3. I can't control myself.

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O poder da minha anormalidade foi posto á prova mais cedo do que o esperado. Eu estava buscando me recompor, empurrar e esconder a onda de bestialidade que percorria os extremos do meu frágil corpo... Que, aos poucos, demonstrava dar sinais de que não era tão frágil assim e muito menos estava abalado por ter sido tão fortemente domado por Gerard Way. Eu... Ali... Encaixado a um homem, sentindo o recente prazer que nunca havia imaginado sentir... Eu... E... Ah, merda. Ao mesmo tempo, eu sufocava ao som de uma marcha que só eu podia escutar me atormentar. Que denunciava toda a minha fraqueza.

Incapaz.

O adjetivo era cruel, mas estava fixo em mim... Pulsando nas veias de Gerard, cada vez mais próximo de mim. Sim, das dele... Porque ele era o principal sinal da minha fragilidade. Gerard precisava ser afastar, eu não poderia ficar muito tempo com aquela provocação ambulante sobre mim. Se eu abrisse minha boca, se eu sequer lhe pedisse para correr, pois estava correndo perigo, não seria exatamente efetivo... Eu não resistiria em provar aquela pele alva cada vez mais próxima de mim, ao que ele parecia aconchegar-se como podia... Mas o meu provar não era só sexual, não era sutil... Era grotesco.

Não era belo, como dizem por aí, não era nem um pouco agradável saber que eub teria que viver com aquilo até... Até o fim dos tempos, se viável. Que eu era ainda mais desgraçado que ele e que fingir que aquele meu lado não existia o libertava com ainda mais força no segundo em que eu não conseguia nem mais manter os olhos distantes do pescoço alvo exposto diante de mim... Tão suculento, tão...

Não existe conjunto preciso de palavras que forme uma oração ou um texto breve a respeito do que se passava dentro de mim de verdade, do que estava prestes a se tornar uma maldição ainda mais instigante que a do homem com o corpo enfim completamente repousado sobre mim. Não era a exaustão ou a dor física de um sexo recente e extremamente bruto... Era pior, pois eu estava cheio de uma energia que me queimava por inteiro, cheio de vontade de descontar o calor que subia por todo o meu corpo... Cheio de...

Cheio de sede.

Seria um tanto quanto estúpido afirmar que, além de lobisomens, outras criaturas assombravam e devastavam o nosso mundo? E que eu, Frank Iero, era tão temível, quem sabe ainda pior, do que um homem que poderia se transformar em lobo? Nem tudo é o que parece, muito menos o pequeno assistente introvertido de Gerard Way... Um garoto digno de pena, sempre tão solitário, que vivia nas sombras do seu verdadeiro eu. A realidade era de uma criatura sedenta de sangue, um homem que desejava o próprio chefe, da maldição ambulante que sobrevivia a custo da vida de outros seres humanos... Eu era extremamente patético.

Vampiro.

Pensar na palavra, em sua definição mitológica e todo o resto que a agregava, era como um pesadelo para mim. E há anos eu me desviava daquilo, de minha família ou de qualquer coisa que me fizesse lembrar ainda mais do quão detestável eu era. A fome era apenas uma vaga lembrança, já que eu sempre a continha e eu contava com a ajuda de um conhecido que conseguia me fornecer um bom estoque de sangue periodicamente para que eu conseguisse andar por aí sem levantar suspeitas.

Difícil, viver nas sombras acabou sendo o meu mal. Era à noite que eu pertencia, que minha vida era completamente baseada, e trabalhar para um homem com hábitos apenas noturnos era a desculpa perfeita para trocar o dia pela noite. Era prático e a culpa que caía sobre meus ombros diminuía com a ideia de que eu havia começado a viver aquela vida agora, por Gerard, pelo trabalho. Mas você nunca pode esconder quem você é de verdade, não é mesmo?

Ao contrário das mesmas lendas que deturpavam a imagem da minha... Ahn... Raça... Ao contrário dessas lendas espalhadas pelo mundo, a minha questão havia sido dada pela genética da família de meu pai. Antes de dar luz a mim e a meus irmãos, minha mãe havia sido transformada, dando continuidade à linha do clã Iero.

Animal I Have Become || FrerardWhere stories live. Discover now