Diário de uma prostituta

Capitulo 1

Fala querido diário.

Hoje, o dia foi parado, ainda mais pra uma terça-feira. Acordei às 16h, como sempre, tomei um banho e fui comer. Joe tinha deixado o almoço pronto, mas digamos que uma panela minúscula de arroz, outra minúscula de feijão e omelete não seja lá o melhor almoço do mundo. Não posso reclamar, estou ganhando bem até, mas gasto demais e não sobra dinheiro pra ostentar comida boa. Fiz a mistura em uma panela só e esquentei no fogão. Comi na minha cama mesmo.

Trabalho das 22h às 04h da madrugada, vez ou outra, fico até mais tarde, mas sempre faço minha sessão antes e uma depois, o que me deixa acordada até tarde e acabo acordando muito tarde também depois. Fico jogada na cama a maior parte do dia até chegar o horário de me arrumar, mas hoje resolvi sair pra andar, estava com uma energia diferente. Um pouco animada demais. Liguei pra Andrea, caiu na caixa postal, estava dormindo, depois liguei pra Chloe e ela atendeu no terceiro toque.

— Fala viada.

— E aí bicha, vamos sair?

— Meu, só quero ficar largada no sofá igual ao titio avó hoje.

— Para, sai dessa fossa.

Um dos clientes dela parou de aparecer, digamos que Chloe era apaixonada por ele e ela sempre dizia que eles faziam amor e não sexo, tanto que ele nem pagava, mas eu descobri que ele era casado, mas estava se separando, só que depois que parou de aparecer, eu fui atrás de novo e descobri que ele tinha voltado com a esposa e que a mesma estava grávida do segundo filho, ou seja, Chloe era só um passatempo.

— Já faz duas semanas, Lyla, eu sinto falta dele.

— Eu já te falei que ele voltou com a esposa e que vai ser pai de novo, ele não vai e nem deve aparecer. Se ele aparecer, juro que corto o pau dele fora!

— Eu amo você e sua proteção, mas se ele aparecer, eu juro que me jogo no pau dele.

— Uma vez trouxa, pra sempre trouxa.

— Nasci pra isso, viada.

— Tá, foda-se, depois não venha me dizer que eu não avisei.

— Tá, tá. Pra onde você quer ir?

— Pensei em dar uma passada no shopping, preciso comprar uma bota nova, a minha já tá rasgando.

— Você tem dinheiro?

— Não né, vou parcelar o máximo que der.

— Você precisa parar de gastar com aquela bosta. Fala de mim, mas faz pior.

— Cada um com seus vícios.

— O meu pelo menos não mata!

— Claro que mata. Ou você acha que se a mulher dele descobrir, ela vai deixar quieto?!

— HAHAHA você é ridícula.

— Meia hora e eu chego ai, se arruma.

Coloquei um macacão curtíssimo preto, com decote na frente e mangas três quartos, coloquei um tênis Nike Air branco e uma maquiagem leve dando destaque aos meus lábios carnudos com batom vermelho. Deixei o meu cabelo natural, preto, comprido até o quadril e algumas ondas. No trabalho, uso perucas, desde a primeira vez que fui com Joe peguei esse costume. Peguei minha bolsa e sai, Chloe morava na mesma rua, só alguns prédios à frente.

No corredor, já tinha algumas pessoas se drogando, outras bebendo, duas mulheres se beijando e assim vai, passei por todos e bati na terceira porta.

— Joe, to indo no shopping, quer algo?

Ele abriu a porta com os lábios inchados e vermelhos e seu cabelo ligeiramente bagunçado. Eu sorri maliciosa e ele balançou a cabeça.