O fantasma

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-Pai, pai, liga o rádio ? - pediu o pequeno Lucas.
-Claro filho - ligando o rádio ouço o radialista quase berrar desesperadamente as notícias.
-Plantão de Denver, anunciamos com exclusividade de que os Estados Unidos acaba de lançar misseís nucleares contra a Coréia do Norte, ainda não sabemos os resultados deste ataque mas ja avisamos de antemão a população para se preparem para uma provavel retaliação coreana... - desliguei rapido antes que Lucas ficasse mais assustado.
-O que vamos fazer querido ? - disse Lydia com os olhos tão arregalados que pareciam que iriam saltar para fora.
-Nós vamos pra casa e nos preparar para qualquer coisa que acontecer, ta bom ? - Ela concordou com a cabeça e segurou nosso filho como se estivesse o protegendo de algo, e estava. Acelerei o carro o maximo que pude por que eu sabia que não tinha muito tempo, eu já pressentia oque iria acontecer, mas mesmo assim tentei ao maximo não pensar nisso.
Chegamos rapido a nossa fazenda, localizada ao leste de Denver, no estado do Colorado, na mesma estrada eu via os nossos vizinhos da fazenda ao lado, os Armstrong, jogando suas malas desesperadamente em seu carro, como se pudessem fugir do que estava por vir, estaciono o carro e vou direto para o porão, abro uma escotilha no chão e desço até uma sala construida para esse tipo de ocasião, muitas familias americanas tinham essa paranoia de montar bunkers embaixo de suas casas, não parecem ideias tão paranoicas agora.
Levei os dois pra dentro daquele bunker e ficamos la por dois dias, apenas com noticiarios da rádio local.
-...As ultimas noticias direto da capital, tudo parece seguro, mas é recomendado que quem tiver a oportunidade de se esconder em lugares seguros que continuem escondidos...
-Acho que ja podemos sair querido, temos que comprar mais suprimentos - disse Lydia.
-Sim, eu vou, vocês ficam aqui
-Mas, meu amor, atualmente é perigoso sair sozinho - E ela tinha razão, com a guerra iminente aconteceram saques nas principais capitais do país, a porcentagem de crimes e assassinatos aumentou em niveis alarmantes, as pessoas com medo e desesperadas estavam dispostas a matar ppr um pouco de comida.
Chego em Denver e esta tudo calmo, calmo até demais, paro em um mercado totalmente vazio, parece que ja foi saqueado pelos vandalos selvagens, entro e consigo pegar somente oque sobrou, que pra mim pareceu essencial para minha familia, coloco tudo no carro e pego a estrada de volta pra minha fazenda. Vejo pessoas pedindo carona na beira da estrada, mas atualmente não se pode confiar em ninguem, passaram-se algumas horas desde quando eu sai de casa, e logo estaria lá, mas não via sinal nenhum de vida, liguei o radio do carro mas a transmissão local estava fora do ar, achei muito estranho, mas não devia me preocupar com isso, logo estaria em casa e poderia proteger as pessoas que amo.
A estrada de terra que ia pra minha fazenda levantava a poeira com a velocidade que eu passava por lá, não esperava a hora de ve-los, era desesperador esse desejo de ver que estão a salvo, porém, não foi esse o sentimento que tive quando cheguei, de longe vi a nossa casa toda aberta, marcas de pneus pesados deixados no nosso gramado, aquilo me apavorou, puxei o freio de mão do carro e desci gritando o nome de Lydia e de Lucas, mas não ouvi nenhuma resposta, peguei um rifle de caça que havia em cima do armario da cozinha e desci até o porão, não tinha nenhum sinal de luta, vi a escotilha aberta, oque apertou meu coração ainda mais, desci por ela com um salto que quebraria meus joelhos, porem não senti nenhuma dor, a unica dor que senti, foi de perceber que eles haviam sumido, eles não estavam mais ali onde eu os havia deixado, no chão só havia o cordão que dei de presente de casamento para Lydia, um cordão de prata com um L pendurado, o segurei com força e gritei, gritei com uma ira que vinha do fundo da minha alma e eu prometi que não pararia, até que encontrasse os dois, e que mataria qualquer um que entrasse em meu caminho.

-Me chamo... Isaac Willians - olhando para o copo como se lamentasse por ter esse nome.
Um homem que estava sentado no fundo escuro do bar se levantou e veio até o balcão, pos uma Desert Eagle perto de mim e me olhou como se estivesse pronto pra estourar minha boca.
-Você é Isaac "O Fantasma" Willians ?
-E quem pergunta ? - respondi de volta, mas senti que os problemas só aumentariam.
-Apenas um fã que agradeceria se ganhasse um autografo - sorrio com ironia.
-Você não aparenta ser somente um fã, me pague algo forte e conversaremos - disse ja apontando para o velho barman.
Ele sentou-se ao meu lado e pediu duas doses de scotch, dei um gole virado, foi um dos piores gostos que ja senti, mas logo ele virou- se para meu lado e disse:
-Me chamo Joseph Campbell e tenho um trabalho com um pagamento que irá lhe agradar.
A palavra pagamento sempre me soa como musica, é quase como ouvir Alive do Pearl Jam.
-Por favor, senhor Joseph, continue.

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