Capítulo 19

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Matt acima ⬆

Abro os olhos e vejo tudo branco. Eu morri e tô no céu? Eu sei que sempre fui uma boa menina, com certeza iria para o céu. Ledo engano, logo o demônio se materializa a minha frente e esse (ou essa) tá com uma seringa na mão.

- Não chegue perto de mim com esse negócio. - aviso a mulher  meio redondinha com cara de má. Tento levantar, mas sinto uma dor na minha cabeça e uma pontada no meu braço. Vejo que tem uma espécie de mangueira fina no meu braço e um líquido vermelho passa por ela e na minha cabeça tem uma faixa. Arrancaram meu cérebro e estão me drogando com esse negócio vermelho, o inferno é pior que pensei. Sinto uma leve tontura e tudo fica confuso.

- Não vai doer nada. - Ela vem se aproximando de mim.

- Sai de perto de mim Satanás! - faço uma cruz com os dedos. - Se você tentar encostar esse negócio em mim, eu garanto que vou enfiá-la em um lugar que vai doer mais em você do que em mim. - Ela me olha com os olhos arregalados.

- Você bateu a cabeça, não está falando coisa com coisa. Isso vai ajudar você a se recuperar. - Bati a cabeça? Não lembro de ter batido a cabeça, não lembro de nada. Minha mente parece está vazia.

- Espera... Por que tá tudo confuso? Eu morri e isso é o inferno? Quem é você? Porque eu não lembro de nada? - encho a mulher de perguntas e ela para e me olha com pena.

- Vou chamar o doutor. - e assim sai correndo, aproveito que estou sozinha e tiro a mangueira do meu braço pra tentar fugir, quando coloco meus pés no chão a porta se abre e um velho com um bigode esquisito entra no quarto. O inferno só tem gente estranha. Me dou conta que não é o inferno e sim um hospital, o que eu tô fazendo em um hospital?

- Não pode sair daí, Mia.

- Quem é Mia? - pergunto e sinto minha cabeça girar. Ele vem até mim.

- Você perdeu a memória parcialmente, sinto muito, mas ela pode voltar em dias, semanas ou anos. - perdi a memória? Dias? Semanas? Anos?

- Como eu vim para aqui? Por que o demônio virou mulher e queria me furar? 

- Não tem demônio, Mia. Sua cabeça deve está confusa por causa da pancada e da perca de sangue. - ele fala calmo. - Seu namorado te trouxe, você cortou a cabeça em vários lugares. Irei passar alguns remédios e a senhorita logo vai se sentir melhor. Vou mandar sua família e amigos vim aqui, eles estão fazendo uma zona no hospital. - o médico sai e em seguida a porta se abre novamente. A primeira pessoa a entrar é uma mulher descabelada e com olheiras nos olhos. Ela me abraça e olho confusa pra ela.

- Quem é você? - seu olhar é triste, mas ela responde com toda calma do mundo.

- Sou sua mãe, Mia. Lembra de mim?

- Minha mãe é uma mendiga? - Porque é o que está parecendo.

- Perdeu a memória e não perdeu o senso de humor. - Ela ri, eu não lembro de ter feito uma piada. - Estou  nesse estado, porque faz horas que estou nesse hospital esperando você acordar. - ao menos eu tenho uma mãe que se importa comigo. Ela me conta algumas coisas e eu não consigo lembrar de absolutamente nada. Alguém bate na porta e a mulh... Minha mãe vai abrir. Entra um homem alto, forte, olhos azuis, mas ele tá com as mesmas roupas da mulher redonda. Não sabia que existiam enfermeiros tão gatos.

- Não tente me furar, já ameacei a mulher que parece uma bola, vou ameaçar fazer o mesmo com você. - ele sorri, um sorriso tão lindo que me fez sorrir também. Ele não é assustador como a mulher redonda e o médico do bigode estranho.

- Vou deixar vocês sozinhos. - diz minha mãe, olho pra ela apavorada.

- Não vai, ele vai tentar enfiar aquela agulha em mim. - os dois riem e minha mãe sai, talvez ela não se importe tanto comigo.

- Eu não sou enfermeiro, Mia. - ele senta na ponta da cama.

- Mas isso é roupa de enfermeiro, aquela mulh... - ele me interrompe.

- Tive que pegar emprestado essas roupas, as minhas estavam cobertas de sangue.

- Você também cortou a cabeça e não se lembra de nada? - ele sorri ainda mais, será que ele é modelo de comercial de creme dental? Por que diabos eu lembro de creme dental e não lembro de ninguém.

- Não, ruivinha. Eu que te trouxe pra cá, o sangue era seu.

- Então você é meu namorado? Eu tenho bom gosto. - ele continua sorrindo mas desvia o olhar antes de falar.

- Não sou mais. - fala meio decepcionado, será que eu terminei com ele?

- E por que não é mais? - preciso saber de tudo que aconteceu na minha vida.

- Porque eu sou um idiota e fiz uma merda muito grande. - uh!

- Então o que está fazendo aqui?

- Precisava saber se você estava bem. - ele volta a me olhar com um brilho nos olhos, e como não tenho nada a perder pergunto:

- Você ainda gosta de mim? - ele se aproxima de mim e segura minhas mãos.

- Ah ruivinha! Quando você recuperar a memória vai voltar a me odiar, mas saiba que eu sempre... - antes dele falar, a porta se abre de uma vez e entram três pessoas. Caralho! Esses são meus amigos? Devo ter uma vida maravilhosa.
Um tem a pele morena e é gostoso pra caralho, os outros dois tem a pele clara e não ficam pra trás.

- Quem são vocês? - pergunto olhando para os quatro garotos no meu quarto. Não sei o nome de nenhum.

- Esse é o Nick, seu velho amigo. - aponta para o garoto que não tira os olhos do moreno. - Esse é o Matt, seu amigo mais safado. - aponta pro menino mais baixinho e ele sorri de lado. - Esse é o Brian, seu amigo... - o Nick interrompe.

- Seu amigo mais gostoso. - todos riem e o Brian fecha os punhos com raiva.

- E eu sou o Chris, o mais idiota de todos. - sua voz soa triste.
- Lembra de algum?

- Não, mas eu tenho amigos e um ex namorado muito gatos. - todos riem.

- Espera até ver a Luna. Ela sim é muito gata. - fala o Matt rindo.

- Vocês são meus únicos amigos?

- Não, tem o Luke que sumiu o dia todo, a Luna e o Ian, eles tiveram que ir embora. - responde o Matt.

- Não suporto ficar aqui. Vocês podem me levar pra casa, por favor. - quatro pares de olhos se fixam em mim como se eu tivesse falado um absurdo.

- Vo-você disse por favor? - pergunta o Chris, eu falei algo de errado?

- Acho que fizeram uma lavagem cerebral nessa criatura. - diz o Brian e fico sem entender o que ele falou. E antes que ele pudesse me explicar, a mulher redonda aparece.

- Eu disse que só podia entrar um de cada vez. Todos já pra fora! - A mulher saiu empurrando os quatro garotos e juro que vi o Nick apertar a bunda do Brian.
O Chris grita do corredor "Amanhã eu volto!", pelo jeito terei que ficar nesse hospital por alguns dias.

Apenas Uma Garota Diferente 2Onde histórias criam vida. Descubra agora