Capítulo I - CECÍLIA

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Naquela manhã, caia uma chuva fininha e o dia cinzento não trazia muitos sentimentos animadores, dando mesmo até, certa preguiça de sair...

- Por que essa urgência de Virna para conversar hoje - se perguntou Cecília.

Enquanto caminhava, no início daquela manhã de segunda-feira, ela recordou o quanto à noite anterior havia sido um terror, com ela se levantado duas ou três vezes com cólicas menstruais (sempre as malditas cólicas!) e para trocar o raio do absorvente tamanho hospitalar. Isso, sem contar o ronronar do marido, que sabe-se lá, estava em noite dos seus piores roncos.

Bem, pela manhã, ela não poderia estar com pior humor quando o celular à cabeceira tocou insistentemente. Sem nem mesmo abrir os olhos , ela o alcançou com a mão.

- Alô? - ela falou ainda meio dormindo.

- Cecília? É Virna. Precisamos conversar com urgência. Aconteceu algo muito sério e não podemos perder tempo.

- Como? O que aconteceu? - Cecília falou já mais um pouco desperta.

O marido, olhos abertos e assustados, parecia esperar que ela repetisse para ele o diálogo que travava ao telefone.

- Virna, você poderia me ligar daqui a pouco? Não consigo raciocinar assim, de repente... - ela falou bocejando.

- Não - falou a outra. Eu espero você na cafeteria da Rua X. Estivemos lá uma vez há uns dois anos, quando fazíamos compras para o Natal, e todos os outros lugares estavam cheios demais para um lanche, lembra?

- Sim, sim - Cecília falou impaciente. Claro que eu lembro.

- Bem, a que horas nós nos encontraremos, então? - Cecília sentiu que não poderia adiar nem a conversa, e nem o encontro com Virna.

- Eu estarei lá, te esperando, às 10 horas, ok? - Não se atrase, Virna falou ainda, antes de desligar.

Cecília colocou o celular de volta no criado mudo, e ficou calada esperando que Alberto falasse.

- Era Virna?- ele perguntou quando viu que ela continuava calada.

- Sim. - e não falou mais nada, esperando.

- E o que ela quer com você de tão urgente? - Alberto insistiu.

- Não sei. Ela não disse. - eu realmente não fazia a menor idéia do que poderia ser. Afinal, nós nos falávamos praticamente quase todos os dias ao telefone!

- Bem - depois você me conta. De qualquer forma está mesmo na hora de levantar.

Enquanto Alberto saia da cama e ia em direção ao banheiro, agradeci de qualquer forma aquele ser um dia em que estava menstruada, e não precisaria dizer não ao sexo com o meu marido, sem que isso virasse um diálogo ríspido com ele.

Na verdade, não estava com a menor vontade de sair da cama.

- Droga- pensou Cecília. Por que não posso voltar a uns anos atrás quando vivia sozinha, ou mesmo quando era apenas uma adolescente, para ficar até mais tarde na cama sem preocupações com o que ia comer, limpar e... nem ter de sair para encontrar com uma amiga num dia chuvoso para resolver problemas?

Lembrou-se dos filhos, dormindo nos quartos ao lado do seu, e sem querer sorriu.

Agora eram eles que podiam ficar assim, a sono solto, sem se preocuparem com nada, depois de terem ido dormir de madrugada vendo filmes ou apenas ficando na internet, papeando com os amigos.

A porta do banheiro abriu e o marido saiu de lá, já de banho tomado e barba feita.

- Ainda na cama? - ele falou sorrindo enquanto se aproximava e lhe dava um beijo no alto da cabeça.

- Por que não fica mais um pouco na cama hoje? _ ele perguntou.

- Ah! Não sei... - ainda tenho de ver muitas coisas antes de sair para encontrar Virna. - falei - sem vontade nenhuma de levantar.

- Bem, querida - Alberto disse já vestido - Faça como quiser. Eu vou tomar um café rápido e estou de saída. Ligo para você mais tarde, certo? - Com isso, ele saiu do quarto fechando a porta.

Cecília ficou lá, deitada de lado, olhos fechados enquanto tomava coragem para se levantar.

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Nota da Autora:  Caso você tenha apreciado a leitura deste capítulo, ou mesmo tenha alguma crítica ou sugestão a fazer, agradeceria que votasse na estrelinha correspondente e postasse o seu comentário.  É estimulante para quem escreve, obter esse feedback do leitor. Beijo e obrigada.

NereidaCoelho

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