Capítulo 3 - Vítima do Destino

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O funeral foi preparado com extrema delicadeza, ninguém soube que eu havia terminado com minha esposa vinte duas horas antes dela morrer... Talvez se soubessem podiam me culpar pela morte dela, mas no fundo no fundo, a culpa foi minha mesmo.

Cerca de 240 pessoas estavam presentes no seu enterro, Katerine era querida por muita gente nunca entrou em qualquer tipo de brigas ou fofocas, sempre respeitou à todos que tinha contato.

Enquanto o padre estava fazendo seu discurso antes de finalizar o enterro eu me perdia em pensamentos... As coisas que ela havia me falado no caminho do hospital, estava me corroendo por dentro. Chegava a pensar que algo sobrenatural a havia matado, mas talvez era apenas o meu subconsciente tentando livrar-me da culpa... Subitamente meus pensamentos se foram quando um desconhecido segurou o meu ombro naquele dia... Sua mão era fria, tão fria, que era como se eu estivesse lavando um frigorífico sem luvas, o frio penetrou minha camisa e meu ombro começou a arder, uma voz suave disse: "Foi sem querer"... Instantaneamente eu virei meu rosto para ver quem era e para meu total espanto, não havia ninguém ali. Aquilo era inexplicável, e por esse motivo não contei a ninguém.

...

Cinco dias havia se passado.

Dayse era fantástica, uma mulher que eu me apaixonei perdidamente. Era estranho de se contar já que isso aconteceu enquanto eu estava casado com Katerine, mas o Amor nos prega peças, as vezes estamos fazendo juras eternas para um e num piscar de olhos, o Universo tende a nos colocar em caminhos totalmente diferente. A morte da minha ex, não só me abalou, como abalou também a Dayse... Claro, se eu estivesse no lugar dela também me sentiria assim, afinal foi praticamente nossa união que culminou com a morte de Katerine. Mas a vida continua e eu sei que deveria me esforçar para apagar essa página negra de nossas vidas.

Marquei um encontro as 21:00 da noite com Dayse, no restaurante em que nos conhecemos pela primeira vez, pedi ao garçon o mesmo vinho daquele dia e dentro da taça uma aliança de noivado que ela tanto desejava. Já eram 21:30, Dayse nunca havia se atrasado em nenhum dos nossos encontros. Minha preocupação se intensificou quando tentei contato no celular dela, ela nunca largava aquele aparelho, sempre ligado, sempre online, sempre pronto para qualquer mensagem de última hora... Mas naquela noite não. As 22:00 pedi ao garçon uma dose de Double Black, as 22:15 outra dose... As 22:30 decidi ir embora, pedi a conta ao garçon e pra minha surpresa estava escrito na conta "foi sem querer"... Assustado olhei para o garçon e ele não estava mais à minha frente, em vez dele estava minha falecida esposa com um sorriso mórbido na face. Um calafrio percorreu toda minha espinha, fechei meus olhos e balancei minha cabeça com força como se eu estivesse em um show do Metallica, talvez possa ter tomado whisky demais. Abri meus olhos e dessa vez o rosto dela estava frente a frente ao meu! Assustado levantei com tanta velocidade que esbarrei na mesa e vários utensílios caíram fazendo um barulho ensurdecedor. O garçon rapidamente me ajudou e foi então que percebi que estava tendo alucinações acordado, não havia utensílios no chão, não havia ex esposa morta em minha frente, não havia nada de mais, apenas o garçon com uma maquina de cartões, esperando que eu acertasse a minha conta... Pedi desculpas à ele, paguei a conta e sai o mais rápido possível daquele lugar.

Dei partida no carro e fui em direção a casa da Dayse, no caminho ainda sentia meu coração palpitando de uma forma intensa. Logo, um trânsito inexplicável para o horário fez eu diminuir a velocidade. As luzes inconfundíveis iluminavam ao longe, azul e vermelho dançavam sobre a lataria dos carros... Com certeza era uma blitz policial, averiguando cada carro pra saber qual motorista tinha cometido o infortúnio erro de beber e dirigir. Precisava me recompor para que qualquer policial olhasse para mim e não desconfiasse que eu tinha bebido. Abaixei os vidros do carro, diminuí o farol para apenas lanterna e liguei as luzes internas do veículo... Ao me aproximar da blitz, lembrei do que ocorrera no restaurante e me toquei que provavelmente deveria estar com perfil de alguém que bebeu todas já que tive aquele delírio insano. Agora era tarde para manobrar e sair dali, e se caso eu fizesse isso, com certeza alguma viatura sairia atrás de mim. Comecei a pensar em como fazer o policial acreditar que eu estava passando por dificuldades sentimentais, que minha esposa tinha falecido e se ele poderia deixar eu sair dessa ileso... Foi então que meus pensamentos foram interrompidos ao ver um carro capotado, não era uma blitz, era um acidente e eu conhecia muito bem aquele carro... Era da Dayse!

Desci rapidamente do meu veículo e fui em direção ao carro capotado, um policial me alertou que eu não poderia transpassar a área de segurança e deveria voltar ao meu carro... Eu não ouvi e continuei correndo até o acidente, dois policiais correram até mim me seguraram. Gritei o nome Dayse várias vezes, disse as policiais que me seguraram que era o carro da minha noiva e queria saber o que havia acontecido, eles me soltaram e disse logo em seguida que foi um acidente fatal...

... Não sei se foi por eu ter corrido ou por eu ter ouvido aquela frase ou pelo whisky, mas uma ânsia gigante transcorreu todo meu estômago, vomitei duas vezes antes da minha mente aceitar o que aconteceu...

... Dayse estava morta!!!

...

Fim do capítulo 3...

Dark Time Crônicas: vol. 01 - "Amor Verdadeiro"Onde histórias criam vida. Descubra agora