Chegou em sua casa sem muita demora e tudo parecia ainda mais caótico do que quando estava assim que eles haviam saído para o culto. Flores brancas e rosas vermelhas estavam espalhadas pela casa, algumas pétalas moldando o chão branco e um corre-corre de pessoas que não paravam de andar pra lá e pra cá com grandes caixas na mão e algumas decorações brancas demais. null cerrou os olhos não conseguindo entender por que tudo aquilo estava acontecendo com ele, mas no fundo de sua mente ele imaginava que seria pelo simples - ou até complicado demais - motivo de ter se apaixonado por sua prima. E por falar na garota, assim que chegou à porta da frente de casa, viu-a descer do carro ao lado de Aynee, endireitando a saia no corpo enquanto caminhava na direção de onde ele estava.
Seu coração entrou em um estado mais do que agitado assim que avistou a menina se aproximar e, automaticamente, o olhar dela se voltar para ele, encarando-o por sobre os longos cílios escuros e arrebitados. Mordeu o lábio inferior quando conseguiu sentir o perfume dela inundar suas narinas e a menina parar em sua frente, desviando o olhar do rosto dele no mesmo instante.
- Onde está Amalia, querido? - perguntou Anyee para null acordando-o de seu estado paralisado para respondê-la.
- Está aqui dentro, tia. Vou te levar até ela.
Ele encarou null mais uma vez que levantou os olhos profundos para ele, puxando um sorriso com os lábios rosados. Ele não pôde frear o sentimento de saudade que teve ao se lembrar de que aqueles foram os melhores lábios que ele havia beijado.
- Olá, null. - ela sorriu e logo atravessou por null, sem dar tempo de o garoto responder ao cumprimento.
Por mais que o impulso dele fosse prender o braço de null em sua mão e fazê-la esperar, não fez nada que pudesse escandalizar ou deixar null ainda mais irritada com ele. Se é que ela estava irritada de verdade. A garota parecia muito neutra e ele pôde contemplar aquilo com grande clareza ao ver a garota olhar toda a decoração do casamento e suspirar, como se tudo estivesse muito bonito. Na verdade, estava mesmo muito chamativo e bem arrumado. Amalia, Aubrey e Laurel haviam escolhido muito bem todos os detalhes da decoração e festa, fazendo com que o branco e prata se fundissem com perfeição ao vermelho e lilás bebê, trazendo um perfume natural vindo das muitas rosas que começaram a ser arrumadas sob a ordem de sua mãe.
- Vamos colocar aquela coroa de flores acima das luzes. - ela apontou para o teto onde o grande lustre da sala de estar pendia com esplendor. - Pela cor vibrante das rosas vermelhas, vai dar um ar mais apaixonado à festa. Estamos celebrando o amor, pessoal, precisamos pregá-lo em todo o canto.
null sentiu sua garganta fechar. Ele estava sentindo tudo. Mas era tudo ao contrário do que todos pensavam. Ele estava sentindo desespero e não amor. Aqueles preparativos todos davam uma sensação de abismo dentro dele, uma repentina vontade de vomitar tomava conta de seu estômago e parecia que iria se aliviar somente quando gritasse para o mundo inteiro que não queria se casar. Olhou ao redor e pôde ver null encarando tudo com os olhos brilhantes.
- Está tudo muito perfeito, tia Amalia. - ela elogiou enquanto pegava uma rosa e cheirava as pétalas. null colocou as mãos no bolso da calça imaginando como seria se ela fosse a noiva e não Aubrey. - Vai ser uma festa linda, você não acha, Adam? - ela se virou para Adam e entregou a rosa para o garoto, que segurou a flor com um tanto de surpresa estampada no rosto.
- É o que todo mundo espera, priminha. Ou quase todo mundo. - ele olhou para null, mas a atenção foi tomada novamente por null assim que Aynee a chamou para que a garota ajudasse com os preparativos.
A menina andou até a mãe tomando um ramo de flores na mão, sendo orientada para colocá-lo num vaso que ficava em uma das mesas que começaram a ser espalhadas pelo grande salão, apenas deixando um grande círculo vazio ao meio que certamente era o lugar onde os noivos iriam valsar e os casais iriam dançar até o fim da festa. null observou null arrumar as flores no vaso com cuidado e apreço, conseguindo ver como a garota era delicada ao tocar as pétalas, fazendo de tudo para que nenhuma caísse. Organizou perfeitamente o vaso até que as flores estavam mais do que bem arrumadas. Parecia um verdadeiro buquê de rosas. null ainda estava parado apenas observando os movimentos da prima, os olhos descendo por suas curvas bem moldadas e pelas pernas lisas que formavam a beleza de seu corpo. Logo, conseguiu ouvir a voz de null ressoar pela sala um pouco barulhenta.
- Tia Amalia? - sua mãe encarou a menina, sorrindo carinhosamente. - A senhora pode me dar um tempo? Preciso trocar essa roupa e os saltos já estão me incomodando um pouco. - a mulher abriu a boca ao encarar a sobrinha.
- Oh, minha querida, mas é claro. Não precisa pedir. Seu quarto já está pronto esperando por você. - ela sorriu para a garota. - Acredito que tenha alguma roupa sua no armário.
- Não é necessário Amalia, null trouxe roupa de casa. - Aynee falou enquanto olhava a para a filha. - Vá depressa, meu amor, estamos precisando da sua ajuda por aqui.
- Não demoro. - ela sorriu e saiu em passos largos até a escada, subindo depressa até seu corpo não ser mais visto pela sala. null sentiu uma grande vontade de seguir null, principalmente que ele sabia muito bem onde ficava o quarto que Amalia preparava para a garota. O mesmo quarto onde eles transaram escondido por várias vezes, onde Adam os flagrou pelados se amando e que ficava apenas há duas portas de distância de seu próprio quarto. Mas antes que pudesse dar um passo para subir as escadas, ouviu a voz de sua mãe o chamar.
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Um Arriscado Amor
Teen FictionUma cidade pequena. Uma família religiosa. Dois primos. A luta por um amor pode ser muito mais densa do que se imagina. Um casamento forçado e cercado por mentiras poderia ser a deixa para que um relacionamento secreto entre familiares pudesse ser t...