Tâmara

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Samuel estava na casa da Ana assistindo um filme com sua nova amiga.

O filme era de ação tanto ele quanto ela adorava o filme.
Depois de comerem muita pipoca o filme acabou.
Eles foram pro quarto de Ana.

-E ai porque tu se mudou pra ca? - Samuel queria saber mas Ana fica muito desconfortável com esse assunto.

-As coisas não deram muito certo lá então vim morar com minha mãe. - ela falou sentando na cama onde o amigo estava deitado.

Samuel olhava as fotos que ela tinha com as amigas e reparava que nas fotos ela estava muito diferente do que costumou vê-la, mais espontânea com o sorriso aberto e roupas normais.

-Posso te perguntar uma coisa que sei que tu não gosta de ficar falando? - Samuel queria ter a Ana daquelas fotos.

-Se eu não gosto pra que quer perguntar? - Ana tinha um gênio muito grosso vamos se dizer...

Ela é direta e as vezes não consegue segurar a língua afiada mas desse jeito podia magoar alguém com suas palavras. Mas Samuel já estava acustumado com o jeito da amiga.

-Porque eu quero saber ue.- Samuel falou insistindo. - Porque tu usa essas roupas largas, porque prende teu cabelo? Porque não gosta de falar com ninguém e é grossa na maioria das vezes?

-Eu não gosto de falar desse assunto você sabe disse Samu.- Ana sentiu uma vontade enorme de contar tudo para ele mas não sabia se ele é tão confiável ela havia cansado de guardar isso tudo só pra ela queria desabafar com alguém.

-Por favor me fala. Tu parece ser outra menina e não a mesma dessa foto.- o garoto pegou o retrado de Ana com suas amigas.
A pequena sentiu uma pontada no seu peito a se olhar no espelho e depois olhar o retrato.

-Vou te contar mas no fim você terá nojo de mim.- ela falou triste e olhando pra baixo.

-Eu nunca vou ter nojo de você Ana, tira essa ideia da cabeça vou ta do teu lado pro que der e vier, relaxa.- Samuel com o seu jeito gentil, seu gênio bom.

-Na escola em que eu estudava... vamos se dizer que eu era a "Popularzinha" usava roupas coladas e zuava os "Nerds" do mesmo jeito que sou zuada hoje. Só Deus sabe do quanto me arrependo disso. - ela falou e Samuel primeiramente não acreditou mas olhando pro retrato pode ver do que ela tava falando suas amigas pareciam esnobes e patricinhas assim como ela. - eu andava no colégio e todos olhavam, fazia o que eu quissese porque eu me achava a dona de tudo... Ai entrou um professor novato na escola ele tinha 26 anos e todas as meninas da escola eram loucas por ele, mas eu não. - ela falou e começou a tremer e seus olhos lacrimejaram, Samuel percebeu seu estado e segurou na mão dela como um incentivo para continuar. -Ele dava aula de educação física e eu na época amava dançar em todos os eventos da escola. Até que um dia eu tava treinando na sala de dança e o professor apareceu. Ele me olhou de um jeito diferente, estranho...- agora escorria lágrimas dos olhos da garota e Samuel já percebeu o que o professor havia feito e sentiu pena da pequena.- enfim ele me estrupou. Eu contei para minhas amigas e elas disseram que era um privilégio ter tido a primeira vez com o professor gato, mas eu só conseguia sentir nojo, nojo de tudo. Chorava todo dia, toda vez que me olhava. Pensei que talvez se eu não tivesse me mostrado tanto, usado calças apertadas ou blusas que me valorizassem, se eu tivesse parecido menos atraente... ele não faria isso. E ai eu vim morar com a minha mãe e comecei a me vestir assim porque... porque...

-Porque você pensa que foi tua culpa esse professor de merda ter feito isso? Era pra você ter denunciado. Não foi tua culpa a culpa é dele que é um nojento estrupador.- Samuel sentiu raiva daquele professor que traumatizou a amiga.

-Mas mas... ele disse que eu provocava ele. Ele disse que não aguentava me ver passar... - a pequena continuou se culpando e Samuel queria colocar na cabeça dela que a culpa não é dela...

-Olha pra mim.- Samuel virou colocou a mão em seu rosto fazendo ela encara seus olhos.- não é pra você ter nojo de si mesma, você deveria ter nojo do homem que te fez isso. Você tem que denunciar. Já pensou se esse homem a solta faça a mesma coisa que fez com você com suas amigas?

Ana só sabia chorar, ela sentia raiva... Samuel limpou todas as suas lágrimas não deixou que nenhuma caísse e abraçou ela.

E ali com o conforto do amigo e as palavras dele, pensou que não foi sua culpa, que estava errada todo esse tempo... que não tinha porque de se esconder.

-To cansada de viver nesse casulo.- Ela sussurrou pro amigo que a abraçava.

-Então se liberte minha pequena, só se liberte.- ele soltou o cabelo dela e acariciou.

Ana sentiu um prazer enorme por seu cabelo estar solto queria tirar toda aquela roupa e colocar as que ela ama usar, a que ela nunca deveria ter deixado de vestir achando que aconteceria de novo, achando que é sua culpa.

Agora ela sabia que a culpa não é dela, a culpa é daquele homem nojento que forçou ela a fazer.

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