Menino de rua

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Ana acordou nos braços de Samuel sentia uma forte dor de cabeça, se levantou foi até a cozinha pegou um remédio e tomou. Não se lembrava de nada do que havia feito na noite passada.

Samuel sentiu falta dela na cama e logo em seguida acordou procurando por algum vestígio de Ana, ainda não acreditava na cena que havia presenciado na noite passada...
Se levantou encontrando com a garota na sala sentada penteando seus próprios cabelos de olhos fechados.

Ana pensava que a cada escovada que passava em seus longos cabelos eram um alívio, era pra se livrar de tudo o que havia feito e não se lembrava... Se livrar do seus pecados. Ela tinha essa mania desde pequena e se sentia muito relaxada...

Samuel a olhava tão espontânea com os olhos fechados, sorrio sozinho esperando que um dia Ana fique com ele, quem Samuel queria enganar? Ele já estava completamente apaixonado.
Ele podia esconder ou tentar se convencer que não mas o sentimento estava lá estampado em sua cara, toda vez que a olhava, toda vez que falava com ela, toda vez que tocava...

Ana abriu os olhos se deparando com Samuel a olhando, ela se lembrou do beijo dos dois e se lembrou também de como se sentiu... Naquele momento ela sentiu uma vontade enorme de tocar aqueles lábios novamente e como uma menina que não consegue controlar suas atitudes com seu jeito inesperado foi até Samuel e o abraçou e logo em seguida o beijou.

Samuel não acreditou na atitude que ela tinha, cada vez se surpeendia mais com Ana, ela era uma bomba de 3 segundos. Uma bomba que não sabia o que iria explodir.
Não sabia se explodiria de amor.
Não sabia se exploderia de desejo.
Não sabia se explodiria de raiva.
Mas ele queria explodir junto com seu beijo.

Cessaram o beijo por falta de ar.

-O que isso significa? - Samuel perguntou pegando em sua nuca.
-O que você quiser que signifique.- Ana respondeu depositando um selinho nele, ela toparia tudo com Samuel.

Ela pensou naquele momento que ele é tudo o que ela precisa, pois ele a faz bem e faz ela esquecer do passado.
Na verdade ele faz ela se focar no presente e ansiar pro futuro.

O casal não sabia de nada mas o futuro reservou muitas coisas boas e ruins pra vida deles, talvez juntos ou talvez separados...
Isso eles irão descobrir com o tempo porque agora eles só precisam viver a intensa paixão.

Arthur acordava na casa do amigo na mesma sala que lembra de ter levado um soco do Samuel.

Lembra também de suspender o vestido de Ana a mesma menina que ele zuava na escola... Arthur não podia negar que se sentia imensamente atraido por ela.

Não só porque Ana é diferente da maioria das garotas que se derretem ao seus pés mas também porque ele conseguia ver uma menina determinada nos olhos dela, uma menina que aconteça o que acontecer ela sempre irá se reerguer ainda mais forte...

Ele admirava a personalidade forte pois também tinha uma.
Arthur é um cara que se tornou o que é de tanto ser pisoteado, de tanto ser feito de otário, de tanto sofrer, de tanto ser um alvo.
E na visão dele o melhor jeito de deixar de ser alvo é virar o predador.

Ele lembrou de quando era muleque e que vagava pelas ruas com fome, suas roupas gastas rasgadas, sua pele suja por ter dormido durante dias no chão sem tomar um banho...

Ele pedia comida e dinheiro para as pessoas que passavam na rua mas eram poucas que tinham um bom coração para lhe dar pelo menos algo para comer ou talvez uma água limpa pra beber.

Ele sabia que ninguém ligava pra ele, ninguém o amava, ele foi abandonado na rua com apenas 6 anos de idade.
Ele lembrou das noites que passava chorando em um beco escuro com um papelão embaixo de seu corpo morrendo de frio.

Lembrou também do dia que viu no parque um menino da sua mesma idade enfurecido porque ele havia pedido sorvete de chocolate e o homem havia lhe dado um de baunilha e na sua rebeldia ele jogou o sorvete de casquinha no chão e esperniou mimado que queria outro para a mãe...

Arthur encarou o menino com roupas caras, cabelos penteados e pele limpa desejando ser ele.
Desejando ter tudo o que ele tem.

Um mês depois um homem que andava sozinho triste por sua mulher ter o largado olhou em direção ao beco ouvindo choros da criança seguiu até la e encontrou Arthur assustado chorando, o homem sentiu uma pontada em seu peito.

-Porque chora menino? - Benedito perguntou.

-Estou com fome e frio... eu só queria ter a sorte daquele menino, SÓ ISSO DEUS.-o menino gritava chorando.

-Você tem um pai? - Benedito perguntou se ajoelhando ficando perto do menino.

-Não. - ele chorou mais ainda.

-Quer ter um? -Benedito falou tocando em seu ombro como consolo e compaixão com esse pequeno batalhador de rua.

-Eu adoraria.- o choro do menino sessou e ele ficou imaginando como seria ter um pai.

-Agora você tem.

Depois daquele dia Arthur virou filho de Benedito. Arthur teve direito a tudo o que queria... Arthur nunca mais passou fome na sua vida.
E por querer ser o menino do parque se tornou um pior que o mesmo.

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