Way Back Into Love

Déjà vu

Passamos exatamente uma semana sem nos falar. Jenny não ligava, não mandava SMS, nem mensagem em nenhuma rede social. Comecei a me preocupar. Será que aquele dia tinha sido um término? Não. Não aceito um término desses após 5 anos juntos.

Apesar da ideia que Jenny nunca aceitava, o que ela não sabia é que a cada não que ela me dava, eu continuava guardando sempre um pouco do meu salário pra vê-la. Depois de tanto tempo sem nos falar, não pensei duas vezes. Pedi licença no trabalho com a desculpa de que eu ia visitar um parente doente, o que era uma baita mentira, eu não tinha parentes, não que eu lembrasse. Fiz minhas malas e comprei minha passagem pra Minas Gerais. O endereço de Jenny eu tinha, ela havia me passado quando fizemos 1 ano de namoro, eu queria enviar um presente a ela, mas acho que ela nem lembrava que eu tinha. Após comprar a passagem parei pra contar quanto havia me restado, se dava pra ficar em uma pousada, já que Jenny havia deixado bem claro que não ia me aceitar em sua casa. Por quê? Eu não sei. Como eu já vinha juntando dinheiro a um bom tempo, contei 4.305,00 reais. "Nada mal", pensei.

Segui em direção a rodoviária e parei no caminho ao ter uma ideia. Parei em frente a uma joalheria onde estavam a venda belíssimos anéis. "Vou pedir Jenny em casamento!", pensei imediatamente enquanto já ia entrando na loja.
Olhei todos os anéis que a boa moça havia me mostrado, mas tinha um que me chamou atenção por uma lembrança que me surgiu imediatamente ao vê-lo.

"... Ela finalmente havia chegado na igreja. Um casamento. Uma mulher tão bonita que parecia irreal. Os dois se olhavam com ternura. Ao lado um banner com uma foto dos noivos e seus nomes: Alexia e Daniel.
Chegou a hora da troca de alianças e uma criança linda aparece trazendo-as. Uma garotinha, loira de olhos brilhantes. É a filha do casal, a pequena Alice. Daniel coloca a aliança em Alexia fazendo seus votos. Aquele anel... Alexia pega a aliança de Daniel para colocar em seu dedo, mas um homem no fundo da igreja se levanta e dispara diversas vezes contra Daniel que cai, agonizando, ao lado de sua filha e esposa. Alexia, ao ver o marido quase morto em sua frente, num gesto impulsivo, levanta o vestido para abaixar e tentar ajudar seu marido. Quando solta o vestido, o anel prende no mesmo e cai ao lado do rosto de Daniel. E é a última coisa que ele vê até que a morte o leva embora, junto com a chance de ser feliz."

Fui despertado da lembrança quando a moça do balcão chamava minha atenção. Apontei pro anel que estava meio escondido e disse que o queria. A moça me olhou preocupada e disse:
- Senhor, não é que eu não queira vender o anel, mas essa é uma peça antiga, e todas as pessoas que usaram ou foram presenteadas com essa peça não tiveram um bom final... Se é que o senhor me entende.

- Como assim? É só um lindo anel, moça. Eu quero levá-lo, por favor.

As vendedoras se entreolharam, e depois de alguns instantes ela o buscou pra mim. Saí da loja feliz, comprei o anel mais bonito, pedi pra moça guardar ele numa caixa com muito cuidado pra não chegar lá com nenhum arranhão. Guardei no bolso de dentro do meu casaco pra não perder, então esperei ansiosamente o ônibus que me levaria até a rodoviária.

Ao chegar na rodoviária me informei ao máximo pra que nada desse errado, deixei a passagem certinha e aproveitei pra fazer um lanche, já eram 15:00PM e eu não tinha almoçado ainda, talvez fosse ansiedade. Comprei biscoitos, salgadinhos e refri pra comer dentro do ônibus, pedi meu rango pra comer no momento, e tirando o anel do bolso para admirar como ficaria no dedo de Jenny, esperei sorridente.