Conspiração

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Fogo. Ar. Água. Terra.
  Só o Avatar pode dominar os quatro elementos e trazer o equilíbrio para os dois mundos.
  O dia amanheceu e a perícia do ar estava na cena do crime. No céu haviam naves do ar - que mantinham-se flutuando com esferas de ar em hélices - e guerreiros do ar pilotando bisões voadores encouraçados e patrulhando as ruas.
  Fui obrigado a ficar sentado à frente do hospital, esperando para ser interrogado. Karam conversava com os generais do ar, contando sua versão da história.
  Meelo flutuou até mim.
- Já conversamos com seus amigos.
- E mesmo assim me deixaram pro final - retruquei.
  Ele riu e cruzou os braços.
- Eu gosto de guardar o melhor para o final - ele olhou para o hospital. - Principalmente porque você teve a chance de salvar o presidente e mesmo assim não o fez.
  Me levantei rapidamente, indignado.
- Eu fiz tudo que pude!! - exclamei. - Eu derrotei o terrorista que danificou um quarto da cidade, então acho que deveriam me agradecer.
  Meelo fez uma careta.
- Mas você falhou! Korra nunca teve um erro tão grande como esse.
  Um bisão-voador sem couraça desceu à porta do hospital, chamando a atenção de vários jornalistas com câmeras e microfones.
- Ah, não acredito - praguejou Meelo.
  Mestra Jinora e Mestre Kai desceram do bisão, ela ignorando todos os jornalistas, enquanto que ele tentava afugentá-los com argumentos de que Jinora não estava no melhor dia.
- O que é isso, Meelo?! - exclamou ela. - Como acha que pode simplesmente sair por aí e tomar a cidade?
  Meelo bufou.
- A cidade estava um caos e vocês não fizeram nada! - ele apontou para ela. - Existe algo acontecendo aqui, e eu estou prestes a descobrir!
- Foi o Raito - retruquei, fazendo os dois irmãos se virarem para mim. - Jin Raito desenvolveu uma técnica de dobra de sangue que permite que ele controle mentes, e antes de mandar atacarem o presidente, ele inibiu todas as autoridades com suas ordens de paralisia.
  Jinora franziu a testa.
- Raito? O senador Jin Raito?
  Meelo sorriu, orgulhoso, com os braços cruzados.
- Eu sempre soube que aquele cara era estranho.
  Kai veio até nós.
- Hiro! Parece que sua primeira aventura está bombando - olhou ao redor. - Sabe, literalmente bombando.
- Vamos precisar que você nos conte tudo o que sabe, Hiro - concluiu Jinora.

[...]
Uma nave de polícia pousou ao lado do bisão de Jinora. Meu pai saiu de lá, seguido por Sharon, que correu até Karam.
- Pai! - exclamou Sharon, abraçando-o.
  Ele abraçou-a e respirou fundo e olhou para os lados, surpreso.
- Aonde está sua mãe e seus irmãos?!
  Sharon engoliu em seco, sem saber o que dizer.
- A Lótus Vermelha está com eles - disse meu pai rapidamente.
  Karam arregalou os olhos, surpreso, senão desesperado.
- O que?! A Lótus Vermelha?
  Sharon assentiu.
- De acordo com o Hal, o Jin é o líder deles - ela suspirou, triste. - Foram eles que envenenaram a vovó Korra, não foram? 
  Karam assentiu, abalado.
- Eles desapareceram depois da derrota de Zaheer, mas parece que eles ainda estão aí.
  Cheguei até eles, seguido dos mestres do ar.
- Pai! - exclamei. - Você está bem?
  Ele bufou.
- Ainda sinto choques na coluna de vez em quando, mas estou melhor.
- Escutamos um pouco da conversa - comentou Jinora - e creio ter ouvido Lótus Vermelha.
  Meu pai assentiu.
- Raito me seduziu para a filiação e depois me controlou para ter informações sobre o Hiro e acesso à polícia - ele suspirou, envergonhado. - Sinto muito, mestra.
  Jinora sorriu para ele.
- Você não teve culpa, Hal. Se realmente estiverem certos e Raito ter tanto poder, vocês não passam de vítimas dessa praga que é a dominação de sangue.
- Precisamos localizá-lo - sugeri. - Sinto que o assassinato do presidente não seja o último passo de seu plano.
  Meelo sorriu.
- Creio que existe alguém que pode nos dizer aonde é a base da Lótus Vermelha.

