CAPÍTULO II - VIRGÍNIA

22 1 0
                                    


  O café ficava na Rua X, entre as duas grandes Avenidas Y e Z. Era pequeno e acolhedor. Um ótimo lugar para conversar, e principalmente, discreto.  

O café estava vazio àquela hora. A mulher sentada na mesa, à janela, era a única cliente.

Ela era alta, bem vestida, na faixa dos quarenta e poucos anos; cabelos lisos e castanhos, cortados não muito curtos, a altura do queixo. Era de uma beleza clássica, cheia de personalidade, com seus olhos grandes e observadores.

Ela havia pedido um cappuccino, e enquanto o vapor do líquido quente na xícara subia formando espirais engraçadas no ar, ela olhava pelo vidro da janela e parecia estar esperando alguém.

Estava chovendo. Uma dessas chuvas fininhas e tristes. O dia estava cinzento e as pessoas passavam apressadas, portando os seus guardas chuvas abertos, ansiosas para chegarem aos seus destinos.

Lá dentro, no café, a mulher sentada à mesa, já estava no seu segundo café – observou para si mesma a garçonete, enquanto fingia limpar o balcão de tortas e bolos. A mulher não havia pedido nada para comer; disse estar aguardando outra pessoa, ou outros... a garçonete não teve bem certeza do que ela falou, ou talvez, ainda, nem mesmo a mulher tivesse certeza... afinal, ela se sentou numa mesa para duas a três pessoas .

Ela era uma mulher elegante – isso ficava claro para Virgínia, a garçonete do café. A sua bolsa e os seus sapatos, combinavam entre si,  e eram bem do tipo que ela, Virgínia, nunca teria dinheiro para comprar. A não ser,  é  claro,  que economizasse mais de seis meses de trabalho: sem comer, pagar o aluguel da quitinete minúscula e suja onde morava, e claro, a mensalidade do curso de confeitaria que estava fazendo!

Ah, doces... - pensou Virgínia, distraída. Esses eram a sua paixão. Bolos, tortas, cupcakes... amava prepará-los , confeitá-los, experimentar novos sabores!

Há pouco mais de dois meses, finalmente, conseguira juntar um dinheirinho e iniciara um curso na área, sonhando é claro, com o dia em que terá a sua própria "Carlo's Bakery", aliás, um dos seus programas favoritos era justamente o "Cake Boss", e claro, Buddy Valastro, seu ídolo!

Bem, - Virgínia falou para si mesma – não tenho tempo para ficar aqui observando clientes elegantes e solitárias! Vou agora mesmo, fatiar as tortas novas que chegaram mais cedo e facilitar assim, mais tarde, o meu trabalho na hora de servir quando o Café estiver mais cheio, por volta da hora do almoço. 

Rapidamente, e dando uma última olhada na cliente elegante, Virgínia, alcançou com a mão o fatiador de bolos na prateleira atrás de si e passou a concentrar a sua atenção na marcação das fatias.  Sua concentração só foi quebrada quando um vento frio e súbito adentrou no café quando a porta foi aberta para a entrada de alguém. 

E quando ela entrou, foi como se um sol quente e luminoso entrasse junto. E Virgínia parou por instantes,  esquecendo completamente o que estava fazendo.  

                                                                     ****************


Nota da Autora: Caso você tenha apreciado a leitura deste capítulo, ou mesmo tenha alguma crítica ou sugestão a fazer, agradeceria que votasse na estrelinha correspondente e postasse o seu comentário. É estimulante para quem escreve, obter esse feedback do leitor. Beijo e obrigada.

NereidaCoelho

ENTRE AMIGASOnde histórias criam vida. Descubra agora