Quinta Parte (Final)

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Quando Elizabeth acordou no dia seguinte ao casamento de Jane e Bingley, recordou-se de ter sonhado estar casada com o sr. Darcy. Imediatamente ficou apreensiva, sentindo um nó no estômago, e sentou-se abruptamente na cama. Aconteceu novamente. Lembrou-se então dos eventos reais do dia anterior. O sr. Darcyviera a Longbourn para o café da manhã em comemoração ao casamento. Havia sido embaraçoso e constrangedor. Ela esperava evitá-lo o máximo possível, mas ele fora educado e atencioso com ela.

Suspirou aliviada e caiu de novo sobre o travesseiro – desta vez havia sido realmente apenas um sonho. Em novembro ela não tivera outra recordação do baile em Netherfield além da inexplicável lembrança, aparentemente compartilhada pelo sr. Darcy, de que todos acreditavam que ela fosse sua esposa. Agora ela se lembrava dos eventos de ontem, e no sonho era como se ela estivesse realmente casada com ele. Em novembro ela sabia que não estava. Desta vez era diferente. Desta vez havia sido apenas um sonho – sem sombra de dúvida provocado pelo fato de ela tê-lo visto no dia anterior, depois de dois meses.

Ela se levantou e encaminhou-se à penteadeira para começar o dia, enquanto os acontecimentos do sonho passavam por sua mente – a rosa que ela dera a ele, a pétala que ele dera a ela. Ao se sentar, fitou a caixa de lembranças. Balançou a cabeça e olhou para o espelho tentando ignorar a caixa, mas foi inútil. “Eu tenho que acabar com isso de uma vez por todas,” disse para si mesma, “Não ficarei sossegada enquanto não provar que não há nada aí.” Abriu a caixa e ali, junto à rosa murcha de novembro, havia uma única e fresca pétala branca de rosa. Ela prendeu a respiração, pegou a pétala e olhou-a fixamente por um momento, dizendo, “Não pode ser!”

Aquilo estava além de sua compreensão! Começou a pensar mais atentamente em tudo o que havia se passado no sonho. Ela estava casada com ele, havia sugerido que estava grávida e o beijara! Mas ele resistira, não quis beijá-la e disse que ela entenderia o porquê no dia seguinte. Ele sabia. Ele soube que não estavam casados no sonho, exatamente como ela soubera em novembro. A única diferença era que ele tivera o benefício da experiência anterior. Ela se lembrava de que em novembro ele parecera recordar-se dos fatos reais do baile em Netherfield, enquanto que ela só se recordara dos eventos do sonho. Acontecera novamente – e desta vez a experiência havia sido inversa, mas por quê?

O que motivara o sonho? Lembrou-se da noite anterior ao casamento de Jane, olhando pela janela, tão feliz de que sua irmã tivesse encontrado o verdadeiro amor, perguntando-se se algum dia encontraria algo semelhante, se conseguiria se casar por amor.

Sabia que o casamento de Jane lhe permitiria conhecer um número maior de homens do que lhe seria possível se permanecesse no campo, e homens mais importantes do que os que conheceria se estivesse na capital com os Gardiners. Mas seria capaz de amar algum deles? Será que algum deles a amaria o suficiente para escolhê-la, apesar de sua situação? Foi quando pousou o olhar em uma estrela cadente e pediu que um dia encontrasse o verdadeiro amor. Elaprovocara o sonho. Ela fizera aquilo acontecer. Mas certamente esta não poderia ser a resposta àqueles pensamentos melancólicos, amor verdadeiro com... o sr. Darcy?

Percebeu que, se ela fizera aquilo acontecer agora, com seus pensamentos, então ele deve ter feito aquilo acontecer em novembro. O pedido dele deve ter motivado tudo. Seu pedido à estrela. Recordou-se das palavras dele no sonho de ontem, Eu pedi você, Elizabeth. Mas ele teria que ter feito o pedido antes do baile em Netherfield. Seria possível que ele estivesse realmente apaixonado por ela, que já o estivesse na ocasião? Ela se deu conta de que, durante o sonho do dia anterior, ele havia revelado qual fora seu pedido, consciente das reais circunstâncias.

Ela se recordou das palavras dele durante a última conversa que tiveram em novembro, quando ela salientara que não simpatizavam um com o outro. A senhorita se antipatiza por mim? A surpresa dele havia sido sincera. E no sonho da noite anterior ele a lembrara de que ela se antipatizara por ele. Mas ela declarara e tivera sentimentos diferentes. E o que ele havia dito? Espero que se lembre disso amanhã. Seria possível? Suas palavras e ações pareciam indicar que ele nutria sentimentos por ela, embora não os houvesse declarado. Porém, ele haviadeclarado seu amor no sonho de novembro, e no de ontem ele beijara a pétala de rosa antes de entregar-lhe – totalmente consciente da realidade da situação.

Vislumbre || Orgulho E PreconceitoOnde histórias criam vida. Descubra agora