Capítulo 14

691 32 2
                                    

POV Niall

Não fui a casa como a Margarida me disse, eu queria estar presente quando a Telma acordasse da operação, sim, porque ela vai acordar, ela tem de acordar, só o pensamento de ela não permanecer comigo, aterroriza o meu futuro e o da nossa filha, eu não seria capaz de viver com as últimas memórias dela… Eu vi tudo, ela a contorcer-se toda, a suar, cheia de febre, estas não poderiam ser as últimas imagens que eu teria da Telma, nem eu queria isso. Se ela não acordar, eu não viverei mais, eu não quero esquecer o rosto dela, eu não quero esquecer o corpo dela, eu não quero falar sozinho enquanto imagino que ela está ao meu lado e nada disso é real, eu não quero educar a nossa filha sozinho; sem ela a minha vida não faz sentido.

O Louis e o Harry dariam uns bons pais!?

Eu não conseguiria cuidar da minha própria filha sem ela? Eu consegui até agora, mas talvez seja porque eu sei que ela está viva, o seu coração ainda está a bater, o seu corpo ainda está quente. Estes dias foram os melhores e os piores da minha vida, passei do auge da felicidade para o remate da tristeza, eu só quero acordar desde pesadelo e ouvi-la a dizer que está tudo bem e que ainda vamos estar muitos mais anos juntos e felizes.

Os meus pensamentos são incomodados por um sinal sonoro e de seguida um alarme começou a tocar. O monitor de frequências cardíacas começou a piscar, os meus olhos encheram-se de lágrimas e fiquei imóvel com a Jasmine ao colo, rapidamente o quarto se encheu de enfermeiras e médicos, fui obrigado a sair com a Jasmine nos braços, eu evitei os gritos e o choro estava com a minha filha nas mãos, ela é inocente.

Inocente?

Se não fosse ela a Telma não estaria assim! Mas… Ela é nossa filha… Já ela estava dentro da Telma e eu já a amava, agora que a tenho nos braços é fantástico, eu não posso magoa-la era o mesmo que estar a magoar-me, este amor que vem não sei de onde impede-me de o fazer. Ainda por cima esta criança é a minha cara chapada, preferia que fosse como a Telma, se ela me deixar tinha uma recordação nítida do que ela foi.

Basicamente eu amo as duas de uma forma que ninguém percebe e que nunca ninguém irá substituir.

Consegui ver tudo que se estava a passar dentro do quarto, através da janela que a porta continha. Uma enfermeira começou a administrar medicação para o sistema sanguíneo da Telma, outra estava a despir o peito dela e finalmente o médico colocou as pás do desfibrilhador na pele macia e pálida da minha noiva.

O som da descarga eléctrica foi acompanhada por uma crise emocional com a Telma de costas arqueadas acima da cama, isso costumava acontecer em outras situações, mas esta enjoava-me. O alarme não parava de tocar, então o médico faz as costas dela arquearem de novo, eu não quis ver mais e sentei-me no chão encostado à parede a chorar e a cantar para a Jasmine, achei apropriado cantar “Don’t let me go”, aquela música marcou o auge da nossa relação no ano passado no acampamento, e agora estava com tanto significado, ela não me pode abandonar e eu não posso simplesmente deixa-la ir.

-Niall? O que se passa? - Perguntou uma voz no fundo do corredor, a imagem não estava nítida por causa das lágrimas, mas rapidamente apercebi-me que era a Margarida. Não fui capaz de lhe responder e somente apontei para a porta.

Levantei-me quando o alarme parou e o sinal sonoro rítmico do aparelho voltou ao normal.

-Ó meu Deus, obrigada. – Fechei os olhos e respirei fundo, por agora estava tudo bem outra vez, ela está viva.

-Estás bem Niall?

-Se ela estiver, eu também estou. – Ela pega na Jasmine, entretanto saem todos do quarto.

-Como é que ela está? – Gritei.

-Tem de se acalmar! – Disse um deles.

-Diga-me só como é que ela está!

Perdidos no Nosso ParaísoOnde histórias criam vida. Descubra agora