Bônus : Primeiro Natal Da Ana.

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A neve cai lá fora e me perco em pensamentos olhando hipnotizada para os flocos de neve que caem. Envolvo meus abraços ao redor de mim, mas aqui não está frio, pelo contrario, a lareira grande acesa na extremidade da sala esquenta o cômodo todo, mas é como se aquele calor não conseguisse esquentar, suficientemente meu coração. Já faz um ano que minha mãe morreu, um ano que perdi ela para sempre, e quase um ano que moro com meu pai e levo essa nova vida. Se estou feliz? Sim! Eu encontrei o amor que por anos sofri pela perda, descobri que é possível perdoar e amar. Mas toda vez que tenho que passar por algo ou alguma data comemorativa em que minha mãe sempre esteve presente, esse vazio invade meu peito.

Hoje é Natal e estamos todos reunidos na casa de Clara, minha sogra. Ouço risadas atrás de mim, me sinto mal por não poder acompanhar todos nesse momento feliz, momento em que toda a família está reunida, o primeiro Natal da nossa pequena Ana.

- Oi. - Ouço uma voz me chamar atrás de mim.

- Hey. - Olho de lado e vejo meu pai olhando para mim.

- Como está? - Ele fica ao meu lado e junto comigo, observa a neve cair do lado de fora.

- Estou bem. - Sorrio fraco. - E você?

- Estou bem. - Ele olha para mim. - Você está abatida, distante de nós e até mesmo de Urieel está noite. O que houve?

- O mesmo de sempre... - Digo e abaixo a cabeça envergonhada.

- Saudades. - Ele diz.

- Sim. E é nesses dias assim que eu sinto mais falta dela. Me sinto uma idiota e uma burra por isso. Pensei que isso iria passar um dia, ou pelo menos amenizar.

- Isso nunca vai passar. Ele é sua mãe e é normal sentir falta dela. Claro que com o passar do tempo, você se acostuma com a perda, você consegue seguir em frente. Mas em alguns dias a saudade vai bater forte, isso é normal e não te torna frágil ou idiota por isso. Te torna humana, uma filha que sente falta da mãe. Pie, - Ele me abraça. - A falta dela sempre vai estar presente em nossas vidas, mas sempre estarei aqui com você, por você.

- Obrigada por isso... - Me aconchego no abraço do meu pai e fecho os olhos.

Minha relação com meu pai está cada vez melhor. Ambos estamos correndo atrás do tempo perdido e digo que estamos conseguindo. Nunca pensei que um dia teria um abraço tão gostoso e seguro do meu pai, hoje já não me imagino sem ele, sem seu abraço, sem suas palavras e seus conselhos. Como a vida da voltas, não?!

- Vamos lá para a árvore, Andrew já quer abrir os presentes. - Meu pai sorri.

- Vamos. - Sorrio e ando abraçada com meu pai até a enorme árvore de Natal que está ao lado da lareira cheia de presentes.

Me sento no sofá ao lado de Urieel que me abraça assim que sento.

- Como está? - Pergunta ele no meu ouvido.

- Bem. - Sorrio e ele franze o cenho não acreditando na minha resposta, mas não fala nada.

- Será que eu seria um mal menino abrindo meus presentes agora? - Andrew me pergunta.

- Não, anjinho. - Rio.

- Que bom. - Ele suspira aliviado.

- Já que todos querem abrir os presentes, vamos abrir, mas que isso fique só entre a gente. - Clara fala encostada no batente da porta da sala e todos nós rimos.

- O meu é o primeiro! - Andrew diz.

Ele corre até o monte de presentes e vasculha todos procurando o seu mais importante, até que ele acha uma caixa com embrulho preto.

- Espero que seja o que desejo. - Ele diz. Rapidamente ele rasga o embrulho e fica boquiaberto. - Não acredito!

- O que é? - Urieel pergunta.

- São todos os livros de Supernatural! - Andrew quase grita. - Meus Deus, como conseguiram?

- Dei uma ajuda ao nosso pai. - Pisco para ele.

- Você é demais, Pie!! - Ele vem até mim e me abraça. - Te amo mana... - Ele sussurra baixinho pela primeira vez essas palavras me pegando de surpresa.

- Oh. - Fico boquiaberta. - Te amo meu anjinho. - Digo emocionada beijando a pontinha do seu nariz.

- Quem quer ser o próximo? - Clara pergunta.

- Pode ser eu. - Digo.

Me levanto e vou até a árvore procurando um dos presentes que comprei.

- Bom. - Começo. - Comprei presentes para todos, mas tem um que acho que é mais especial. - Digo e pego a caixinha que estava procurando. - Como vocês todos já sabem, minha vida mudou completamente em apenas um ano. Nunca me imaginei fazendo isso na frente de pessoas que, em pouco tempo, me acolheram, me amaram, me ensinaram e ficaram ao meu lado. Me sentia fora do meu lugar, mas foi aqui que me descobri e me encontrei. Tive que deixar uma pessoa partir, mas outras maravilhosas entram em minha vida para me ajudar a seguir em frente. Nunca imaginei ter irmãos, dois anjinhos que Deus me mandou para mim cuidar e amar com toda a minha alma. E hoje é o primeiro Natal da minha anjinha. Aquela que me deixa louca, que chora a noite toda se deixar, mas que a partir do momento em que fiquei sabendo da sua existência, a amei. Aquela que me teve assim que abriu seus lindos olhos para me ver.

Ando até Camila que está com a pequena Ana nos braços. Me agacho para ficar na sua altura e vejo meu anjinho dormindo calmamente no colo de sua mãe. Abro a caixinha e tiro de lá uma correntinha fina de outro com um anjinho único e delicado na mesma.

- Esse é pra você, para comemorar a sua existência nesse mundo. - Pego sua mãozinha branca e com delicadeza coloco a pulseira em seu pulso. - Te amo, daria minha vida por você e seu irmão. - Dou-lhe um beijo na testa e me levanto.

- Obrigada. - Camila sussurra assim que olho para ela e vejo com olhos cheios de lágrimas.

- Obrigada você. Por tudo. - Sussurro de volta.

Volto minha atenção para o resto das pessoas da sala e vejo que estão todos me olhando. Urieel me olha com orgulho, coisa que enche meu coração de felicidade. Meu pai, Clara e Andrew não estão diferentes de Camila.

Achei meu lugar no mundo. Achei minha razão de viver. Achei minha vida. Mesmo que tenha que deixar a pessoa que amo partir. Isso foi essencial para me encontrar, me perder... E confesso que valeu à pena me sentir perdida, sentir meu mundo de cabeça para baixo, por que foi aí que descobri que: de cabeça para baixo que é meu lado certo.

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⏰ Última atualização: Mar 01, 2016 ⏰

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