas pernas, me deixando só com as botas. Abriu seu zíper, revelando seu pênis já ereto, puxou minhas pernas uma para cada lado, colocou a camisinha e penetrou com força. Soltei um grito automaticamente, estava acostumada com o pênis relativamente pequeno do meu ex e perto do desse cara, não era nada. Recebi um tapa forte na cara.

- Calada. Aguente calada, tô te pagando por isso!

Colocou as mãos em volta do meu pescoço e continuou a penetrar com força e vez ou outra puxava minha perna pro lado e dava um tapa. Com certeza ficaria marcada. Quando começou a chegar ao seu clímax, meteu com ainda mais força fazendo a mesma força nas mãos no meu pescoço. Minhas lágrimas desciam dolorosas, meus gritos mal saiam, minha garganta estava quase fechada, minha respiração estava escassa e meu corpo doía.

Cada minuto daquela noite, fiz questão de guardar em um espaço isolado da minha mente, mas vez ou outra alguns flashes voltavam; ele me batendo, me amordaçando, me machucando, provocando vômitos ao enfiar toda a extensão do seu pênis na minha boca a força, eu chorando implorando que parasse e ele apenas falando "eu estou pagando". Foram duas semanas com dor na minha abertura, duas semanas andando com as pernas abertas e apenas fazendo boquete, pois doía demais só de pensar em fazer outra coisa. E toda vez que aquele carro preto aparecia na rua, eu me escondia e rezava pela garota que entrava naquela porta.

Eu me chamo Lily, tenho 21 anos, sou prostituta e viciada em heroína, cocaína e maconha, fui esquecida pela minha família, tenho um melhor amigo gay e duas melhores amigas também prostitutas. Tenho uma cartela de clientes, mas sempre aparece alguém novo. Aprendi a lidar com os mais filhos da puta e sempre deixo claro que quem comanda sou eu, amansando até os mais selvagens. Pode me chamar de Barbie, o que você vai querer essa noite?

Diário de uma prostitutaOnde histórias criam vida. Descubra agora