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luke

depois de nos informamos com luigi e colocarmos nossas mochilas e a case do violão no carro, partimos em direção a rodovia. era estranho viajar sem um rumo em mente. não importava, de qualquer maneira. tudo que eu precisava estava bem ao meu lado.

e tudo que eu precisava estava me irritando.

"estou com sede."

"eu ouvi quando você disse isso das primeiras cinco vezes." revirei os olhos. "estamos no meio do nada, não sei se você percebeu. vê algum lugar que esteja vendendo água?"

michael resmungou algo incompreensível e se afundou mais no banco.

"foi o que eu pensei."

as árvores começaram a dar lugar a algumas poucas casas. luigi nos disse que iria demorar um pouco até entrarmos na estrada principal de novo.

"na verdade, estou vendo um lugar sim." o garoto falou de repente com um sorriso no rosto. franzi as sobrancelhas.

um homem anão estava com uma garrafa de água em cada mão, as sacudindo em cima de sua cabeça. ele era moreno e usava óculos escuros.

deveria pisar no acelerador ou no freio?

"ei!" gritou e se meteu na frente do nosso carro. meu pé pisou no freio com força, fazendo o veículo parar bruscamente.

"merda." michael xingou com o corpo curvado para frente.

"se machucou?"

"não, loirinho." sorriu de lado. "obrigado pela preocupação."

o anão bateu no nosso vidro. sem saber muito bem o que fazer, abaixei a janela.

o garoto colorido tateou os bolsos atrás de dinheiro.

"quanto custa a água?" indagou.

"pra você, faço por dez."

"dez?" repeti. "com dez reais eu compro três dessas aí no mercado."

"você que sabe, vara-pau." deu de ombros. "é pegar ou largar."

"eu pego!" michael falou um pouco desesperado.

agarrei sua mão, o impedindo de entregar o dinheiro.

"primeiro, eu não sou um vara-pau. segundo, faça por cinco." 

"não vai rolar, vara-pau."

cerrei os dentes.

"aposto que somos seus primeiros clientes em dias."

"está enganado."

"olhe nos meus olhos e me diga que não somos as primeiras pessoas que aparecem por aqui por um bom tempo." sorri debochado.

ele trincou o maxilar.

"eu sou cego."

michael começou a rir histericamente do meu lado. peguei o dinheiro dele.

"vamos levar duas."

depois de acelelarmos com o carro e nos afastarmos, michael se virou na minha direção com a sobrancelha arqueada.

"luke?"

"hum?"

"você ainda está segurando minha mão."

"o que?"

"minha mão. você ainda está segurando ela."

olhei para baixo. nossos dedos estavam entrelaçados.

"oh." murmurei.

"você vai soltar?"

pisquei.

"você quer que eu solte?"

pareceu envergonhado.

"não sei."

"então, eu também não sei."

"ok."

"ok."

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⏰ Última atualização: Nov 10, 2020 ⏰

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