Trinta e oito

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Quando eu era mais nova,  costumava ser muito apegada ao meu pai.

Irónico, né? Uma vez que o odeio agora.

Mas acreditem ou não, ele era o meu melhor amigo antes de me abandonar. Obviamente que quando ele se foi sem dizer adeus, quando eu tinha apenas 8 anos, eu fiquei muito confusa e magoada, especialmente porque éramos muito próximos. E quando eu era pequena, o meu pai costumava dizer-me que ninguém tem realmente medo do escuro; só temos medo do que ele nos oculta. Temos medo de saber que existe algo com potencial para nos magoar, mesmo em frente aos nossos olhos e não sermos capazes de o identificar como mau ou perigoso.

Só agora é que me apercebi que a depressão não passa de uma escuridão temporária. Tudo é temporário. Amizades, namoros, por vezes até a família. Dor, raiva, tristeza, e felicidade. Agora até as tatuagens podem ser consideradas como "temporárias". Nada é realmente permanente. Memórias desgastam-se, perspetivas mudam, pessoas morrem.

Mas, continuo a dizer a mim própria que não preciso de me preocupar, isto vai passar. Eventualmente. Digo que tenho de ser paciente, mesmo que as coisas estejam uma confusão e que pareça que não há nada a fazer. Que não tenho de ficar desesperada como que estivesse a fiar, e me apetecesse atirar o fuso ao chão só porque um fio deu um nó. Que tenho de me aperceber que a depressão é com fiar, é um processo lento, onde temos de processar uma coisa de cada vez, para podermos recuperar e sair desta escuridão.

Enquanto estava a dançar no quarto de Michael- sim, no seu quarto, na sua casa, na Austrália- e a cantar e fazer coisas muito esquisitas, apenas envergando uma camisola vermelha e preta dos Ozzy Osbourne e a minha langerie, eu apercebi-me que estava feliz. Verdadeiramente feliz.

Apercebi-me do quão idiota era estar triste e constantemente querer acabar com a minha vida, quando existem tantas razões para viver. Existiam tantas coisas no mundo que ainda não vira. E eu não estava apenas feliz por causa de Michael. Eu estava feliz porque tinha cinco melhores amigos incríveis, uma mãe que nunca me irá abandonar, um trabalho que paga bem, e porque estava finalmente a tornar-me mais confiante. Eu estava feliz porque o mereço. Porque eu quero.

"This dude named Michael used to ride motorcycles, dick bigger than a tower I ain't talkin' 'bout Eiffel's." (este mano chamado michael guiava motas, tem um pénis maior que uma torre e não me estou a referir à Eiffel.)

Eu movimentei as minhas ancas ao som da música e dei uma volta, só para soltar um grito quando vi Michael encostado à porta, com os braços cruzados no peito, com um sorriso perverso estampado na cara, e com a sua sobrancelha, com um piercing, levantada.

Michael tinha ido jantar com a sua família, e não era suposto ele regressar a casa nas próximas horas- e por essa razão eu estava a dançar confiante ao som da Nicki Minaj só com uma camisola e roupa interior.

"Que vista maravilhosa," ele disse timidamente, entrando no quarto e fechando a porta atrás de si. " Sempre quis guiar uma mota, achas que devia comprar uma?"

Eu assenti com a cabeça e inconscientemente comecei a puxar a camisola para baixo, tentando cobrir o meu corpo e as minhas bochechas começaram a arder.

Ele parou a alguns centímetros de mim e eu contemplei as converse pretas que ele tinha calçado. Ele envergava as suas usuais calças pretas, a sua camisola gasta dos Iron Maiden e um boné das Vans. Ele era perto de 8 ou 9 centímetros mais alto que eu, por isso fazia-me sentir pequena.

Olhei para ele, os meus grandes olhos azuis foram de encontro aos seus verdes que se encontravam negros agora. Ele já não estava a sorrir, mas também não estava com uma expressão chateada, tinha apenas os seus lábios pressionados uma linha reta e estava a olhar-me de cima a baixo com paixão no olhar, os seus olhos estavam ainda mais negros.

Comecei a sentir-me como se estivesse a sufocar com o desejo e a tenção que estava no ar.

"Os meus pais não vão estar em casa nas próximas horas," ele informou, numa voz baixa e rouca, e sexy. Meu deus era tão sexy. Engoli em seco e mordi o lábio, tentando controlar os meus pensamentos, e ignorar o formigueiro nas minhas coxas.

"Não faças isso," ele mandou, mantendo o seu olhar nos meus lábios. Parei imediatamente de morder o lábio e olhei para baixo, sorrindo.

"És exigente quando estás excitado," falei, rindo levemente enquanto voltava a olhar para ele.

A cara de Michael ficou branca, sem qualquer emoção. Depois, ele levantou o seu olhar e soltou uma risada, começando a caminhar. Ele foi até ao seu guarda vestidos e atirou-me uns calções.

Vesti-os rapidamente, ignorando o facto de desejar que eles não me servissem tão bem.

"Queres ver um filme na minha caverna?" Ele perguntou, tirando as suas calças com alguma dificuldade. Eu fui apanhada desprevenida com a sua rápida alteração de humor, mas assenti de qualquer das maneiras.

"Sabes que eu tenho as minhas roupas, certo?" Lembrei-o, admirando as suas pernas disfarçadamente.

"Podes usá-as quando fores para casa daqui a dois dias," disse ele simplesmente, sorrindo para mim e vestindo uns calções como aqueles que ele me emprestou. Caminhou em direção da porta e abriu-a, esticando a sua mão na minha direção. "Senhoras primeiro."

"Mas-"

"Nada de mas."

Olhei para ele, admito que me sentia perfeitamente bem a usar as suas roupas, mas como é óbvio não lho iria dizer tão cedo.

Olhei para o chão e sorri. Passei por ele, e na minha melhor voz de menina, disse, "okay Daddy".

E eu juro que o ouvi a resmungar.


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Olaaaaaa

tudo bem? É SÁBADO YAYA FIM DE SEMANA!! U.U

Hoje vou fazer double update para vos compensar ;)

Até já <3

Catfish- MGC (tradução Pt)Onde histórias criam vida. Descubra agora