[...]
Quando pude perceber, lá estava eu, num elevador de ferro, bem rústico a propósito. Eu estava acompanhado de Meelo, Jinora e dois guardas da Lótus Branca.
- Tem certeza que quer fazer isso, Hiro? - perguntou Jinora, preocupada. - Korra ficou três anos em uma profunda depressão e estresse pós-traumático depois que ele a envenenou. Talvez essa visita traga memórias antigas de sua vida passada.
- Balelas, Hiro - zombou Meelo. - O cara se redimiu, pelo menos comigo. E a Korra superou isso tudo. A Jinora que é muito fresca.
  Jinora cruzou os braços, irritada.
  Quando as portas se abriram, me vi num salão de pedra imenso com uma iluminação esverdeada. Ao centro havia um homem velho extremamente barbudo e cabeludo acorrentado e flutuando com as pernas cruzadas.
  Ele abriu os olhos e sorriu.
- Muito tempo se passou desde que nos vimos pela última vez, Avatar - ele desceu para o chão. - Você já foi mais bonita.
- Eu sou Hiro - falei. - Sou a reencarnação de Korra.
- Oh - disse Zaheer. - Mil perdões. Meus olhos não são mais os mesmos. Desde que fiquei cego prefiro ver o espírito das pessoas.
  Franzi a testa.
  Zaheer sorriu.
- Meelo. Há quanto tempo não me visita.
- Estive muito ocupado com os assuntos dos Guerreiros do Ar, mestre. Me perdoe.
  Jinora bufou, irritada. Não parecia nada feliz com o irmão ser tão devoto àquele homem, sabendo do que ele tinha feito.
- Tudo bem - ele respirou fundo. - Mas digam-me, o que fazem aqui?
- É a Lótus Vermelha - respondi rapidamente. - O atual líder deles, Jin Raito, está conspirando contra o governo e contra a vida de milhões de pessoas. Precisamos descobrir aonde eles estão.
  Zaheer respirou fundo.
- Raito, é? - e riu. - O único Raito que conheci era um babaca que se gabava por ter umas mil faces, eu creio. Deve ser o pai desse tal Jin.
- Mas então, aonde ele pode estar se escondendo agora?
  Zaheer coçou a barba.
- Por que eu deveria ajudá-los? Conspiração contra o governo não é basicamente o que eu sempre quis?
  Meelo pareceu ficar preocupado.
- Mas Zaheer, pense no que Raito pode fazer com esse poder! Ele pode dominar o mundo em um regime totalitário que é totalmente contra a sua ideia de anarquia.
  Zaheer cruzou os braços.
- Tudo bem, mas saibam que os Raito são perigosos. São conspiradores profissionais.
  Arregalei meus olhos.
- É mesmo?!
  Zaheer riu.
- Não pense que estou te fazendo um favor, Avatar, mas só te digo estas coisas porque não suporto mais esta vida - começou a flutuar. - A base da Lótus Vermelha fica no mesmo lugar em que levei Korra para ser envenenada há 43 anos atrás.
- Eu sei onde é - comentou Jinora. - Mesmo que me venha doer dizer isso, mas obrigada, Zaheer.
- De nada, garota dominadora de ar.
  Meelo fez uma reverência.
- Voltarei em breve, mestre.
  E saímos dali, eu tendo mais dúvidas sobre Raito que respostas.

Avatar - A Lenda de HiroOnde histórias criam vida. Descubra agora