null suspirou enquanto passava as mãos pelos cabelos, arrepiando-os de modo desesperado. O casamento com Aubrey seria no dia seguinte e tudo estava mal resolvido. Ele não queria se casar. Ele não podia se casar. Na verdade, ele nem deveria ter começado a namorar com Aubrey se soubesse que sua vida iria tomar uma proporção horrenda daquelas. Talvez o arrependimento sincero que sondava seu coração não era o suficiente para que Deus viesse perdoá-lo do pecado e livrá-lo da condenação que era casar com alguém que não se ama. Apenas por causa de um filho. Mas null não podia se esquecer de que engravidar a namorada era apenas um dos pecados proibidos que ele cometera. Talvez seja por isso que Deus não o perdoaria.
- null? - ouviu a voz de sua mãe chamar do lado de fora do quarto e olhou para a porta mesmo que ela estivesse fechada separando-o do mundo detrás dela. - Estamos em cima da hora do culto. Já está pronto?
Fechou os olhos aos poucos enquanto puxava a gravata, afrouxando-a. Seu pescoço parecia estar enclausurado pelo cordão da gravata o apertando.
- Estou. Me dê dois minutos e logo desço.
A mulher soltou um murmúrio e null achou que ela tivesse ido embora, mas ao contrário do que imaginava, viu sua mãe abrir a porta levemente e colocar o corpo bem vestido para dentro do quarto, encarando-o com os olhos semicerrados em algo que ele sempre viu nas íris dela: amor e, naquele momento, um resquício de pena.
Amalia null não parecia ser mãe de um rapaz de dezenove anos e, sim, irmã. Os anos valorizaram muito a aparência da mulher, fazendo com que seus cabelos null alourados ficassem ainda mais brilhosos, os olhos verdes ainda mais instigantes e os lábios pintados de um batom nude que não escandalizava as outras mulheres que certamente estariam no culto àquela manhã. A mulher se aproximou do filho e logo sentou ao lado dele, na beira da cama, abraçando-o com os braços gentis e aconchegantes.
- Eu pensava que iria ver um sorriso em seu rosto. - ela passou os olhos por toda face dele, analisando-o. - Amanhã é um grande dia. Achei que estaria ansioso. - o rapaz sorriu cabisbaixo.
- Seria meio estranho se eu ficasse ansioso com uma coisa que não vai me fazer feliz, não é? - ele mordeu o lábio inferior. - Esse casamento não é o que eu sonhei para mim, mãe. Não é o que eu desejei para a minha vida.
- Mas não há o que fazer, null. - ela elevou um pouco a voz. - Você engravidou a moça. Pensa em como vai ser quando a cidade descobrir esse ultraje. Você e Aubrey vão perder completamente o respeito das pessoas por aqui. Vocês vão ser julgados de uma maneira como eu nunca sonhei para um filho meu.
- Eu não me importo com o que as pessoas vão falar, mãe. Eu pouco me interesso com o que as pessoas dessa cidade dizem. - null já sentia o nervoso tomar conta de suas veias. - Eu não vou colocar em risco a minha felicidade porque as pessoas julgam ser o errado.
- Pensasse nisso antes de ter desobedecido aos mandamentos sagrados e ter transado com a garota. - ela o fitou seriamente. - Não apenas isso, mas ter usado camisinha, terem se precavido. Há métodos que evitam uma gravidez, null, e vocês foram realmente irresponsáveis. Fora que transar antes do casamento é algo que nós ensinamos aos nossos filhos para que não aconteça.
- Eu sei, mãe, eu sei. - ele passou a mão pelos olhos, tentando procurar controle para não fugir de casa de vez. - Eu me culpo por isso todos os dias. Eu fui idiota e Aubrey também. Mas isso não dá o direito a ninguém de me forçar a casar com uma pessoa que eu nunca amei.
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Um Arriscado Amor
Teen FictionUma cidade pequena. Uma família religiosa. Dois primos. A luta por um amor pode ser muito mais densa do que se imagina. Um casamento forçado e cercado por mentiras poderia ser a deixa para que um relacionamento secreto entre familiares pudesse ser t...