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" terça feira, dia 23 de fevereiro"

Me sinto mais seguro aqui dentro que lá fora.
Eu sei que a Doutora Speark não vai deixar eu ficar aqui pra sempre, ela sabe que meus surtos sao fingidos e sabe que estou bem melhor. Seu olhar atravessa minha alma com um toque de carinho e de profissionalismo, tento mostrar um pouco do meu medo para ela, deixar ciente que se eu sair lá fora, tudo irá voltar e ficar atras dessa porta, com esses lençóis azuis e a vista para a Estátua da Liberdade, onde o sol se põe devagar, me deixa mais seguro e confortável. Mas ela não me escuta, ela apenas balança a cabeça e repete em meu ouvido " nao sinta medo". Como não sentir? Eu sou um covarde.
Doutora Speaker sempre vem aqui no almoço, ela me olha e me avalia, conversa comigo por longos tempos e depois me abraça quando choro feito uma criança que perdeu o Urso em algum lugar do parquinho, eu chego engasgar com as minhas lagrimas. Speark espera me acalmar e depois dá seu sorriso meigo saindo meu quarto para atender os outros pacientes, afinal, eu não sou o único garoto que quis cometer suicídio.
Por que você quis se matar? Bom, tem certos momentos na vida que nao aguentamos mais nos seguramos. Eu imagino todos os humanos em cima de pilares enormes onde embaixo de nós nos equilibramos em um grande e profundo abismo sombriu, apenas com a passagem de ida. As vezes, você pode se desequilibrar mas sempre tem alguem pra te segurar. E se você cair? Creio que você morre. E aconteceu isso comigo, obvio eu fiquei me segurando com o dedinho em cima da pilastra, esperando que alguém me ajudasse a levantar e que juraria que nao desistiria de mim. E aconteceu.
Mas vamos começar do princípio, quando eu era apenas Troye, não O Troye.
Espero que isso mude sua vida. Se nao mudar tudo bem, apenas eu consegui me abrir para alguém.

" Sexta feira, dia 4 de fevereiro"

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