Cap.6

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*Dois dias depois*
Até agora não acredito que a minha tia morreu e eu ainda não consegui arrumar um pensamento sequer.Não trabalhei esses dias por conta do luto,mas amanhã terei que voltar ao trabalho.De onde tirarei força? Como vou fazer pra recomeçar? Eu tenho que recomeçar agora né? Vai ser tudo diferente e não sei como fazer pra essa dor cicatrizar. Não tive coragem nem de sair de casa ainda,imagina pra encarar o mundo?
"Calma Maria Júlia,você sempre foi forte,decidida,você vai superar." Digo para mim mesma.
Meus pensamentos dolorosos são interrompidos por batidas na porta,prefiro fingir que não estou ouvindo não quero ver ningúem.Cubro-me com o edredom e me encolho na cama desejando sumir por um tempo.
Novamente ouço batidas na porta,encaro-a e ela se abre devagar,dando espaço para o rosto do Isaac aparecer.
-Posso entrar?-ele pergunta forçando um sorriso meio de lado.
Aceno a cabeça negativamente,tudo que eu menos quero é brigar com ele agora.Mas mesmo assim ele entra.
-Você é teimoso!-resmungo baixinho,e ele se senta ao meu lado.
-Aprendi com você.-ele diz e fica mudo me olhando.
Passam-se uns dez minutos e o Isaac ainda está ao meu lado sem dizer nada.
-Qual é Isaac? Não preciso de estátua no meu quarto não!-Falo encarando-o com cara brava.
-Tem razão,seu quarto é muito bonito do jeito que tá.-ele diz observando os detalhes do meu quarto,o que ele quer hein?
Essa é primeira vez que ele entra no meu quarto,tenho bom gosto,meu quarto é lindo,todo vermelho e branco,com um filtro dos sonhos decorando a porta,uma cama de casal,e um guarda roupa que toma uma das paredes toda,tem também minha mesinha onde trabalho,que é coloridinha,cheia de livros cds e um retrato da minha mãe.
-Fala logo o que você quer!-digo com a voz um pouco triste.
-Vim te chamar pra comer,você não tá se alimentando direito esses dias,fiz um estrogonofe,sei que você gosta.-ele diz colocando um pouco de animação na voz ao falar da comida.
-Tô sem fome,e também sei que você não sabe cozinhar.-digo olhando pra ele que me encara um pouco.
-Na verdade comprei em um restaurante.-ele diz passando a mão entre os cabelos meio sem jeito.
-Sabia! Mas não quero mesmo,obrigada.-Eu amo estrogonofe,mas a morte da minha tia me deixou sem vontade pra nada.
O Isaac me olhou e deu uma piscada enquanto saiu do quarto.Continuei deitada do mesmo jeito,olhando pro nada.Uns cinco minutos se passaram e logo o Isaac apareceu de novo no quarto segurando uma bandeija com um prato e um copo de suco,o cheiro era irresistivel.
-Toma,senta e come!-ele disse com voz autoritária.
-Falei que eu não queria-disse enquanto cobria o meu rosto com o edredom para não olhar para ele que puxou o edredom e respirou fundo como se estivesse sem paciência.
-Você tem que comer Majú,senta ai e para de agir feito criança.
Ele tem razão,eu não posso ficar assim pra sempre,uma hora ou outra a gente tem que se acostumar com as partidas.E fugir dos problemas não vai fazer com que eles sumam .Sentei na cama e o Isaac entregou-me a bandeija,no começo comi meio sem vontade,mas o estrogonfe estava uma délicia e eu devorei tudo.O Isaac estava deitado na minha cama com o fone nos ouvidos ,como ele é folgado ,mas eu não quis reclamar com ele,afinal estava sendo legal.
Coloquei a bandeija em cima da mesinha e sentei na cama,observando o Isaac,e ele também passou a me olhar.
-Você sente falta dela?-perguntei referindo-me a minha tia.
-An?-o Isaac perguntou tirando os fones do ouvido.-Não ouvi-concluiu.
-Você sente falta dela?-perguntei novamente.
-Claro que sinto!-ele disse levantando-se e sentando de frente pra mim.
-Ela deve tá em um lugar melhor né?-digo enquanto uma lágrima cai.
-É,Majú,e eu tenho certeza que ela gostaria que você seguisse em frente,digo,ficar se lamentando não vai mudar nada,você é tão jovem,bonita,decidida.E também é um pouco marrenta mas,eu vou tá do seu lado,apesar da gente nunca ter se dado muito bem.-O isaac disse enquanto segurava e acariciava minhas mãos.Talvez ele não seja tão idiota quanto eu imaginava.
O abracei instintivamente,nunca pensei que sentiria vontade de abraçar esse cara.Ficamos assim abraçados por um bom tempo.
Quando nos afastamos o Isaac passou o dedo polegar abaixo dos meus olhos enxugando uma lágrima.
-Quer pudim?-ele perguntou dando um sorriso fraco.
Balencei a cabeça afirmativamente.
Eu amo pudim,amo doce,o açucar me da um pouquinho de alegria.O Isaac foi na cozinha e voltou com o com pudim,comemos enquanto ele ouvia música .
-É falta de educação,não perguntar se quero ouvir.-falei rindo um pouco.
-Desculpa,vou colocar uma pra você!-ele disse e me entregou um lado do fone.
Tocava Charlie Brown Júnior.
AQUI ESTOU NA DIFÍCIL MISSÃO DE LEVAR A VOCÊ UMA MENSAGEM QUE POSSA SER,COMO UMA LUZ OU UM MANTRA,NÃO SOMOS MAIS CRIANÇAS,UM DIA ACONTECE A GENTE TEM QUE CRESCER,TEMOS QUE ENCARAR A RESPONSA,DIFICIL NÃO LEMBRAR DO QUE NUNCA SE ESQUECEU,FÁCIL PERCEBER QUE O MEU AMOR É SEU.

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