A Máscara

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Loucura...




Um homem usa uma máscara e de repente ele a tira, grito com a imagem do rosto deformado, então, acordo, me ergo de repente, desnorteada, estranho a claridade, mas não consigo abrir os olhos, sinto medo, estou chorando.

Demoro um pouco até conseguir me mover, apalpo a cama em busca da máscara de dormir, alguns segundos depois escuto passos apressados, já sei quem é, seco as faces rápido, esse foi o pesadelo mais estranho da minha vida.

—Minha máscara, onde está?

—O que foi?

Sua voz está mais próxima, e eu estranho o fato de que ele pareça sempre tão preocupado comigo, sinto um cheiro bom de sabonete, Jack segura minha mão e percebo que a dele está molhada. Ele estava no banho.

—Você está chorando?

Acho que ele pergunta só para ter certeza, claro que ele sabe que sim, que pergunta mais idiota.

—Não foi nada. —Consigo responder, o choro preso na minha garganta, ainda aterrorizada por esse sonho. —Onde está a minha máscara?

—Não está com ela! —exclama meio baixo.

—Não, eu estou com os olhos fechados, não consigo achar.

Me estico na cama procurando a máscara, não sei por que não abro os olhos e não acabo logo com isso, me sinto tão boba, tão idiota em concordar com isso, apalpo os cobertores. É difícil achar algo nas cegas, mesmo com a claridade do quarto, eu sei que não posso abrir os olhos.

Minhas mãos tremem, meu coração está disparado, sinto esse medo estranho, é isso, tenho medo de ver Jack Carsson.

—Você não está bem. —Sua voz está impaciente. —Por que está chorando?

—Foi apenas um sonho ruim. —Me estico na cama, ela é enorme, enfio as mãos debaixo dos travesseiros, achei!

Coloco tão rápido, que até me assusto, e não faço ideia do porquê fico aliviada com isso, de novo, de volta a escuridão.

—Eu já volto, fique ai!

Os passos se afastam, seco minhas faces, não tenho pesadelos assim há um bom tempo. Os últimos pesadelos que tive, me renderam anos de terapia com uma psicóloga que eu nem lembro o nome, era horrível descrevê-los, claro que esse pesadelo nem chega aos pés daqueles, mas me faz lembrar daquele momento ruim que eu sempre tento apagar da minha memória, sinto arrepios só de pensar.

Toco minha nuca e os meus ombros, sentindo a tensão. Estive tensa durante o sono, isso acontece sempre em véspera de prova, ou quando estou sob grande estresse. Acho que já cheguei ao meu limite com toda essa coisa, eu não quero mais prorrogar nada, eu não quero mais ter que saber lidar com Jack, ele é complicado, é difícil e, ele quer me forçar a aceitar algo que eu não quero.

—Pedi o nosso café. —Ele entra no quarto, a voz parece bem humorada. —Eu cancelei a viajem.

Sufoco, oprimo e fico paralisada, tentando engolir a notícia, ele se senta diante de mim, as mãos seguram minha cabeça de forma que os polegares estão nas minhas bochechas, de um jeito impulsivo coloco as mãos sobre as dele, quero tirar as mãos dele de mim, não quero que me toque mais, porém, sou de novo pega por essa sensação de imobilidade, não consigo.

Poderosa Obsessão (livro I) - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora