Capitulo 4

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CAPITULO 4

Lyn

Ele é um cliente novo.

Ficou sabendo dos meus serviços através de outro cliente que me recomendou. Ligou-me ainda do domingo, pela manhã, quando eu estava chegando à Nova York após o Baile da Sociedade. Eu estava exausta, fisicamente e emocionalmente também, mas não pude rejeita-lo. Ainda não fazia parte da Sociedade, na verdade, sequer sabia se seria aprovada na liga. Então, neste momento, eu tinha que continuar aceitando clientes novos. Precisava do dinheiro. Foi por isso que concordei em encontrar o senhor Sullivan ás oito horas, em um domingo.

Passei a tarde inteira divagando em meus pensamentos. Parecia impossível esquecer o encontro com o senhor Thorne nas salas escuras. Além de todas as informações que eu precisava digerir sobre a Sociedade, existia ainda este homem. O que ele fez para mim foi apenas um trabalho, algo que ele já está acostumado a fazer todos os dias. Ainda assim, me senti especial. Senti que Devon disse cada uma daquelas palavras somente a mim, e que cada toque seu foi unicamente feito para me agradar. Senti-me única. Uma sensação que eu já não tinha há muito tempo.

Quando deixei aquela sala, foi como se um vazio crescesse dentro de mim. Senti falta instantaneamente do aconchego que aquele ambiente me proporcionava. Senti falta do calor que emanava daquele desconhecido. Senti falta de toda aquela fantasia de ser uma mulher forte e poderosa. E corri, corri para o mais longe possível de toda aquela distração. Simplesmente disse a Melinda que eu precisa ir, e fui sem lhe dar quaisquer explicações.

Eu não estava pronta para dizer a ela que fugi por que tudo aquilo se tornou demais para mim. Eu precisei ficar longe para assimilar tudo o que eu tinha visto e sentido. Eu precisava pensar. Decidir se estou mesmo pronta para fazer parte daquele mundo. Precisava apagar da memória meu encontro com aquele homem. Deus, ele é um acompanhe como eu. Ele faz aquele tipo de serviço para muitas mulheres. Um serviço que provavelmente eu mesma faria algum dia se concordasse em entrar para a liga.

Por que me incomodava tanto a ideia de ter me sentido atraída por aquele homem?

Talvez fosse pelo fato de que nunca me senti atraída por alguém assim antes. Já me envolvi com muitos homens, alguns até muito bonitos. Mas nenhum deles deixou essa marca na minha pele. Nenhum deles nunca me deixou em êxtase, sentindo como se apenas agora eu houvesse descoberto o real significado de prazer. Talvez eu o odiasse por me fazer pensar nele assim. Ele deveria ser apenas uma lembrança passageira, mas ao invés disso, ele está atormentando os meus pensamentos. Fazendo-me lembrar de cada uma das nossas palavras trocadas. E eu nem ao menos sei como ele se parece.

É insano, surreal, e ainda assim, é a melhor fantasia que eu já vivi.

Esqueça-o Lyn. Ele é como você. Vocês nunca mais vão se ver. Esqueça-o agora!

— São vinte dólares, senhorita. — O motorista diz.

Entrego o dinheiro a ele, e desço do táxi.

Estou em frente ao famoso hotel. Aquele em que conheci Melinda há sete meses, o mesmo que é muito frequentado pelos homens infiéis. Isso já diz muito sobre meu mais novo cliente. Respiro fundo e sigo em frente. Passo pelo lobby e recebo os olhares tortos das recepcionistas. Elas já estão acostumadas a me verem por aqui, e elas sabem exatamente o que eu faço. Não há como esconder, não quando eu sempre estou na companhia de um homem diferente.

Pego o elevador e sigo para o oitavo andar, onde meu cliente me aguarda. Bato duas vezes na porta e aguardo. Alguns segundos depois, ele abre a porta para mim e me recepciona com um sorriso contido. O senhor Sullivan é um homem alto, em seus um metro e oitenta. Ele é magro, tem a pele morena, cabelos castanhos encaracolados, os olhos castanhos, sobrancelhas grossas e usa óculos redondos. Deve ter em torno de quarenta há quarenta e cinco anos. E ele está nervoso, muito nervoso.

Sr.Thorne \ Sociedade Escarlate - Vol. I (DEGUSTAÇÃO!)Onde histórias criam vida. Descubra agora