Hall: Um garoto de mãos leves

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-Phill, eu realmente to cansado dessa cidade sabia? as pessoas são pobres, ta difícil de ganhar a vida, essa última senhora nem ouro ela estava usando, era só uma bijuteria que nem deu pra comprar um milk shake, queria que todos fossem como aquele aquele cara da semana passada que andava cheio de cartões, consegui "milzinho" só com ele, gastei tudo com jogos e roupas, sabe, não posso parecer um  ladrão, tenho que ser como todos, entende?

-Cala a boca Hall, já é a terceira vez que estou te levando pro reformatório só nessa semana...

Hall interrompeu:

-Corrigindo, "terceira vez que você TENTA me levar pro reformatório", eu odeio aquele lugar, e nós dois sabemos que você quase nunca consegue chegar lá comigo.

-Moleque não me teste,eu já estou cheio disso, não queria algema-lo, gosto muito de você e acho que tem muito potencial pra desperdiçar com roubos, por que você saiu da escola? - Phill  virou-se e viu  que não tinha ninguém no  banco  de trás- Droga moleque! To cansado desse emprego.

-O Phill realmente achou que poderia me prender com essas simples algemas, já arrombei cadeados mais forte que isso. To com fome, quem será que  vai pagar meu almoço? 

        Após vinte minutos, Hall conseguiu pegar nota de cinco e comprar o que ele chamava de almoço, um cachorro quente e um refrigerante  grande, e ele sempre comia sentado em cima do prédio em construção inacabado que beirava a praia, foi naquela praia que Hall cometeu seu primeiro furto. 

       Numa manhã, um  casal estava caminhando pela praia, conversando, pelo que parecia, sobre trabalho, os dois usavam roupas sociais e estavam com café na mão, o homem estava com o celular no bolso de trás e foi ali que hall  aproveitou, com apenas nove anos e perto de cometer seu primeiro ato ilegal, aproximou-se e pegou o celular do homem, mas logo ele percebeu segurou a mão de Hall  e disse aos berros:

-Está louco? Como ousa encostar em mim moleque  sujo, minha calça foi cara demais para ser tocada por um garoto de rua como você, e  ainda está tentando pegar meu celular? Isso não  vai ficar barato- Disse o homem erguendo a mão para esbofetear Hall, mas o menino não era um simples garoto de rua, com apenas cinco anos, Hall treinava com seu pai, já jogou  futebol e treinou karatê e jiu-jitsu, não iria deixar aquele homem levar a melhor. Chutou ele entre as pernas, pegou o celular, passou-lhe uma rasteira e saiu correndo, Hall era ágil e não parecia ser só um garoto de nove anos, mesmo não entendendo muito do mundo onde vivia, ele era bem espero,  conseguiu trocar o celular por três dias  de comida num restaurante do outro lado do bairro.

          Hoje, com quinze anos, Hall evoluiu muito suas habilidades, não só as de roubo, mas também as de luta, de agilidade e de escalada, claro, depois de seis anos escalando o mesmo prédio de quinze andares, fica fácil escalar qualquer coisa. Mas mesmo assim ele sabia que não podia viver disso para sempre,  infelizmente não tinha outra opção, ele perdera seus pais com oito anos e não tinha nenhum parente que pudesse ficar com sua guarda, vivia num orfanato e largou os estudos com doze anos, fugiu do orfanato com treze,  e em dois anos foi para o reformatório trinta e cinco vezes, mas a partir da terceira vez ele já sabia como escapar do local, as vezes dormia no reformatório por preguiça de sair e encontrar lugar melhor, mas na manhã seguinte já via o sol brilhando novamente e varias carteiras pedindo para serem levadas por ele, até que numa noite:

-Tire suas mãos de mim, na minha bolsa só tem livros.

-Pode até ser, gatinha, mas até livros tem valor e eu preciso de blusas novas- disse Hall à uma  jovem loira num beco- Vamos lá, que que custa? Você não precisa deles, eu  larguei a escola faz um tempo e estou muito bem, então passa pra cá por favor, não quero usar meu charme com você!

-Largou a escola foi? Por isso é um babaca. E eu não estudo mais, estou indo para o  laboratório de onde eu trabalho, fazer minhas pesquisas.

-Então você deve estar pedindo pra ser roubada,  a essa hora da noite, num beco escuro e pelo o que  eu saiba, o laboratório mais perto daqui fica a seis quarteirões, e você passou por dois pontos de ônibus e decidiu parar aqui, nesse beco sem saída, então me diga, estava indo mesmo pro trabalho? E depois disso, me passe a bolsa, eu já estou com muito sono.

-É, você não é idiota mesmo, tem razão,  não estava indo pro laboratório, vim aqui numa missão, te levar,  você não é um garoto qualquer, e minha chefe te quer, vivo é claro.

        Hall já estava caindo na gargalhada:

-Sério gatinha? Eu realmente não gosto de bater em mulheres, ainda mais as loiras, adoro elas, mas você não vai me levar pra lugar nenhum que não seja sua casa.

-Primeiro, odeio que me chamem de gatinha, segundo, eu nunca te levaria pra minha casa, e terceiro, você vem comigo, agora-  disse a misteriosa garota loira correndo em direção ao Hall.

-Acho que não,  ga-ti-nha.

        Hall subestimou o adversário e abriu a luta levando um chute no peito, logo em seguida três socos, um no peito, um no estômago  e um na coxa, a garota loira foi parar atrás de Hall  depois do ultimo  soco, ele tinha que começar a lutar, tentou uma voadora, uma giratória e uma rasteira, todos falhos, acabou levando outro chute no peito que o levou  para parede, quando a garota foi dar o próximo golpe, Hall conseguiu esquivar e segurar seu braço e jogou-a no chão, seu erro foi espera-la levantar,  Hall nunca tinha lutado com uma garota antes, estava com medo de machuca-la, mas o oponente não  tinha esse medo, a garota levantou de um jeito tão rápido  que Hall não conseguiu pensar e foi levado ao chão.

-Vamos lá, desista, você é fraco, ainda não sei o porquê de Kira querer você se ela já me tem e tem o...

-Cala a boca! Não quero mais saber, não ligo pra quem você é  e quem te mandou, isso agora é pessoal, e eu vou te arrebentar- disse Hall correndo em sua direção quando:

*BAAAM*

        Hall deu cara com algo que parecia invisível e desmaiou, e uma voz meio preguiçosa surgiu:

-Vamos logo Ellen, era pra ser rápido, não queria ter saído de casa hoje, era pra eu assistir a estreia de Star Wars.

-Calma Elliot, não precisava disso, estava tudo sob controle, agora me ajuda, precisamos leva-lo pra um lugar seguro.

-Ah claro, mais trabalho.

World: beginsWhere stories live. Discover now