Capítulo 20 - A Grande Mentira

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APERTO o pequeno botão digital que liga a grande tela interativa na minha frente. O mundo inteiro está preso na guerra, todas as imagens mostram lugares conhecidos sendo destruídos, um deles é o palácio no qual costumávamos a viver. As pessoas em si estão silenciosas, trancadas dentro de casa e se recusando a sair. A economia, junto às indústrias, estão todas paradas, sem previsão de volta por causa dos novos acontecimentos. Os únicos que continuam fazendo seu trabalho são os jornalistas, que fazem o melhor para cobrir toda a destruição provocada pela Realeza.

A tela muda de repente para a imagem de uma repórter loira. Ela está na frente da Base Militar onde o Rei está. Logo, aparece uma foto de Kieran na tela. Então eu entendo o porquê. Finalmente aconteceu. Eu não sei como, mas ele conseguiu fazer. Eu aumento o som das caixas para que eu possa escutar.

- O Príncipe está foragido e continua sendo procurado pelo exército militar da Realeza. Nesse caso, ele provavelmente será preso e julgado por traição à coroa, e condenado a sentença de morte.

- Aleh - chamo o meu irmão, que está mais perto do que Akim.

Ele demora um pouco para chegar até mim, mas assim que o faz, parece perceber exatamente o que quero dizer à ele.

- Finalmente aconteceu, não é? - pergunta ele. - Eu sinto muito.

- Não sinta - consigo dizer mais fria do que pretendia. - Avise Akim, os soldados da Realeza com certeza vão procurar por ele aqui. A Rainha precisa ser levada para a Rússia agora mesmo, antes que eles decidam fechar o país.

Aleh volta para a sala de controle e conversa com Akim. Em breve tudo estará uma bagunça. Com o Rei morto, a Rainha sequestrada e o Príncipe preso, restará apenas a minha responsabilidade. Ocupar o lugar de todos eles.

~ • ~

Uma nave bem grande pousa no campo aberto. O único campo perto do esconderijo. Os Rebeldes estão prontos para voltar à Rússia e com eles, a Rainha guarda o medo dentro de si coberta por camadas e mais camadas de indiferença. Mas eu sei bem como ela se sente.

As pessoas começam a entrar de volta na nave, Akim leva a Rainha para dentro e acena para mim, como um sinal de até mais. Aleh e alguns dos rebeldes vão ficar aqui, fingindo ser soldados.

- Acha que vão acreditar em nós? - pergunta Aleh. - Eu sei que é uma ótima história, mas e se eles descobrirem a verdade?

- Eu espero que sim - olho para trás, onde ele está parado segurando uma arma bem grande. - Talvez eu consiga fazer que eles mudem de ideia. Afinal, o próprio Comandante deve vir até aqui.

Aleh fica um pouco mais sério.

- Mas isso não é pior? Quero dizer... Se o Comandante vai vir até aqui, ele sabe quem são seus soldados.

- O Comandante é meio exibido. Eu duvido que ele preste atenção em quem está na sua volta. E ele não pode mais ir conta mim, certo?

Aleh dá um sorriso fechado e concorda. É claro que ele deveria estar desconfiado, afinal, é o pescoço dele que está na forca. Mas o meu também está. Se descobrirem que eu estou trabalhando para os rebeldes, provavelmente eles vão me matar.

- Acho melhor voltarmos - começo a dar a volta antes que a nave parta. - Eles já devem estar a caminho do esconderijo, se não estivermos lá, pode ser um problema.

Aleh se junta a mim, assim como os outros rebeldes, assim que cada um se despede do outro grupo. As pedras e a grama estalam a medida que nós andamos pelo caminho. Agora que a nave se foi, não ouvimos mais o som das turbinas e a floresta parece ainda mais calma e tranquilizante do que antes.

A Princesa - A Princesa Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora