Pai e Filho.

Somente minha grávida.

  {|| Eu não quero esse filho...  Não posso perdoar...  Não vou perdoar...  Você me usou... Eu estava bêbado... ||}

  Pensei em tudo o que disse a ela, e o que pensei sobre ela... Em questão de horas, tudo o que sentia de negativo sobre ela passou, por um mísero sonho, agora eu vou ser pai e nada mais importava pra mim, só o meu(a) futuro(a) "cabecinha de sangue", sangue do mesmo sangue, amor incondicional, amor de pai.
  No sonho sentia uma alegria que jamais sentiria em outro universo, uma alegria sem igual... incondicional... Ver aquele "mini-ser" chutando o vento, esperniando, chorando, sorrindo, me chutando... não tinha palavras.

  De tanto fitar o branco do teto me levantei, não sei porque mais fui levado até o quarto de hóspedes e comecei a imaginar ele todo branquinho, com um berço, uma cômoda, uma poltrona abaixo da janela para poder balançar e fazer-lo dormir ao canto da chuva...
  Sem perder mais tempo fui até a casa da futura mamãe, comprei rosas, as vermelhas, pois sabia que era a que ela mais gostava.
- Bom dia seu Zé. A Carla está? - Perguntei para o porteiro com um sorriso que o surpreendeu, claro, na última vez que nos vimos só o que fiz foi gritar com ele para abrir o portão.
- Caiu da cama seu Joe? Ainda é muito cedo. - Perguntou-me surpreso.
- Não, não... - Respondi rindo. - Mais então, a Carla está?
- Não. Ela foi para o aeroporto. - Aquele sorriso de orelha a orelha que lhe surpreendeu uma vez agora havia sumido.
- Como não? - Perguntei agora já ficando um pouco mais sério.
- Ela deixou isso para o senhor... - Disse ele me entregando uma carta. - Aliás, ela saiu não tem muito tempo.

  Após cada palavra sair de sua boca, após ter compreendido cada letra, meu mundo caiu. Depois de tudo o que aconteceu ela vai mesmo me deixar? Ela vai mesmo me separar da minha cabecinha de sangue? Não posso permitir.
Na carta dizia:
[ Joe, não devia ter lê procurado àquela noite, sei que errei e sei também que a presença da Camila está muito visível em seu coração, a culpa não é sua de estar esperando um filho seu, ele vai saber quem é o pai dele, não se preocupe. Adeus e um bom futuro sem mim... ]
  Parti em alta velocidade para o aeroporto, não sabia se a encontraria lá, nem sabia para onde ela estaria indo. Resolvi ligar para ela.
- *Caixa Postal... Deixe seu recado após o BIP... BIP* Alô... É... Carla... Não vá embora, sei que começamos errado, mas estou disposto a recomeçar. A ter você e o nosso filhinho aqui, do meu lado, pra sempre. Preciso de você... Preciso de vocês... - Desliguei.

  Cheguei no aeroporto e saí a sua procura feito um maluco desesperado no cio... Com o coração na mão, não a achei. Resolvi ligar novamente, enfim ela atendeu.
- Alô Carla???  - Disse numa empolgação só.
- Joe??? O que você quer? - Disse ela meio estranha.
- Onde você tá? Por favor não vá embora eu preci... - Fui interrompido.
- Joe eu...
- Por favor, não fala nada, só me escuta. - Ela não disse nada mais percebi que tinha concordado. - Eu errei, assumo isso, mais me arrependi, não posso viver com a ideia de você e nosso filhinho longe daqui, longe de mim. Preciso de você como jamais precisei antes. Além de você ser minha melhor amiga, agora vai ser também a mãe da pessoa que ainda não nasceu e já roubou meu coração. Nós dois juntos vamos trazer ao mundo a pessoa mais especial. Preciso de você. Por favor, não me deixe. - Disse isso com os olhos já marejando.
- Joe eu escutei a sua mensagem e não vou embora.
- Ah - Disse meio que sem graça. - Não precisava desse vexame todo.
- Precisava sim... Olha pra trás.

  Sem pensar duas vezes me virei, vi ela, ela que roubou meu coração em tão pouco tempo, ela que aos poucos estou me apaixonando. Ela que sempre foi importante pra mim...
  Saí correndo em sua direção, abracei ela com muita força, mas logo soltei, não queria machucar meu pequenino.
- Nem acredito que você está finalmente aqui. Comigo. - Disse sendo levado pela emoção, aos poucos fui me aproximando dela, coloquei as mãos em seu rosto e a beijei, o melhor beijo da minha vida. Um beijo apaixonado. Um de tirar o fôlego.