12 - Luana

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Quarta-feira, dia 4 de Novembro, 8:54, troca de aulas.
Girls:
- Você o quê? – Anne perguntou, abrindo a boca.
- Eu aceitei. – suspirei, derrotada. – É o único jeito de impressionar minha mãe... Thur é daquele tipo de menino que impressiona qualquer um.
- Com certeza. – Rhayane ofegou, olhando fixamente para o final do corredor. Acompanhei seu olhar e observei Lucas, Pedro, Austin e Thur virarem o corredor. Austin vinha abraçado com uma loirinha do primeiro ano, Pedro e Lucas conversavam e Thur andava desleixado, com as mãos nos bolsos e uma postura de fodão. Quando me percebeu parada no armário, olhando pra ele, saiu de perto dos amigos e se aproximou de mim.
E isso não fez meu coração disparar.
Não mesmo.
- Oi. – ele disse, acenando para as meninas. – E aí, nerd. – disse, dando um peteleco no meu nariz.
- Oi. – respondi, imediatamente me arrependendo de ter aceito aquela proposta.
Eu havia, por um momento, me esquecido do quanto o odiava, e de o quanto odiava aquela postura de eu-sou-foda-mesmo. Mas nem eu sabia explicar o que havia acontecido! Na noite anterior ele estava tão... Fofo.
Droga de hormônios!
- Então, eu andei pensando... – ele se curvou e sussurrou, seu hálito gelado soprando na minha bochecha. – Vou aceitar suas condições.
- Hm... – murmurei.
É, não tinha mais volta.
Droga de hormônios!
- Beleza... Eu só preciso dar umas ligações... – mordi a boca, pensando no que faria primeiro. – Vocês já têm alguma música?
- Sim, temos umas cinco. – Lucas respondeu por Thur, chegando perto de nós. Anne, ao meu lado, estremeceu. – Mas boas mesmo só duas. Holiday e Too Close For Comfort.
- Cala boca, House é muito boa! – Pedro exclamou.
- É... Um bom nome. – Rhayane concordou, ficando vermelha logo em seguida.
- Viu só, ela gostou. – Pedro sorriu como uma criancinha.
Olhei de relance para ela, e sabia que estava se punindo mentalmente por ter aberto a boca perto dos garotos. Marilyn olhava para o chão, mais especificamente para a Nike cano médio de Austin, e Anne parecia uma estátua.
Virei os olhos.
Minhas amigas podiam ser bem patéticas quando queriam.
- Beleza vou marcar um horário no estúdio, provavelmente vocês já gravem hoje... Vocês tem MySpace?
- Sim, senhora! – Lucas disse, batendo continência. Anne riu, e, pela primeira vez em todos aqueles anos de paixão platônica, ele olhou diretamente para ela, que ficou mais vermelha que um pimentão.
Mas eu não posso dizer que ele parou de sorrir.
- Mas ele tá um pouco... Preto. – Austin entortou a boca. – Tipo, nenhum de nós sabe mexer naquilo.
Ou nenhum deles teve tempo de mexer, entre as festas e as ressacas.
Mas é claro que eu não disse aquilo. Eu ainda queria o meu carro.
- Tudo bem, eu mesma posso dar um up nele hoje à noite. – disse, anotando mentalmente tudo que deveria fazer.
- Muito obrigado por nos ajudar, Luana. – Lucas agradeceu.
Se ele soubesse o porquê de eu estar ajudando, não estaria agradecendo. Estaria rindo como um hiena. Mas ele não sabia. Pelo menos eu pedia a Deus que não soubesse.
Olhei para Thur com o canto dos olhos. Ele estava um pouco lento demais, olhando para algumas meninas do primeiro ano que passavam, então eu sabia, com certeza, que ele havia bebido antes de vir à escola. Não que eu soubesse que quando seu cabelo estava mais bagunçado do que o normal e seus olhos estavam vermelhos ele estava chapado. Nada disso! Era só uma coisa... Óbvia demais.
- Lu? – Anne estalou os dedos na minha frente. Balancei a cabeça, piscado os olhos várias vezes. – Eles já foram... Você está bem?
Hm... Levando em consideração de que as próximas duas semanas seriam um desastre, que meus hormônios estavam impedindo a oxigenação do meu cérebro e que eu não sabia no que diabos Thur poderia me ajudar de verdade, além de ficar chapado e dizer que meus peitos ficariam bem em determinado vestido, não. Eu não estava bem.
Mas quem disse que eu me importava?

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