Sonho. - {Pé de Bebê}

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  Não pude acreditar em suas palavras, não pude acreditar que ia ter um filho. Ela me usou? Ela se aproveitou de mim no momento que eu mais precisava de alguém para me confortar? Estava com muita raiva.
- Esse filho não é meu. - Disse em seco.

  A expressão em minha cara estava bem clara. Eu não queria esse filho, pelo menos, não esperava ser pai tão cedo. Apenas fui conduzido pela raiva.
  Voltei para minha casa, saí batendo as portas por onde passava. Não conseguia controlar aquilo que estava dentro de mim. Esse sentimento me possuía, me deixava fora de si, eu não me reconhecia. Estava de noite, fiquei sentado no chão do meu quarto, chorando, com apenas a luz da lua, brilhando em meus pensamentos.
- Ela me usou, eu estava bêbado.... Não posso perdoar.... Não posso e nem vou perdoar.

  Me levantei e fui para o banheiro tomar banho. Tentar me acalmar, tentar pensar, entender o por quê isso está acontecendo justo comigo.
  Estava no banho, e de repente senti um aperto no peito, não sei explicar, só senti. Me enchuguei, me troquei e fui para a cama, estava com a cabeça pesada, afundada no travesseiro, pensei em tudo, dês do dia da bebedeira até hoje, principalmente naqueles sapatinhos de bebê, branquinhos, sobre sua barriga, com os olhos fechados adormeci.

  ***

  Estava em um lugar, minha casa, reconheci pelos móveis, ouvia um choro vindo do corredor, era estranho, corria para o meu quarto mas não chegava lá. Sem sair do lugar, cada passo que dava ficava mais longe, um corredor imenso, branco, e só com uma porta. Corria o mais rápido que podia, consegui entrar e avistei o que jamais imaginaria, vi um pequeno bebê deitado sobre minha cama, chorando, senti uma vontade enorme de pegá-lo, conforta-lo, acariciar-lo, vi aqueles pezinhos ali balançando em cima da cama... Na mesma hora fui e me deitei ao seu lado. Acariciei seu rosto, sua pequena cabecinha, suas mãozinhas, seus bracinhos, suas perninhas e seus pezinhos. Aqueles pezinhos pequenos, graciosos, que me chutavam a cada toque, a cada passada de dedo sobre sua pele sensivel.
  Me deitei ao seu lado, com o braço em volta daquele mini-ser, senti sua pele quente, instintivamente sorri. Comecei a rir e aquele pequenino deu a gargalhada mais gostosa que eu já tinha escutado. O abracei e pude sentir o amor e a paz que ele transmitia. Aqueles lindos pezinhos não paravam de me chutar. Sentia uma emoção tão grande que não cabia em meu coração. Era a melhor sensação do mundo.
  Acordei com o sol batendo em meu rosto, interrompendo o melhor sonho que já tive.
- Eu vou ser pai.

Pai e Filho.Onde histórias criam vida. Descubra agora