Quatrième chapitre

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Viva.

Acordei de sobresalto após ver aqueles olhos. Minha respiração era mais que ofegante e eu me sentia cansada, como se tivesse corrido toda uma maratona.

Sobre minha testa o suor escorria e as gotas salgadas chegavam até minha boca, ainda entreaberta para tentar regular minha respiração.

Até então eu não havia percebido mais minhas mãos estavam fechadas fortemente em punhos e uma leve dor se fez presente em minhas palmas. O que havia sido esse sonho? Porque o tive? Para que?

Muitas perguntas já circulavam minha mente e eu simplesmente não sabia onde encontrar nenhuma repostas para tais. Bufei ainda cansada e levei minhas mão para o rosto, secando o suor e jogando alguns cachos de meu cabelo para trás. Será que esse sonho tem algo haver com meus pais? Ou com o futuro?

Batidas na porta me fizeram despertar e espantar os pensamentos que rodeavam minha mente conturbada. Me sentei de forma correta na cama e tentei arrumar os cabelos – em vão, cachos são impossíveis!- enquanto secava os últimos resquícios de suor e de lágrimas em meu rosto.

- Entre- eu disse simples e passei a mexer em minhas unhas, agora sem a pintura chamativa,  se encontravam em meu colo. Quem quer  que fosse do outro lado da porta, eu não queria que percebesse o que se passava comigo, não queria que visse a confusão em que eu me encontrava e como minha mente estava bagunçada.

Também não queria que percebesse como eu estava péssima; meus olhos fundos e ao mesmo tempo tão inchados das vezes em que chorei; olheiras roxas em baixo dos mesmos me não apareciam tanto por conta do meu tom de pele, porém se faziam presente desde que comecei a ter esses sonhos malucos e não conseguia dormir.

-Como pode a pessoa estar internada, comendo essa gororoba nojenta que servem aqui e continuar bonita desse jeito?- sorri de imediato. Eu conhecia esse tom brincalhão e essa voz rouca era inconfundível.

Levantei meu rosto e meus olhos foram diretamente de encontro a sua face, seus olhos estavam risonhos e ao mesmo preocupados, seu sorriso era estonteante e trazia consigo os lindos furinhos, um em cada lado de seu rosto. Ele usava uma regata branca e sua típica calça preta, seus braços estavam mais fortes e os lugares antes vazios, agora eram ocupados por diversas tatuagens, de diferentes tamanhos sobretudo todas pretas.

O moreno alto aproximou-se da cama onde eu me encontrava e se inclinou até encostar seus lábios frios em minha testa, depositando ali um beijo cálido e cheio de preocupação.

Eu sentia falta dele. Henry e Lisa sempre foram meus melhores amigos e o mais velho sempre foi uma referência masculina para mim desde que morávamos no orfanato. Henry sempre foi aquele cara que mesmo com esse semblante fechado e arrogante dava o seu melhor para nos fazer bem. Era aquela pessoa que não valia nada para os outros, ninguém dava nada por ele, porém ele dava tudo o que tinha aos outros a quem ele amava.

Eu e Lisa erámos prova do quão amoroso e prestativo era Henry Spindler. Ele cuidava de nós como se fossemos suas preciosidades, suas jóias, e nada nem ninguém nos fazia mal. Na escola, ele sempre estava por perto, observando o que acontecia ao nosso redor e se alguém tentasse algo contra nós, ele estava sempre ali pronto para nos defender e confortar. Quando alguma de nós se machucava  brincando ou fazendo alguma tarefa, ele corria ao nosso encontro e nos acudia, fazendo um curativo tênue no local ferido e dava um beijinho para sarar mais rápido.

Lembro-me de quando gostei de um menino pela primeira vez. Eu tinha doze anos e Henry surtou, tanto que me seguia como sombra por todo o colégio com receio de que eu me encontrasse com o tal menino. Ele era, claramente, um ciumento de mão cheia.

Até que um dia, fomos separados pela primeira vez. Nem preciso dizer como foi doloroso e desesperador me ver sem meus dois alicerces, costumávamos ser um tripé; só funcionávamos juntos. Quando nos vimos um sem o outro, caímos. Uma queda tão feia que se tem resquícios até hoje, e a dor ainda se faz presente em determinados momentos.

