- Tudo bem Harden – eu disse já na porta – eu vou ficar bem. Eu posso chamar um taxi. Tenho certeza de que tem taxis aqui em Bruxelas – brinquei.
Eu não queria estragar a noite dele. Harden era jovem e bonito e merecia ter uma noite normal ele não tinha culpa se eu não podia ter o mesmo.
- Você nem tentou Lis – ele reclamou – você tomou o quê? Duas tequilas? Você precisava de pelo menos cinco.
Respirei fundo, tentando não demonstrar meus pensamentos conturbados.
- Hard – eu disse gentil – acredite, eu não tomo cinco tequilas. Nunca.
Ou pelo menos não mais – confessei mentalmente.
- Lis – insistiu – por favor! – Lançou um sorriso torto – por mim? – Deu a cartada final.
Beijei seu rosto recém barbeado, ficando na ponta dos pés e sorri.
- Acredite, eu amo você – confessei – mas estou cansada demais disso Harden – eu disse apontando ao nosso redor – eu só quero a minha cama.
- Você nem montou a sua cama ainda – Harden implicou.
- Então eu quero o meu colchão recém-saído do plástico e meus cobertores com cheiro de guardados, mas isso aqui – apontei novamente para a festa ao nosso redor – isso aqui não é para mim Harden.
Harden suspirou, mas não insistiu, ele já me conhecia tempo o suficiente para saber que eu não costumava me divertir em lugares como aquele. Eu tinha meus motivos para fugir de festas como aquela e embora nem Harden, nem ninguém soubesse, ele me respeitava.
- Tudo bem bonita – ele disse pegando o casaco – vou leva-la para casa.
- Não! – Insisti – fique você. Você adora festas e já faz um tempo longo que você não aproveita uma. Hum. Aproveite bonitão. Daqui uns meses vamos estar enfiados em Angola novamente e o máximo de diversão eu você vai conseguir é jogar pôquer com o Deverro.
- Argh – Harden brincou.
- Então. Aproveite! Eu me viro, Harden. Eu chamo um taxi assim que estiver na rua. Não deve demorar para passar um taxi aqui.
- Promete que não fica andando por aí sozinha? – Harden pediu – prometo se você prometer que vai se divertir muito, por nós dois.
Harden sorriu, enquanto corria os dedos pelo meu rosto.
- Sabe o que eu queria Lis? – Ele perguntou – queria entender quem quebrou isso aqui – disse sinalizando o espaço do meu coração.
Engoli em seco sem conseguir dizer nada. Eu nunca dizia nada. Eu nem sabia se conseguiria dizer algum dia.
- Muitos anos vendo a maldade humana de perto, Hard – eu disse – isso quebra qualquer pessoa.
Não era mentira, mas também não era toda a verdade. O que Harden não sabia era que eu já estava quebrada quando decidi ser médica. Eu havia decidido pela medicina porque queria ser capaz de consertar um pouco da maldade humana. Eu queria saber que poderia fazer pelas pessoas o que ninguém tinha feito por mim.
Harden beijou minha testa com carinho – ele não estava convencido com a minha explicação genérica, mas depois de tantos anos de amizade, ele já tinha aprendido que não adiantava me espremer. Quanto mais me cutucavam, mais eu me fechava. Devolvi o beijo em seu rosto e segui para a saída.
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Tão Minha
RomanceO LIVRO FICARÁ COMPLETO ATÉ O DIA 26/06- Depois disso somente degustação!!! Terceiro Livro da Série Homens de Roterdã ***Este livro pode ser lido sozinho, sem que haja perda no entendimento da história*** As vezes nem todo o amor do mundo...