PARTE I
É fácil gostar do que não conhecemos. Para amar realmente, é preciso conhecer e perdoar.
~*~
Essa é a quarta vez que vou mudar de escola. Sempre que eles percebem alguma mudança no meu comportamento (ou a falta disso), meus pais mudam para um novo lugar, com a desculpa de que eu que preciso aprender que existem muitas opções no mundo. Mesmo assim, as escolas são todas parecidas.
Minha mãe bate na porta do quarto as seis e quinze, dizendo: – Pela segunda vez, Déa, você vai se atrasar para o primeiro dia de aula. – Eu juro que não ouvi a primeira vez que ela chamou, pareceu parte do meu sonho. Ela acende a luz e sai rumo ao quarto do meu irmão que fica a menos de três passos do meu e eu posso ouvir o mesmo discurso amedrontador na porta ao lado.
Decido que é hora de abrir os olhos. Bufando e batendo com os braços na cama, abro os olhos para ver meu teto verde limão com estrelinhas que brilham no escuro. Depois, confiro no criado mudo que ela estava certa, como sempre: estou atrasada.
Eu ainda não estou acostumada com a disposição dos móveis no meu quarto novo. Além da escola, mudamos para uma cidade nova, para uma casa nova. Meu pai acata essas ideias da minha mãe por temer a fúria que pode seguir a carranca que ela faz se ele ameaça discordar.
Nas minhas paredes amarelinhas estão meus pôsteres dos meus personagens preferidos e meu espelho. Ao redor da porta de entrada do quarto, tenho uma estante de livros do lado esquerdo, permeada pela bagunça estudantil que eu afirmo ser necessária para aflorar as ideias – traduzindo: quando eu estiver afim, jogo metade de tudo fora, o que não acontecerá hoje.
Do lado direito da porta há um pequeno armário para calçados pintado de verde limão e em cima dele, minha mochila e meus livros escolares, previamente arrumados ali pela minha mãe. Eu não quero olhar para eles até que seja estritamente necessário.
Não é simplesmente mais um ano letivo, estou começando o Ensino Médio em uma escola nova. Toda a preparação psicológica e social que eu tive nos últimos dois anos na minha antiga escola foi jogada no lixo devido às ideias mirabolantes da minha mãe. Tudo bem, eu não era a pessoa mais popular de lá, porém posso dizer que consegui ter meu destaque entre alguns professores, fiz alguns colegas... Confesso que nunca prestei atenção aos garotos.
Reviro para o outro lado da cama tentando esfriar a cabeça e me encaro no espelho que fica em pé ao lado da janela. Eu nunca penso muito sobre as dificuldades das novas escolas, encaro tudo como um desafio. Nunca ocupo uma posição de destaque, mas gosto de estar acima dos que passam raspando. Eu tive que ser simpática e até ouvir algumas músicas bem fora do meu gosto, tudo para poder passar pelo menos um ano sem ser apenas a "a garota nova que é experiência dos pais".
Só que esse verão mudou meu ponto de vista. Eu fiquei dois meses decorando meu quarto e o do meu irmão e fui à diversas escolas até que minha mãe encontrasse algo que fosse "originalmente" igual às anteriores. Depois de seis escolas, marcamos uma visita ao Colégio Victoria Lux, que ficava a sete quarteirões da nossa nova casa. Minha mãe disse que preferiu visitar os mais distantes e deixar o mais próximo de casa por último.
Foi algo que ouvi no dia da entrevista que me fez mudar de opinião sobre minhas atitudes nas escolas. Enquanto esperava pela diretora na secretaria, minha mãe e eu ficamos conversando, ou melhor, fui convencida de que precisava de um novo corte de cabelo para começar bem o ano letivo.
– Você deveria considerar melhor os meus conselhos, Déa. Eu já tive a sua idade. – Minha mãe me disse num tom baixo.
– Mãe, quando foi que minha opinião impediu seus planos?
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Os protetores (livro um)
किशोर उपन्यासPara Déa, uma garota de quinze anos que vive à sombra de sua mãe, tomar qualquer tipo de decisão não faz parte de sua rotina. Até o dia em que ela decide mudar a própria vida. Ela só não esperava o seguinte: Num mundo relativamente normal, uma porc...