A filha do livreiro

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  • Dedicado a Luke J. Greenwood
                                    

Havia na Inglaterra, uma rua pouco famosa no condado de South Hampton, que tinha uma pequena livraria, antigo negócio de família. Esta livraria ia de mal a pior, poucos eram os clientes que nela adentravam para comprar um livro e há anos ela passava com a contabilidade no vermelho.

O dono tinha uma filha chamada Louise que sempre amou ler livros. Um dia quando Louise tinha seus 16 anos, no inicio das férias de verão, ela foi até uma praça pela qual passava todos os dias no caminho para o colégio para sentar-se e ler. O lugar era pouco movimentado, mas naquele dia algumas pessoas passaram por ali e a viram lendo. Ela fez isso religiosamente durante todos os dias das férias, no mesmo horário ela sentava-se na praça e lia o seu livro. Passados alguns dias uma senhora sentou-se em um banco ao lado dela e levou um livro também, mais alguns dias e um casal jovem, levavam seu filho para brincar ao ar livre e enquanto a mãe cuidava da criança o pai também lia um livro. Um senhor austero apareceu também, uma semana depois, e religiosamente lia as colunas do jornal local. Antes que as férias de Louise terminassem, a praça contava  com umas trinta pessoas que vinham até aquele lugar para ler, conversar e trazer as crianças para brincar ao ar livre.

As autoridades locais perceberam a mudança no comportamento e resolveram fazer melhorias naquele lugar. Um ano depois a praça já contava com brinquedos novos para as crianças, havia uma grande tenda coberta para os dias de chuva, bancos novos, um exuberante jardim de paisagismo e ao lado dele, começaram uma feira livre onde se podia comprar de tudo. As vendas da livraria que não ficava longe dali aumentaram e pela primeira vez em anos a contabilidade saiu do vermelho. A comunidade aos arredores da praça começaram a usar o local para pequenos eventos, até criaram um clube de livros.

Um ano depois, no inicio do verão um artigo saiu no jornal trazendo a notícia da grande transformação da praça no último ano. Havia duas fotos, uma de um ano atrás e uma recente. Na primeira foto estava Louise sozinha sentada na praça lendo um livro e uma anotação embaixo da foto dizendo "musa inspiradora para a matéria". No artigo o Jornalista escreveu que passava ali todos os dias e via a garota lendo com tamanho prazer que resolveu escrever um artigo sobre isso, o impacto do artigo no jornal trouxe essa mudança no comportamento da população, que antes ficava em casa. Mas nunca teria escrito o artigo se não fosse pela misteriosa jovem que durante todo o verão se sentava com tamanho prazer para ler.

Neste verão Louise já não estava mais em South Hampton, ela estava em uma faculdade fora da cidade. O pai de Louise se encheu de orgulho da filha quando viu a foto no jornal e leu a matéria, mas como um bom inglês manteve a compostura sobre o assunto e não fez nenhum alarde, mandou apenas o recorte para a filha, como forma de agradecimento a ela.

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