Capítulo 9

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Finalmente chegou: sexta-feira!

Às dez da manhã, já andávamos a fazer umas comprinhas na cidade e a procurar um restaurante para almoçarmos, até que eu tive a ideia de juntar o Zayn e a Carla outra vez, nós não podíamos ir embora e eles ficarem chateados.

Consegui convencer o Niall a ser meu aliado nesta “operação cupido”, eu dei a desculpa à Carla que estava com a tensão baixa e que precisava de ir descansar e pedi-lhe para vir comigo para o autocarro; não sei qual foi a desculpa que o Niall deu ao Zayn para terem de vir ao autocarro, mas a verdade é que vieram, o Niall mandou-me uma mensagem a anunciar que estavam a chegar.

-Carla espera aqui dentro, vou apanhar um pouco de ar fresco. – Saio, e vou ter com o Niall a correr.

O Zayn fica feito parvo a olhar para mim.

-Supostamente estavas com uma quebra de tensão. – Diz o Niall no meu ouvido enquanto me abraçava.

-Ó Zayn, vais lá dentro buscar a minha garrafa de água por favor?! – Ele vai e eu vou por trás, quando ele entra o Niall fecha-lhe a porta, logo eles estavam os dois dentro do autocarro e tinham todo tempo do mundo para se entenderem.

A Carla não achou muita piada e mostrou a sua revolta ao levantar o seu dedo do meio contra o vidro do autocarro olhando seriamente para mim, o Zayn riu-se perante a sua acção. Eu e o Niall ficamos a apreciar o filme, mas decidimos abandonar o local quando ouvimos a Carla a gritar “deves estar a gozar!? Tu traíste-me! Foste para a tenda com a Daniela fazer não sei o quê”, achamos que era melhor assim, esta era uma conversa só a dois.

Fomos ter com os restantes elementos do grupo e avisamos se recebessem alguma mensagem deles para não irem abrir o autocarro, eles tinham de resolver as coisas, a Daniela bufou mostrando o seu desinteresse diante o tema tratado.

Resolvemos ir almoçar num café muito pacato, na entrada do mesmo havia uns idosos muito simpáticos que meteram conversa mas fomos almoçar; no final sentamo-nos na esplanada ao pé dos velhotes; eles começaram a falar da cultura de Alcoutim, e chegaram a fazer algumas questões em relação ao nosso alojamento e o Harry e o Louis trataram de falar sobre isso. 

Estávamos todos muito atentos até que eu decido intervir.

-Algum dos senhores sabe alguma história sobre a floresta onde estivemos acampados? – Eles olham uns para os outros, até que um decide começar a falar.

-Então, há uns nove anos atrás, uma menina com os seus doze anos também estava acampada com a sua família por essas bandas, pelo que dizem ela também foi apanhar lenha, mas afastou-se de mais e perdeu-se e nunca mais voltou, o corpo dela foi encontrado numa lagoa, pelos vistos não sabia nadar, e como é uma lagoa artificial, é perigosa. Concluindo, algumas pessoas, vá as beatas, dizem que agora a menina assombra a floresta, porque como ela lá morreu, tem o direito de lhe pertencer. Fim! – O senhor sorri, de como quem diz “isto é tudo mentira”, no final dele falar, eu estava a agarrar a mão do Niall com tanta força que as pontas dos seus dedos já estavam a ficar roxas, quando reparo nisso diminuo a força e olho para a Margarida e lembro-me “ela caiu numa lagoa” era muita coincidência, eu olho para ela com um ar de aflição, o dela era igual quando encontramos o olhar uma da outra, eu sabia que aquilo não era nenhum animal a berrar, eu sabia…

Com a minha paciência, mas ao mesmo tempo cheia de medo contei tudo o que nos aconteceu, o Harry, o Louis e a Margarida também acrescentaram informação ao longo do meu discurso. Os senhores ficaram a olhar para nós do tipo “jovens, larguem a bebida” mas aquilo também se passou noutro dia quando estávamos sóbrios, por isso esclareci logo as coisas. Bem, sabendo aquilo, eu já podia ir descansada e saber o que se tinha passado; descansada não ia, mas já existia uma razão para aqueles acontecimentos. 

Perdidos no Nosso ParaísoOnde histórias criam vida. Descubra agora