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Sem dúvidas, Michael Clifford necessitava sair daquela pacata e monótona cidade no interior dos Estados Unidos, o lugar em que seu coração fora cruelmente partido e totalmente arrancado de seu devido lugar.

Michael não se sentia quebrado, ele se sentia vazio.

O garoto soltou um longo suspiro, levando a garrafa de pigmento amarelado até os lábios rosados. a bebida desceu garganta a baixo e escorreu pelos cantos, deslizando pela sua pele branca. Ele observou o interior da garrafa e grunhiu ao constar que estava vazia. Arremessou o vidro para o outro lado do quarto.

Luke observava a cena com tristeza e até uma singela curiosidade. Nunca havia visto o amigo tão danificado e vulnerável quanto naquele momento. Ele apertou as coxas com força, os olhos percorrendo o cômodo, os livros, os globos de neve — Michael tinha uma estranha obsessão por globos de neve — qualquer coisa que não fosse o garoto sentado no chão à sua frente. O mais novo não sabia lidar com essas situações.

"Você sabe que Josh não era o garoto certo para você." Luke comentou, os dedos se arrastando pelos fios loiros e os repuxando levemente.

"E você sabe que isso não faz com que doa menos." Michael pousou os olhos esverdeados sem o brilho costumeiro no amigo. Ele apoiou a cabeça na cama atrás de si e encarou o teto branco acima.

"É. Eu sei que dói como o inferno." o loiro jogou seu corpo para perto do colorido, fazendo seus ombros se encostarem assim como o lado direito de suas costas. "Mas, amar é a única coisa que nos mantém vivos."

"Não cite Ed Sheeran pra mim. Não agora." resmungou. "Preferia ter me afogado na banheira. Certamente seria menos doloroso e mais dramático."

Luke não pôde deixar de sorrir. Ele tinha uma pequena queda por Michael. Gostava do seu jeito irônico e da melancolia.

Luke achava que aquela pequena cidade era um purgatório do mundo dos vivos. As pessoas eram sempre as mesmas, nada de novo acontecia ou aparecia por lá. todo mundo conhecia todo mundo. Luke podia listar os afazeres do carteiro, se quisesse. Tudo era completamente previsível e entendiante.

Além disso, a família de Luke não ligava para o mesmo, não se importavam com o que fazia ou deixava de fazer. O mesmo podia ser dito sobre a família de Michael.

Sempre foi só eles dois. Juntos. Apoiando um ao outro. Desde de crianças vinham traçando planos para deixar aquele lugar, nem que fosse por tempo limitado.

E talvez esse fosse o único empurrão que Luke precisava para convencer o amigo.

"Michael." Luke disse.

"Hum?"

"Acho que acabei de ter a melhor idéia de todos os tempos!" Luke exclamou olhando o mais velho com expectativa, que se limitou a arquear a sobrancelha em descrença.

"E desde quando você pensa? E mais surpreendente, desde quando você tem pensamentos brilhantes?"

"Nós vamos fazer uma viagem. Cair na estrada como almas solitárias." ele explicou, ignorando o comentário ácido do outro. Michael se remexeu no chão, demostrando interesse.

"Você sabe que temos aula, tipo, amanhã, certo?" inquiriu.

"Nas, Mike, estamos nas últimas semanas e, qual é, é óbvio que nós já nos formamos!" Luke colocou a mão no ombro de Michael. "Pense só, eu tenho minhas economias, você tem as suas. Estamos trabalhando na nossa rota de fuga desde crianças. Estamos completamente preparados. E, dizendo a verdade, ninguém sentirá nossa falta." completou com um sorriso triste.

Michael pensou um momento e Luke mordiscou o lábio ansioso. Por fim, o colorido se levantou em um pulo e sorriu torto.

"Estou nessa. Mas temos que voltar para a formatura, nem acredito que essa merda acabou."

runaway 🚗 [lrh + mgc] Onde histórias criam vida. Descubra agora