3º Capítulo

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Explico tudo pra ele por telefone e ele me promete que vai vir no dia seguinte, ele não vem. Fico extremamente triste por isso. Ele me liga a noite e pede desculpa, eu digo que aceito. Diz que teve problemas na empresa e que não deu pra vir aqui, me prometeu mais uma vez que viria no dia seguinte e dessa vez ele cumpriu. Minha mãe não gostou da ideia de eu ir pra lá, mas eu disse que iria ela gostando ou não. Vi o começo de um sorriso em Henry, mas deve ter sido coisa da minha cabeça.

Ele vai pro meu quarto junto comigo e me ajuda a arrumar as malas, até que ele não é ruim.

- Leva mais vestidos, é melhor pra trocar do que shorts ou calças. - Ele pega meus vestidos, até os mais ''chiques''. Minha mãe sobe com uma bandeja de café e pães. Henry dispensa, eu não. Tem quatro pães aqui e eu como todos. Eu passo pasta de grão de bico. Minha mãe pode ser chata, mas é uma ótima cozinheira. - Você vai engordar comendo desse jeito.

- Seria bom. Sou muito magra.

- Acho que você está bem assim, nem mais nem menos. - Paro de mastigar na hora. Oi? Ele pigarreia e diz: - Bem, as roupas estão todas nas quatro malas desnecessárias aqui. - Reviro os olhos. - Para de revirar os olhos, é irritante. - Reviro os olhos de novo. - Mia, você vai ficar na minha casa, devemos tentar nos dar bem.

- Seja um pouco mais legal. Você tem trinta e quatro anos e age com um velho de oitenta anos porra! - Ele rosna, sério. O. CARA. ROSNA.

- Não fale palavrão. Eu odeio isso.

- Não seja velho, eu odeio isso. - Sorrio de boca fechada porque estou cheia de comida na boca.

- Você não age de acordo com sua idade. - Reviro os olhos.

- Nem você.

- Ok vamos parar. Tem algo mais que precisa pegar? - Deixa eu pensar: sabonete lá tem, toalha eu sempre pego as minhas, digo isso pra ele. Calçados ok. Oh uma coisa importante: absorvente. Eu coro e ele me pergunta por que estou corando.

- Bem, é que eu preciso de absorventes. - Ele não ri do meu embaraço. Digo a ele onde está e quando ele abre essa parte do armário, ele arregala os olhos.

- Caramba! Você tem hemorragia ou o que? - Coro mais ainda.

- Minha mãe faz estoques. - Quero enfiar minha cara no chão.

- Porque você nunca trabalhou?

- Desde pequena eu fui superprotegida pela minha mãe de um jeito ruim. E quando cresci eu arrumava as merdas que meu irmão Finn fazia, então não tive tempo. - Ele rosna de novo.

- Sem palavrão Mia. Sem palavrão. - Reviro os olhos. - Nossa senhora! - Ele aperta os olhos.

- Não fale da mãe de Jesus. - Digo com falsa indignação.

- Você é muito chata garota! Vou ter que ter muita paciência pra lidar com uma pessoa como você. - Todos dizem isso. - Você deveria ter aulas sobre bom comportamento. - Isso machucou.

- Você deveria ter aulas sobre como não atropelar pessoas. - Ele olha de cara feia pra mim e eu olho de cara feia pra ele.

***

A casa do Henry é imensa. Pergunto quantas pessoas vivem aí e ele diz duas: ele e a governanta. Bem, agora vão ser três contando comigo. Henry contratou uma enfermeira home care. Ele disse que a governanta - que se chama Rosália - tem certa idade e não pode carregar peso, por isso uma home care. Tudo é grande nessa casa porra! E tão... organizado. Até a sujeira daqui deve ser limpa! Eu ainda estou na cadeira de rodas porque meu pé tem que ficar pra cima, mas o médico disse que logo eu vou andar de muletas, aí não preciso mais de ajuda. Ele me leva até a sala e o motorista – desculpa - motorista e segurança pega as minhas malas. O certo seria eu ficar no quarto da governanta que fica no primeiro andar, mas ele disse que não iam caber minhas coisas. Cuzão. Então fui obrigada a ir pro segundo andar. O quarto dele é em frente ao meu, fico mais aliviada porque ele disse que a enfermeira não vai dormir aqui, só vai ter um turno de doze horas. Seria estranho um desconhecido dormir no mesmo quarto que eu.

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