Sr.Thorne \ Sociedade Escarlate - Vol. I (DEGUSTAÇÃO!)

Capítulo 2

CAPITULO 2

Lyn

Encarei o meu reflexo refletido no espelho e considerei mais uma vez se o que eu estava prestes a fazer era uma boa ideia. Uma vez que eu deixasse o meu quarto, não teria volta. Eu sabia que se escolhesse seguir em frente e fosse a esse baile minha vida mudaria completamente. Eu tinha um pressentimento, só não sabia dizer se era algo bom ou ruim. Não podia esconder que estava com medo, era uma grande decisão essa que eu estava prestes a tomar, e eu não era ingênua de achar que não haveria consequências. Sempre há consequências, não importa a escolha. Isso foi algo que eu aprendi bem cedo, uma lição que eu nunca vou esquecer.

Mas eu também sabia que se eu não aproveitasse essa oportunidade, nunca mais haveria outra igual. Não para mim. Além disso, eu realmente já estou na pior. Sou uma acompanhante de luxo nos melhores termos, nos piores e mais baixos, sou uma prostituta. O nome não muda nada, é só uma forma de tentar diminuir o peso da decadência deste trabalho. Vivo atrás de uma identidade que me fornece o que eu mais preciso no momento: dinheiro. Eu tenho um ódio tão grande pelo dinheiro. Por que foi o dinheiro que me trouxe para onde eu estou hoje, e foi o dinheiro que me manteve onde eu continuo, e o dinheiro também me obrigou a permanecer, assim como me obriga a prosseguir. E o pior de tudo é saber que eu necessito daquilo que mais odeio.

Pelo menos agora eu tenho uma chance de conseguir mais dinheiro, muito mais. E Deus sabe o quanto eu preciso dessa grana. Não por que sou pobre, não por que não tenho o que comer ou o que vestir, não por que estou sendo obrigada ou por que gosto de vender o meu corpo. Não, nenhuma dessas opções. Minha história é muito mais longa, meus motivos são muito mais profundos. Não é algo que eu goste de lembrar, e por isso eu procuro simplesmente não pensar nos motivos. Apenas continuo me dizendo que eu preciso fazer isso, por que uma hora vai acabar. Eu só preciso juntar o dinheiro, e então tudo será deixado para trás.

Nós precisamos do dinheiro.

Com esse último pensamento, eu sei que não há nenhuma maneira de que eu vá andar para trás agora. Por isso, eu continuo me arrumando. Finalizo minha maquiagem com uma segunda camada de um vibrante batom vermelho e sorrio para o espelho. Meu sorriso não é verdadeiro, mas não importa por que ele me dá encorajamento e é tudo o que eu preciso. Coloco o par de brincos de brilhantes que combinam com a minha gargantilha e finalmente estou pronta. Não há voltas, estou pronta.

Uma batida na porta leva embora o meu sorriso e traz o nervosismo de volta. Caminho até lá, destranco a fechadura e abro a porta. Uma amiga está do outro lado, aguardando que eu dê um passo para trás e a deixe entrar. Faço exatamente isso com um gesto rápido e fecho a porta novamente. Quando me viro, ela está sorrindo para mim abertamente, enquanto seus olhos escrutinam a minha figura de cima a baixo. O típico sorriso malicioso de Melinda ganha proporções mais elevadas quando percebe que eu não só caprichei no meu visual, como estou com aquela confiança e determinação estampada no meu rosto. Obviamente ela não sabe que isso é uma farsa, que na verdade estou coberta de duvidas sobre seguir mesmo esse caminho.

— Você está incrível! — Ela me elogia.

— Obrigada, você também está linda.

Melinda é uma mulher deslumbrante, e dona de uma beleza exótica. Filha de um japonês e de uma britânica, ela tem os melhores traços de ambos os lados. Tem a pele muito pálida, mas os cabelos e os olhos são quase pretos. Com os seus 1,77 de altura e seu corpo magro, ela se parece com uma modelo de catálogo de revista. Apesar de já viver há mais de quinze anos nos estados unidos, ela ainda carrega o sotaque de residente da Inglaterra.