Ter Henry aqui nesse momento tão difícil para mim, de alguma forma, renova as minhas forças para lutar contra isso tudo. Contra toda essa dor e sofrimento de não ter mais meus pais, minha família não estar ligando para mim.

Ah meus pais, eu sinto tanta falta de vocês!

- Ei, terra para Kiera! – o mais velho dizia balançando a mão diante dos meus olhos, me fazendo voltar para a realidade e sorrir para ele –Estou mais bonito, eu sei disso. Só não precisa me secar desse jeito! – fingiu jogar os cabelos para traz me fazendo soltar uma risada verdadeira.

- Vá se ferrar, exibido! – bati de leve em seu braço, o fazendo rir também.

- Eu pensei que poderíamos, sei lá, dar uma volta. O médico te liberou e esse quarto tá' meio mórbido. - disse com a voz afetada, olhando ao redor como se estivesse com medo.

Ri do meu amigo e tentei me levantar, logo sendo amparada por ele. Quando já estava de pé, percebi que estava vestindo um daqueles vestidos hospitalares super desconfortáveis por serem abertos atrás. Henry pareceu perceber meu desconforto e sorrio, virando as costas, me deixando menos constrangida.

- No banheiro deve ter outra coisa pra vestir.- continuou meu amigo, ainda de costas. Agradeci e andei o mais rápido que pude de costas até o pequeno banheiro em meu quarto.

O mesmo era bem pequeno, contendo apenas um sanitário, uma pia e um pequeno espelho. Fechei a porta e encarei o espelho por alguns instantes, minha aparência estas péssima, uma morta viva eu diria.

Espantei esses pensamentos e me virei procurando algo que pudesse substituir o roupão horrível que vestia. Encontrei três ganchos na parede oposta à do espelho, em um deles tinha pendurada uma calça com o mesmo pano da roupa hospitalar e eu o peguei.  Coloquei- a e sai do cômodo.

Henry já estava na porta e quando me aproximei, abriu a porta para mim fazendo uma pequena reverência.

-Por aqui madame!- disse sorrindo.

-Muito obrigada, cavalheiro. - disse fingindo levantar um vestido imaginário e sai pela primeira vez daquele quarto.

                       ¥¥

Estávamos andando pelo pátio florido da área em que fiquei. O sol iluminava minha pele e eu me sentia bem pela primeira vez em meses e Henry parecia estar da mesma forma.

-Eu... sinto muito por tudo que aconteceu...- disse o mais alto, passando a mão pela nuca, receoso com minha reação.

-Tudo bem...- disse simples, não me importando muito em pensar nisso agora, só queria aproveitar o sol pelas últimas horas.

Estávamos trocando pequenas risadas e compartilhando experiências quando derrepente eu estacionei. Em um banquinho de pedra não muito longe dali, o menino dos meus sonhos estava sentado.

Cabeça baixa e balançando os pezinhos no ar, quando derrepente me olhou. Seus olhos brilharam e lá estava novamente seu sorriso de janelinhas tão lindo quanto antes.

Acenou para mim e eu involuntariamente acenei de volta.

-Kiera? Tá acenando pra quem? - escutei a voz de Henry longe e não conseguia desviar o olhar.

O menino olhou para cima e apontou para o céu me fazendo acompanhar seu olhar. Os mesmos balões do meu sonho estavam no céu, indo lentamente a algum lugar ainda desconhecido por mim.

- Venha babe, o horário já está acabando. - senti braços másculos em volta de meus ombros e olhei para Henry, que sorria amoroso para mim. Olhei novamente para onde o menino estava e meu coração se apertou.

Os olhinhos do pequenino estavam tristes, como se tivesse perdido seu melhor brinquedo e logo entendi o porque.

Ele queria que eu seguisse, ou pelo menos prestasse atenção para onde aqueles balões iam.

Autora: Olá raios de sol, como vão? Espero que estejam ótimos e que não me matem pela demora heuheu
Bom, a única notícia que tenho a dar é boa; como postarei só as sextas... OS CAPÍTULOS SERÃO MAIORES ❤️💙💙
E quem está achando que o Henry é Harry Styles... acertou!!

All the love

Anaxx

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