Capítulo 12 - O Treinamento

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SIGO atrás de Kieran por todo o caminho até a nave que nos aguarda. Tudo o que sei é que preciso treinar junto com ele para resolver todos os problemas que irão acontecer daqui para frente.

- Por quê eu preciso ir? - pergunto a ele.

- Porque é melhor assim. Você também precisa ter todo o treinamento. Vai que por algum motivo eu tenha que ser retirado do poder.

Olho para ele com o meu melhor olhar de repreensão. Mesmo com toda essa história ela continuava fazendo piadinhas.

- Isso não foi engraçado, Kieran.

Chegamos ao grande jardim onde a nave nos espera. Entramos e nos sentamos em nossos lugares.

- Gostaria de pedir a ambos para colocarem os cintos de segurança, com os ataques constantes é preciso tomar medidas mais seguras - diz um dos soldados da Realeza.

Prendo as fivelas do cinto de segurança. A nave saí do chão. Observo que todos os guardas estão usando armas nas mãos. E não armas pequenas e sim bem grandes. Armas de destruição de moléculas, ou seja, não havia como sobreviver. Me viro para Kieran.

- Espero que você nunca seja atingido por uma dessas.

- Por quê? - pergunta ele curioso.

Ele deveria estar brincando é claro. Ele é o Príncipe e devia saber sobre as armas que estão no arsenal.

- Você sabe que tipo de arma é essa, certo? - pergunto.

Ele parece confuso.

- Na verdade não. Nunca fui muito bom conhecedor de armas. Eu prefiro facas, arcos e coisas assim. Armas silenciosas.

- Você precisa mesmo se atualizar. Eu pensei que você sabia de tudo, você já teve treinamento militar antes.

Ele olha para mim com a maior calma.

- Louise, você foi treinada para ser um soldado, não eu. Só me treinaram para me defender na hora certa. Sem ofensas, eu nasci pra ser Rei.

- Que humilde! - debocho.

Durante todo o caminho até a Base Militar nós não falamos muito. Não é como se pudéssemos falar sobre qualquer coisa. Ainda mais quando a maior parte dos assuntos eram sobre atacar a Realeza.

~ • ~

- Isso só pode ser brincadeira - diz Kieran atrás de mim. - Como alguém pequena e raquítica como a Louise é capaz de atirar melhor do que eu?!

- Ei! - protesto.

Ele anda em minha direção e toma a arma da minha mão.

- Eu juro que vou fazer melhor - diz ele mirando no alvo de metal.

A sala de treinamento das Bases Militares eram quase todas padronizadas, então não era muito diferente do que conheci nas Instalações. A sala era toda branca e muito bem iluminada, com pequenas cabines de vidro e metal separando as pessoas. E na frente das cabines tinham alvos de metal onde eles colocavam espécies de almofadas com alvos vermelhos para atirar. Eles nos deram armas bem pequenas, com balas normais e nada muito interessante. E mesmo assim eu vencia Kieran.

- Isso é incrível - diz ele com ironia. - Eu mal consigo matar esse desenho. E se minha vida depender disso? Onde estão as facas e os arcos?

- Desculpe Vossa Majestade - disse um dos soldados ao lado - mas creio que um arco pode ser muito pouco viável para carregar por aí e a faca às vezes é muito inútil.

- Talvez você devesse mesmo me deixar tomar seu lugar - digo para ele. - Pelo menos eu consigo atirar.

- Ha ha ha! - ele ri ironicamente e volta a carregar a arma.

~ • ~

- Bom, senhores, aqui vocês vão aprender a lidar com as naves - diz um dos instrutores em frente as naves militares. - Muitas vezes é melhor fugir e ter uma chance de salvar o seu país do lado de fora do que ficar, lutar e morrer do lado de dentro.

Ele para em nossa frente. Na verdade ele não é muito diferente dos instrutores que eu tive, sempre autoritário e não se importando muito com o que a Realeza pensa.

- Essas belezinhas - ele aponta para as naves - estão equipadas com ótimas armas, que foram feitas para matar e derrubar qualquer coisa. Essas naves são novas e nunca foram vistas pelos rebeldes ou por qualquer outro país. Elas são seguras.

Tento não olhar para Kieran apesar de querer muito dizer com os meus olhos um certo agora eles viram. Mas me segurei. Ninguém pode desconfiar de nós.

- Agora, me sigam - diz o homen.

Vou atrás dele, mas não sem antes dar uma olhada por cima do ombro para analisar a expressão de Kieran. Ele sempre foi o rei não-sinto-nada então ninguém poderia dizer pela sua falta de interesse que ele é realmente um rebelde. Entramos no espaço metalizado do interior da nave onde a mesma base redonda de controle ocupa a frente da grande janela de vidro.

- Como vocês já sabem, para pilotar uma nave você precisa dessas pequenas luvas sensoriais - ele as mostra, são pequenas e pretas, ninguém poderia dizer que é um controle - que vão te ajudar a controlar a direção da nave, como um volante. Mas também é preciso que a nave reconheça sua voz e as palavras chaves que vocês recebem, sem isso você é um anônimo, um rebelde.

Ele joga as luvas de volta na bancada de controle.

- Antes, isso podia acontecer com naturalidade, mas agora os engenheiros estão organizando novas formas para driblar os roubos as naves e armamentos.

- Como? - pergunto.

- Não me pergunte - diz o homem com um sorriso - sou apenas um soldado e não projeto naves.

- Você é um piloto, - acuso - deveria saber tudo sobre naves, inclusive as novas.

O soldado tenta não parecer ofendido.

- Isso não vem ao caso, Princesa. Vamos ao treinamento. Quem vai começar?

- Acho que Kieran deveria começar - sugiro.

- Okay - diz Kieran indo para a frente da nave.

Assisto enquanto Kieran coloca as luvas pretas e começa a ligar a nave. Mas consigo ver algo de suspeito nos Soldados que nos treinaram hoje. Não somente o piloto, mas vários outros simplesmente não tiveram respostas para nenhuma das minhas perguntas. Eles só podiam estar escondendo alguma coisa. E o pior de tudo é que a essa altura eu não poderia as responder.

A pior parte é que a Realeza está abrindo os olhos para os Rebeldes e estão construindo novas armas e novas naves. Ao que tudo indica, eles estão planejando acabar com os rebeldes. Ou será que existe uma ameaça maior do que imaginamos?

A Princesa - A Princesa Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora