Capitulo 3

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CAPITULO 3

Devon

Os bailes da Sociedade sempre me agradaram muito. No começo, quando meu único trabalho ainda era apenas ser um acompanhante de luxo, eu me sentia obrigado a trabalhar durante esse tipo de comemoração. Não que fosse alguma obrigatoriedade, porem era uma necessidade. Eu sempre gostei do meu trabalho, mesmo ele tendo seus altos e baixos, eu gostava do que fazia. Era por isso que eu preferia ficar trancado, hora após hora, em uma das salas escuras servindo cliente após cliente, do que ficar perambulando pelo salão. No entanto, com o tempo, passei a exercer mais minha profissão como contador do que como acompanhante. Não existia mais aquela vontade de estar servindo socialites milionárias em uma sala escura, em troca de alguns dólares. Eu já havia arrecado dinheiro o suficiente para me considerar um homem rico, um homem que poderia passar os dias vivendo confortavelmente gastando todo o valor que acumulou ao longo dos anos. E era por isso que nos dias de hoje, eu decidia quais clientes queria atender e quais não queria. E somente os atendia por que ainda gostava de manter aquele tipo de serviço, mesmo que poucas vezes. Mas durante este baile em especial, minha intensão era justamente perambular a noite inteira pelo salão sendo apenas o convidado que eu deveria ser.

Infelizmente meus planos foram alterados quando eu estava bebendo tranquilamente em uma mesa, na companhia de uma atual cliente. Erin Garner interrompeu nossa conversa educadamente e pediu para ter uma conversa em particular comigo. Levantei-me pedindo desculpas e segui Erin para fora o lado de fora do salão. Erin trabalha para a Sociedade há cerca de cinco anos, é uma jovem mulher de vinte e sete anos, e tornou-se minha amiga quase ao mesmo tempo em que Don, já que ambos entraram para a liga em datas muito próximas. Ao contrário de mim, que trabalho como acompanhante, e ao contrário de Don, que trabalha com a segurança, Erin é simplesmente nossa nerd da computação. Ou como tanto gosta de se gabar, é também um hacker. Ela é muito útil dentro da Sociedade, já que lidámos com pessoas que tanto podem nos alavancar como nos prejudicar. É sempre bom ter uma carta na manga e Erin é a pessoa mais qualificada para tirar várias cartas quando necessário. Além disso, ela também era responsável por agendar nossos encontros com os clientes.

E naquele momento, Erin veio pedir minha ajuda. Disse que havia uma cliente que tinha efetuado o pagamento para ter um encontro nas salas escuras com o Sr. Brayden. Mas que infelizmente Matteo estava atrasado, preso na estrada e sem ter certeza sobre a hora em que estaria na mansão para cumprir seu serviço. Matteo podia ser bem irresponsável ás vezes, e essa não era a primeira vez em que marcara algo e não pudera comparecer. Fiquei tentado em dizer que não podia ajudar por que nesta noite eu havia escolhido ser apenas um convidado. Contudo, pude ver a preocupação nos olhos de Erin e soube que se eu não fizesse nada, ela seria obrigada a encontrar alguém qualificado para fazer o serviço. Não que fosse difícil encontrar um acompanhante para colocar no lugar de Matteo, pois estávamos justamente no baile onde você poderia encontrar todos os profissionais da liga. Entretanto, se a cliente havia pagado para ter uma hora na companhia do Sr. Brayden, significava que ela esperava por um membro de alto escalão. Neste caso, além de Matteo, eu seria o único bom o bastante para substitui-lo.

Tomei a decisão de conferir com Erin o nome da cliente, e decidi que se fosse alguém que eu já conhecia e tivesse vontade de atender, então eu tomaria o lugar de Matteo. Contudo, se fosse alguma das coroas que Matteo atendia só para conseguir uma boa grana, dispensaria e deixaria nas mãos de Erin o trabalho de encontrar outra pessoa ou devolver o dinheiro à cliente e lhe pedir desculpas por não poder atendê-la. Erin me disse um nome e um sobrenome: Lyn Vernon. Nunca ouvira falar sobre ela antes, e se fosse uma das habituais clientes de Matteo eu saberia. Os nomes dentro da Sociedade eram algo muito importante, pois denominava quem eram os mais poderosos. Naquele momento tive a certeza de que se tratava de alguma cliente nova, o que por si só já havia me interessado. Erin questionou-me impaciente se eu atenderia ou não a jovem, e senti meu interesse florescer ao detectar que ela havia admitido de que se tratava de uma cliente jovem, e não uma das mais velhas, como estávamos acostumados a receber. Clientes jovens eram as minhas preferidas agora que eu tinha dinheiro o suficiente para poder escolher a quem servir. Repeti o nome dela novamente, conscientemente na minha mente e me pareceu muito agradável. Tão agradável que acabei dispensando Erin e aceitando atender aquela cliente em particular.

Sr.Thorne \ Sociedade Escarlate - Vol. I (DEGUSTAÇÃO!)Onde histórias criam vida. Descubra agora