Preocupação / No colo do Papai

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-Carla acorda, pelo amor de Deus, não faz isso comigo. Carla, amor, acorda. - Fiquei desesperado, ela não pode morrer.

  Ela está pálida, branca como a neve lá fora, mas mesmo assim, está linda, deslumbrante. Liguei para a ambulância que chegou no local em minutos, não sabia o quê fazer, fiquei perplexo, minha amada estava com um pé na cova outro na vida? Como Julieta, que fez pensar á todos que estava morta, mas não estava?
  Meus nervos estavam a mil, lembrei de sua mãe, não sei porque, só lembrei. Tive uma secessão ruim e, tive que ligar para seu pai.
- Alô? - Perguntou.
- Afonso? - Perguntei.
- Oohh Joe, como vocês estão? - Perguntou com uma felicidade que me contagiou por uns segundos.
- Antes de te responder preciso saber de uma coisa. - Disse.
- Pode falar. - Agora a expressão dele era séria.
- Quando você disse que a mãe da Carla morreu a algum tempo, a quanto tempo específico? - Disse preocupado com a resposta.
- A 23 anos atrás. - Agora eu fiquei preocupado. A Carla tinha 23 anos.
- Isso significa que.... - Fui interrompido.
- Sim, ela morreu no nascimento da Carla. - Comecei a chorar.
- Por... Por quê ela nunca me disse isso?
- Ela não sabe. - Fiquei sério.
- Como?
- Eu disse à ela que sua mãe estava na Europa para cuidar da saúde... Se ela soubesse que sua mãe havia morrido no parto ela se culparia eternamente. Mas, por quê está me perguntando isso?
- PORQUÊ ELA NÃO ACORDOU E ESTÁ EM TRABALHO DE PARTO. - Gritei. - Ela não pode morrer. - Chorei ainda mais.
- Estou indo pra Nova York agora.

  Não respondi nada. Fiquei "paralisado" até os médicos chegarem.
- Quero que você fique calmo, eles estão bem.
- Eles? - Um sorriso enorme brotou em meu rosto.
- Sim, é um menininho.
- Quero vê-lo. - Disse me levantando.
- Agora não. Ele ainda está muito fraco, está na incubadora, você só pode vê-lo pelo vidro.
- Não importa, me mostre ele.
- Ok.

  Segui o médico até a área de incubação dos recém-nascidos.
- É aquele ali. - Apontou para o menininho mais lindo do mundo.

  Meu coração quase saiu pela boca, ver meu "cabecinha de sangue", ver meu filho, meu pequenino. Coloquei a mão no vidro pra me sustentar, minhas pernas estavam bambas, ver aquele ser de Deus, sangue do meu sangue, bem ali na minha frente me fez sentir uma sensação que nunca senti antes. Podia ama-lo só de vê-lo.
- Como está minha mulher? - Perguntei impaciente.
- Ela está bem, a cirurgia ocorreu muito bem. Ela deve estar dormindo.
- Posso ver ela? - Perguntei.
- Claro.

  Fui até a sala que estava. Ela estava dormindo, de uma certa forma isso me incomodou, mas ela estava viva, era isso que importava. Peguei em sua mão:
- Amor, não faz mais isso comigo, você não tem noção do quanto eu fiquei desesperado e preocupado. Eu te amo demais pra te perder. E o nosso filho, você tem que vê-lo, o nosso menininho é lindo. E ele...
- Sabe que ela não pode ouvir né? Ela está dormindo.
- Oi Afonso. - Fui em sua direção, pra dar um abraço no meu "sogrão"
- O médico disse que o bebê já acordou.
- Vou ver ele, fica com ela? - Perguntei já na porta.
- Ah claro. Vá lá.

  Já sabia o caminho, então fui rápido. Queria ver aqueles pares olhos. Fiquei admirando-o até uma enfermeira chamar minha atenção:
- Qual deles é o seu? - Perguntou me olhando.
- Aquele. - Disse apontando.
- Ótimo.

  Ela entrou na sala e pegou aquele rapazinho tão pequeno e trouxe até mim.
- Pegue, acho que quer segurar. Quando terminar vou estar bem ali. - Disse apontando.
- Ok.

  Terminei a conversa rápido, queria prestar mais atenção no que estava em meus braços, olhei envolta e vi uma cadeira, fui me sentar com ele, estava com medo de derruba-lo, fiquei admirando aqueles lindos olhos de rubi, meu rubizinho.
- Nada, nem ninguém vai fazer mal a você enquanto eu existir, Pedro. Meu filho.

Pai e Filho.Onde histórias criam vida. Descubra agora