Sem Resistência

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Sinto sua Falta... Amor!




Eu espero, espero e espero, e... Nada.

Jack não volta, me recuso a acreditar que ele me deixou falando sozinha, fico irritada, não apenas isso, furiosa e magoada. Levanto da cama, como não ouço nenhum passo, arranco essa máscara idiota do meu rosto, tranco a porta, bem mais que furiosa.

Como você é Infantil, Jack Carsson, não consegue ter uma conversa de adulto por mais de dois segundos inteiros.

Estou mais brava por ele ter me deixa falando só, do que pelo fato de não querer falar sobre o assunto, odeio quando fazem isso comigo, mamãe faz isso comigo, ela tem toda essa coisa de evitar discussão, eu não, eu não sou assim. Eu quero resolver o problema e pronto, sei que postergar só vai piorar tudo.

Bem, mas se é assim que ele prefere, assim será.

Vou para o banheiro, me olho no espelho, e—involuntariamente é claro—começo a chorar, as lágrimas são de pura raiva mesmo, como eu odeio essa situação, já está insustentável o bastante, me sinto tão saturada, tão lotada disso tudo.

Respiro fundo, minha garganta queima, sufoco as lágrimas, e percebo que estou muito magoada também.

Suspiro, até quando tudo isso vai durar, Deus?

Me sinto frustrada com tudo, cansada, já disse emocionalmente destruída?

Me sento no vaso fechado e apoio os braços nos cotovelos, as mãos no rosto, seco as lágrimas, digo para eu mesma umas sete vezes seguidas a seguinte frase:

"Isso vai acabar"

E fico ouvindo a quietude do banheiro de luxo, olho em volta com desânimo, essa banheira espaçosa onde tomei banho ontem, a pedra de mármore bege perfeita, analiso o chão de porcelanato liso e limpo, levanto, me aproximo do lavatório, de novo me sinto num desses filmes americanos que eu assisto.

Apoio as mãos na pedra de mármore e me observo no espelho, meus olhos são castanhos claros, mas estão avermelhados, meu nariz não é tão delicado e pequeno, mas é reto, minhas bochechas são mais cheias, meus lábios são maiores e mais cheios, mas a minha boca não é tão grande, fungo, mais lágrimas.

Não posso me sentir assim, não posso me permitir ficar desse jeito, mas o que posso fazer para evitar? Desde que eu conheci esse homem, estou com os nervos à flor da pele, fico nervosa e deprimida com tudo, mal consigo lidar com os meus próprios sentimentos, e para completar, ele nunca me escuta.

Respiro Fundo.

Um furor veloz cresce dentro de mim, estou puta de raiva, não é medo, não é incerteza, é apenas ódio, ódio pela situação.

Fico me olhando agora, meus cabelos caindo dos lados do meu rosto, bagunçados, os cachos pesados e desordenado, eles caem na altura dos meus cotovelos, as pontas meio claras e secas, a camisa de Jack no meu corpo me deixa parecida com uma gorducha que eu vi num filme antigo, me pergunto pela centésima vez, o que ele viu em mim? Eu não sou bonita, não sou magra, não tenho atributos físicos perfeitos, e eu não me considero uma mulher extremamente inteligente.

Lavo meu rosto, tento prender meus cabelos, não consigo e isso me deixa ainda mais enfadada, da vontade de passar a tesoura—já fiz isso várias vezes em momentos de raiva—, descontar a culpa dos problemas nos meus cabelos.

Ando de um lado para o outro—estou surtando—, respiro fundo e mais uma vez, conto até dez, pulo, preciso que isso saia de dentro de mim, mas não consigo expulsar, Meu Deus do Ceu, como eu odeio quando me deixam falando sozinha.

Poderosa Obsessão (livro I) - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora