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6 Desencarnação
Começamos a aula teórica narrando nossas próprias desencarnações. Todos, de fato, têm uma
interessante história para contar. Ninguém teve a desencarnação da mesma forma, embora seja natural e para
todos.
Narrei a minha, em poucas palavras:
- Desencarnei por aneurisma cerebral, nada vi ou percebi; para mim, foi como dormir e acordar entre
amigos. Adaptei-me logo, era espírita, e este fato ajudou-me muito.
- Veio com diploma! - Exclamou Ivo brincando. - Sabia o que ia lhe acontecer e o que ia encontrar. É
bem esperta!
- De fato - respondi -, quem tem religião interiormente e vive de acordo com o Evangelho é esperto!
O Espiritismo bem compreendido educa para a continuação da vida.
- Acha, Patrícia, que, pelo fato de você ter sido espírita, teve e tem recebido muito aqui no plano
espiritual? - Perguntou Zé, também referindo-se ao fato de Flor Azul nos acompanhar nas excursões por
minha causa.
- Zé, o Espiritismo proporcionou-me um ambiente propício para realizar-me interiormente. Segui
realmente a Doutrina de Allan Kardec, vivi o Evangelho de Jesus.
D. Isaura interrompeu delicadamente:
- Patrícia enquadra-se bem num dos ensinamentos de O Evangelho Segundo o Espiritismo, Capítulo
XVIII - Muitos os chamados e poucos os escolhidos. No item doze, que nos diz: "Aos espíritas, portanto,
muito será pedido, porque muito receberam, mas também aos que souberam aproveitar os ensinamentos,
muito lhes será dado".
Zé narrou a sua desencarnação:
- A minha desencarnação foi o máximo, é de morrer de rir. Morri de susto. Verdade! Estava bem,
pelo menos nada sentia. Um dia um amigo e eu fomos dar um passeio de carro. Ao atravessar a linha do
trem, o carro parou, enguiçou e nada de pegar. Nisso o trem vinha vindo. Meu amigo correu para fora do
carro. A aflição fez-me ficar parado. Meu amigo gritou para que eu saísse e, como não saí, ele voltou e tentou
de novo fazer o carro pegar, até que pegou, e saiu um segundo antes que o trem passasse.
"'Que susto hein, Zé!'
"Nada de responder. Meu coração simplesmente parou, fazendo-me ter morte instantânea. Na
verdade, só escutei meu amigo falando, depois perdi os sentidos. Meu espírito adormeceu. Acordei sozinho,
estava caído perto da linha do trem. Não senti nada, levantei e fui para casa. Lá, uma choradeira total. Entrei
e outro susto. Vi-me no caixão. Senti-me mal e ninguém ligou. Confuso, fiquei a pensar: 'Morri? Fiquei
louco? Foi um outro sujeito parecido comigo que morreu?' Mas ninguém me via. Resolvi apelar. Na hora do
aperto, como sempre, recorre-se a Deus. Comecei a gritar a Deus, pedindo perdão e socorro. Senti ser
chacoalhado. 'Calma, Zé, que escândalo!' Era minha mãe que já desencarnara há tempo. 'Mãe' - disse