1 Novos amigos
Saturada de entusiasmo e alegria, não dessa euforia passageira que ocasionalmente nos acontece no
mundo, mas de um estado permanente que envolve de beleza todas as coisas que vemos e tocamos, com esse
estado de espírito apresentei-me ao departamento da escola a que fora destinada. Entrei sozinha, atravessei o
pátio e caminhei para o setor onde iria conhecer as orientações do curso que iniciaria. O pouco que sabia
desse curso deixara-me ansiosa por fazê-lo. Adentrei a sala onde iríamos ter a primeira reunião do grupo.
Passando pela porta da sala de aula, vi que muitos já haviam chegado e fui cumprimentada por todos.
Cumprimentos acompanhados de um sorriso franco e de lealdade, que eu tanto apreciava no relacionamento
com meus colegas quando estava encarnada. A sala era grande e agradável. As carteiras ou mesinhas eram
confortáveis e em cada uma havia uma placa com o nome do candidato. Procurei a minha e sentei-me,
aguardando. Logo, todos os alunos chegaram. Não conhecia ninguém, mas todos eram simpáticos, sentia-me
entre amigos, não superficialmente, mas entre aquelas pessoas em quem podemos confiar nossas questões
mais íntimas. Como é comum em todos os lugares em que a expectativa impera, grupinhos se formaram em
sadia conversação.
- Atenção, por favor!
Os três orientadores entraram na sala. Sentamo-nos e ficamos em silêncio.
- Sou Raimundo.
- Sou Isaura.
- Sou Frederico.
Os três instrutores apresentaram-se e ficaram em pé, em frente do grupo. O instrutor Raimundo nos
explicou que iria fazer a chamada dos presentes para que todos se conhecessem e, se quiséssemos,
poderíamos falar alguma coisa a nosso respeito. Que esta atitude abreviaria o conhecimento uns dos outros,
tornando-nos uma família. Sentia-me cheia de vida e emoção, voltara a fazer o que tanto gostava: estudar e
conhecer outras atividades nesta nova maneira de viver. No lar terreno, havia escutado de meus pais muitas
explicações sobre a mudança de interesses e necessidades fora do corpo físico, mas minha expectativa era
maior agora do que naquela época.
O grupo era de trinta pessoas, dezessete homens e treze mulheres. Começou a chamada, chegou a
minha vez.
- Sou Patrícia, desencarnei aos dezenove anos por aneurisma cerebral, estou há seis meses na Colônia.
Amo tudo aqui e anseio por aprender.
No grupo, era a que tinha desencarnado mais recentemente e a mais nova em idade. O outro aluno
que estava a menos tempo desencarnado estava há três anos nessa situação. A maioria estava há bastante
tempo no plano espiritual e possuía muitos anos de trabalho.
D. Isaura, senhora portadora de vastos conhecimentos sobre o mundo em que agora estávamos
vivendo e que há muito tempo trabalha orientando neste curso, deu-nos, com olhar meigo e aspecto
agradável, algumas explicações.
- Este curso é feito de três formas. Os jovens e as crianças maiores têm-no como parte do estudo do
Educandário.
Os adultos podem fazê-lo de dois modos. Os que não têm conhecimentos, fazem-no em período
maior: três anos.
Os que têm conhecimentos, fazem-no em nove meses, como é o caso de vocês aqui presentes.
Frederico e D. Isaura sentaram-se. Frederico era meu amigo e seria nosso instrutor. Fiquei alegre em
vê-lo e tê-lo por perto. Raimundo iria responder a algumas perguntas e, sorrindo, falou um pouco de si:
- Estou há sessenta anos no plano espiritual. Quinze anos administrando cursos. Em cada curso que
dou aprendo mais um pouquinho. Agora estou à disposição para as perguntas desta turma tão agradável.
Marcela foi a primeira a perguntar.
- Só conheceremos o plano espiritual através de cursos?
- Certamente que não. Muitos o conhecem pelo trabalho. Mas os cursos nos dão conhecimentos mais
amplos e completos. - Após uma pausa, nosso mestre continuou de maneira terna:6 -
- Vocês vão gostar. Primeiramente, terão aulas teóricas sobre um determinado assunto, depois terão
aulas práticas nas quais, em excursões, verão o que estudaram em sala de aula.
"Nessas excursões, não serão só espectadores, mas também atuarão. Trabalharemos onde quer que